Memórias do abade de Choisy vestido de mulher (Rocco, 160 pp., R$ 24 – Trad.: Leonardo Fróes) conta as aventuras vividas pelo jovem François-Timoléon de Choisy (1644 - 1724), um abade travestido, fazendo-se passar por uma grande dama e dando prazeres às suas namoradinhas em plena França do século XVII. O livro é uma das mais conhecidas obras do autor francês, decano da Academia Francesa, à qual pertenceu por 38 anos. Este personagem libertino e anômalo, precursor do Marques de Sade, que reconta suas memórias picantes já na terceira idade, é mais um precioso título da coleção Avis Raras, que reúne livros raros. Em sua mocidade, Choisy viveu como madame de Sancy e condessa des Barres. Durante esse tempo, o jovem gostava de usar trajes femininos e embelezar-se. Penteados, vestidos finos, joias e maquiagem davam enorme prazer a Timoléon, que, como filho mais novo, estava destinado à vida religiosa. Ele foi nomeado abade aos 19 anos. Em suas memórias, Choisy esclarece as razões do travestismo que o levou a tantas aventuras picantes. Ao vesti-lo como menina desde a infância, a mãe o teria submetido a um processo planejado de feminilização, para assim transformá-lo no melhor amigo do irmão mais novo de Luís XIV, que foi deliberadamente criado como mulher.