O livro Além do bem e do mal (Vozes, 216 pp., R$ 29 – Trad.: Mário Ferreira dos Santos), de Friedrich Wilhelm Nietzsche, foi escrito na mesma época em que o autor compôs Assim falava Zaratustra, sendo este anterior àquele. Em parte, pode-se considerar este livro, tanto na forma quanto na intenção, a antítese daquele. Enquanto em Zaratustra há ainda um humanismo, um derrame de bondade, em Além do bem e do mal, Nietzsche coloca-se realmente “além do bem e do mal”. Nietzsche é um autor muito comentado na atualidade, presente tanto na filosofia como na arte. Por ter sido tão mal compreendido, tão mal interpretado, – de que ele já em vida tanto se queixou, – a leitura de sua obra se torna imprescindível para permitir uma compreensão do seu pensamento e de suas experiências. O livro, segundo o autor, é, em suas partes essenciais, uma crítica da modernidade, das ciências modernas, das artes modernas, sem excluir delas a política moderna. Dou igualmente indicações do motivo do tipo contrário, que é o menos moderno possível, um tipo nobre, um tipo afirmativo.