Com o lançamento, pela Editora UNESP, de Filosofia, racionalidade, democracia - Os debates Rorty & Habermas (270 pp., R$ 37), o público brasileiro tem a oportunidade de se aprofundar em um dos mais candentes temas filosóficos contemporâneos. O diálogo entre Richard Rorty e Jürgen Habermas envolve as possibilidades da convivência humana em uma época de intensas trocas culturais. O discurso da justiça e da tolerância encontra aqui uma expressão refinada da relação, crucial para a modernidade, entre conhecimento racional, ética e democracia. Os textos selecionados por José Crisóstomo de Souza dos dois filósofos mais engajados às questões culturais e científicas de nosso tempo abarcam dois momentos distintos. No primeiro, discute-se a situação da filosofia atual e o relativismo em relação aos nossos ideais éticos e políticos. Já no segundo, Rorty apresenta suas posições pragmatistas em relação à verdade, universalidade e política e se contrapõe ao "universalismo-kantiano" de Habermas. Como apêndice, aparecem três outros textos dos dois autores onde é levado adiante este confronto de posições. Discussão que mostra como são fortes as possibilidades da construção de uma "ponte transatlântica" entre o pragmatismo anglo-saxônico e o idealismo alemão e sintetiza o confronto entre as Filosofias de Apel, Wittgenstein, Dewey, Nietzsche, Heidegger, Hegel e Kant. Ambos, Rorty e Habermas, rejeitam intensamente a "barbárie irracionalista" que muitas vezes está presente na crítica ao Iluminismo e igualmente combatem as deformações autoritárias resultantes deste projeto, pensando em como realizar o ideal cosmopolita kantiano de uma federação mundial de nações baseada na solidariedade planetária.