O tempo - o mais arguto dos antologistas - e um cisne singular e tenebroso - o próprio autor enquanto leitor - são os responsáveis pela seleção das páginas de Antologia pessoal (Companhia das Letras, 288 pp., R$ 39 – Trad.: Davi Arrigucci Jr., Josely Vianna Baptista, Heloisa Jahn), de Jorge Luis Borges. Feito leitor de si mesmo, Borges nos indica nessa obra algumas pegadas de seu percurso, com a agudeza e a precisão que nos acostumamos a esperar dele, e assim nos legou nesta síntese simbólica a medida que quis de toda a sua obra. Em prosa e verso, as formas breves dominam o conjunto escolhido e são peças de um mosaico que afinal nos brinda com a sorrateira imagem de Borges, o autor que quis ser todos e nenhum.