"Nunca estamos infinitamente longe daqueles que odiamos. Pela mesma razão, portanto, poderíamos crer que nunca estaremos absolutamente perto daqueles que amamos. Quando embarquei já conhecia esse princípio atroz. Mas há verdades que merecem nossa atenção, e há outras com as quais não nos é conveniente dialogar". Vencedor do prêmio "El ojo crítico" em 2004 e finalista do prêmio "Libreros de Cataluna", A Pele Fria (Planeta, 240 pp., R$ 34,90) de Albert Sánchez Piñol, é um romance incômodo que, por meio de uma aventura, confronta o leitor com as grandes questões da natureza humana: a lucidez e a loucura, a rejeição e o desejo, a crueldade e o amor ou o medo e a esperança. A formação antropológica de Piñol permeia a visão do romancista. A narrativa pode ser lida como o processo histórico de colonização, na medida em que o protagonista, tal qual um "descobridor", começa a perceber traços de humanidade no que ele via pura e simplesmente como um inimigo.