A arte de recusar um original (Rocco, 144 pp., R$ 25 – Trad.: Pedro Karp Vasquez), do escritor Camilien Roy, é um bem-humorado ensaio de ficção sobre 99 possíveis cartas de rejeição de editoras de um original enviado por um autor iniciante. O autor revela como uma crítica pode destruir os sonhos de um animado e esperançoso escritor. Não existe autor que não tenha sido recusado ao menos uma vez e existem milhares que o foram dezenas de vezes. Existem inclusive recusas que se tornaram célebres, como a de Em busca do tempo perdido, de Marcel Proust, por André Gide – erro que ele passou o resto da vida se penitenciando por ter cometido. Roy imagina diferentes respostas negativas de editores ao original recebido: há a do editor frustrado e desiludido que não aguenta mais receber romances ruins; o preguiçoso, que sequer lê o que lhe mandam, mas já o recusa de pronto; o furioso, que agressivamente dispensa a obra do pobre escritor; o analítico, que se perde em muitas linhas para uma simples negativa; e o paternalista, que diz não, mas tenta impedir o destinatário de desanimar na carreira literária.