Tá pensando que é fácil crescer?
PublishNews, 16/02/2006
No estacionamento do Internato Neusselen, para onde está sendo levado pelos pais depois de ter sido expulso de outros quatro colégios, Benjamin Lebert dá início à narrativa ágil e moderna de Muito louco (Rocco, 192 pp., R$ 25, trad.Tobias Wolkmann). Benni tem dezesseis anos e está repetindo a oitava série. Ele tem o mesmo nome e a mesma idade do autor, mas o personagem sofre de uma paralisia parcial de nascença, no lado esquerdo do corpo, descrita pela sua mãe em uma carta que deverá ser entregue ao diretor da nova escola. "Minha mãe sempre acha que o melhor é escrever. Escrever. Como se assim pudesse afastar os problemas". Benni está deixando para trás a sua casa, "a melhor casa de toda Munique"; o pai, um engenheiro graduado e bem visto na sociedade; a mãe superprotetora, médica naturalista que, inexplicavelmente, fuma e fala dos males assustadores do cigarro; sua irmã Paula, lésbica, que acredita que o único motivo dele ser mandado ao internato é para ficar livre das brigas dos pais. Com um estilo de narrativa rápida e angustiante, o leitor entra com Benni no prédio do internato que, "por dentro é ainda menos amigável do que por fora", e percorre o assoalho de madeira escura que range sob seus passos, sem saber, exatamente, se este é o verdadeiro caminho para o seu crescimento, conforme justifica seu pai, também de forma escrita, no bilhete que ele encontrou no bolso da calça: "Mas lembre-se - é o melhor para você. Continue sendo corajoso!".
[16/02/2006 01:00:00]