Prêmio anuncia vencedores
, Marla Cardoso, 13/11/2008

Foram anunciados na noite desta quarta-feira, dia 12, durante cerimônia no Museu de Arte de São Paulo, os vencedores do Prêmio Vivaleitura 2008. A iniciativa da Fundação Santillana selecionou 15 finalistas e escolheu os melhores projetos em três categorias. Em “Bibliotecas públicas, privadas ou comunitárias”, o Ônibus Biblioteca (São Paulo/SP) foi o grande vencedor. A proposta da Secretaria de Cultura da capital paulista busca promover a democratização cultural por meio do acesso gratuito a um acervo composto por livros, jornais, revistas e quadrinhos. Na categoria “Escolas públicas e privadas” o case vencedor foi o Projeto de Leitura Bibliotecas Escolares: Palavras Andantes (Londrina/PR), que consiste na formação de leitores em 80 escolas da rede municipal de ensino do município paranaense. Já a premiação “Sociedade: ONG´s, pessoas físicas, universidades, faculdades e instituições” foi para a Formação de Multiplicadores da Expedição Vaga Lume (São Paulo/SP). O projeto tem o objetivo de formar mediadores de leitura e responsáveis pela implementação e pela gestão de bibliotecas comunitárias em áreas rurais da Amazônia Legal Brasileira. O valor total da premiação é de R$ 90 mil (R$ 30 mil para cada um dos contemplados). Além da entrega dos prêmios, quatro iniciativas receberam Menção Honrosa durante a solenidade, destacando a participação dos estados de onde originaram-se os trabalhos de incentivo à leitura: Bahia, São Paulo e Rio Grande do Sul, além do Distrito Federal. Este ano, já em sua terceira edição, o Prêmio recebeu quase duas mil inscrições.

Categoria 1 - Bibliotecas públicas, privadas ou comunitárias

Vencedor: Ônibus Biblioteca (São Paulo - SP)

O Ônibus-Biblioteca pertence ao Sistema Municipal de Bibliotecas, da Secretaria Municipal de Cultura da cidade de São Paulo. O projeto teve início em 1930 com uma caminhonete que estacionava em uma praça do centro da cidade de São Paulo, oferecendo livros, revistas e jornais para a população. A iniciativa nasceu por sugestão do primeiro diretor do Departamento de Cultura paulistano, o escritor Mario de Andrade. O trabalho foi desativado em 1942, mas foi retomado em 1979. De lá para cá, não parou mais de promover a leitura entre as comunidades mais carentes do município. Em 2008 o projeto passou a atuar com quatro ônibus, atendendo 28 pontos fixos de São Paulo. Ano passado o projeto contava com apenas um ônibus com o qual conseguia atender sete pontos. “A frota cresceu e o projeto passou a abranger mais áreas de São Paulo, nas zonas Norte, Sul e Leste, priorizando as regiões da periferia, onde o acesso à cultura é sempre mais difícil”, diz Maria Zenita Monteiro, responsável pela iniciativa. Em cada ponto dos itinerários de leitura os ônibus estacionam para oferecer os livros à comunidade, para consulta ou empréstimos, e promover pequenos eventos, como encontros com autores, narração de histórias e apresentação de peças de teatro. Em cada ônibus cabem quatro mil livros. O acervo total do projeto é composto por 130 mil exemplares. Um ônibus beneficia em média 60 mil pessoas por ano. “Foi uma surpresa vencer o Vivaleitura, pois o nível dos finalistas é muito alto”, disse Maria Zenita na cerimônia de premiação. Segundo ela, a meta do projeto é seguir ampliando sua área de cobertura, com foco, sobretudo, na Zona Sul da cidade. “É a maior região da capital, e a que possui menos instrumentos de cultura”, explicou Maria.

