Apesar de tratar de temas ligados à ruína e a destruição moral, Você nunca chegará a nada (José Olympio, 252 pp., R$ 33 - Trad.: Maria Alzira Brum Lemos), de Juan Benet, não deixa de trazer em si uma ponta de esperança. O autor espanhol é pela primeira vez publicado no Brasil dentro do projeto da coleção Sabor Literário. Lançada na Espanha em 1961, o livro possui quatro contos. O que dá nome à obra, escrito em primeira pessoa por um narrador chamado Juan, é a história de uma viagem feita anos antes, com um amigo. Sua narrativa entremeia tempo presente e tempos remotos – técnica também utilizada nos outros textos –, uma reflexão sobre o sentido daquela busca por não se sabe o quê. Em “Baalbec, uma mancha”, o personagem fora criado por uma mãe pouco afetuosa, que “eu poderia ter acreditado que (...) não se preocupara muito com a minha educação. Durante os meus primeiros anos pereceu me vigiar de longe (...)”. Em “Luto”, a perda da esposa é lembrada por dom Blanco todos os anos, em um ritual triste e contido. “Depois” é a lembrança dos tempos áureos de uma casa e de uma família que, agora, carece da atividade e elegância de outrora.