Categoria 2 - Escolas públicas e privadas

Vencedor: Projeto de Leitura Bibliotecas Escolares: Palavras Andantes (Londrina - PR)

O trabalho acontece na rede municipal de ensino de Londrina, voltado para a formação de leitores nas escolas. Criado em 2002, o projeto tem quatro focos de atuação: formação continuada dos professores, realização semanal da Hora do Conto, reestruturação arquitetônica e pedagógica das bibliotecas escolares e ampliação dos acervos. O diferencial da iniciativa é a formação dos mediadores, que fazem a ponte entre o livro e o professor. A formação é feita por meio de cursos mensais, desenvolvidos pelo próprio projeto. Até o momento, 135 mediadores já foram formados, beneficiando mais de 30 mil alunos da rede de ensino pública de Londrina. Segundo Rovilson José da Silva, responsável pelo projeto, o trabalho mostrou que não basta exigir que o professor seja um mediador da leitura. “Para criar uma rede de bibliotecas escolares comprometidas com a leitura de todos, foi preciso investir em várias frentes, oferecendo serviços, formando mediadores, ampliando o acervo e cuidando da parte física das bibliotecas e escolas”. Na reformulação das bibliotecas, a iniciativa leva em conta a ergonomia do ambiente de leitura e com a parte estética também. “O incentivo à leitura também depende de um ambiente agradável e organizado”, explica Rovilson. Mais de 70 bibliotecas escolares já foram reestruturadas pelo Palavra Andantes. “Acredito que a eleição do projeto como vencedor atesta a necessidade de uma política pública de leitura para a formação de leitores de verdade. Enquanto a biblioteca na escola não for eficiente, em seu acervo, instalações e serviços, a biblioteca pública também não o será”, disse Rovilson na cerimônia de premiação. Desde o princípio, a iniciativa vem aprimorando as estratégias para a formação de leitores nas 80 escolas da rede municipal. Em aproximadamente seis anos de atuação, ampliou os empréstimos de 72 mil para 650 mil exemplares.

Categoria 3 - Sociedade: ONGs, pessoas físicas, universidades, faculdades e instituições

Vencedor: Formação de multiplicadores da Expedição Vaga Lume (São Paulo - SP)
O projeto de formação de multiplicadores busca formar mediadores de leitura e responsáveis pela implementação e pela gestão de bibliotecas comunitárias em áreas rurais da Amazônia Legal Brasileira. É uma iniciativa que nasceu da experiência desenvolvida há nove anos pela Expedição Vaga Lume, que promoveu o acesso ao livro em comunidades onde não há materiais impressos. “Nós começamos com uma iniciativa pequena, com a idéia que não temos que reter o conhecimento e sim formar multiplicadores que possam transmiti-lo. Também não queríamos transformar o programa numa linha de produção, mas trabalhar respeitando as características e capacidades individuais”, disse Sylvia Guimarães, responsável pelo projeto. Segundo ela, muitas pessoas que nem imaginavam ter uma biblioteca perto de casa, hoje são mediadores de leitura em suas comunidades. Com a experiência, se tornaram multiplicadores, aumentando o acesso ao livro pra quem está distante das cidades. O programa já formou mais de 1600 mediadores de leitura, implantou 127 bibliotecas rurais na região e beneficiou mais 20 mil crianças. Atualmente, 20 equipes estão atuando na região. Depois de formados, esses agentes tornam-se executores diretor da Expedição Vaga Lume em seus municípios, desenvolvendo ações com as Secretarias de Educação. Na formação, os agentes freqüentam cursos e se comprometem a realizar sessões de mediação de leitura em suas localidades. Também são preparados para realizar a gestão das bibliotecas com a participação direta da comunidade, que decide sobre a organização e funcionamento dos espaços. “Isso tudo só foi possível, pois construímos uma rede de pessoas que estão envolvidas no projeto e este prêmio é um grande incentivo a todos. Tenho certeza que nosso trabalho pode inspirar outras propostas semelhantes no futuro”, afirmou.

[13/11/2008 01:00:00]