Schopenhauer metaliterário
PublishNews, 14/02/2006
Em A arte de escrever (L&PM Pocket, 169 pp., R$ 12), o leitor vai encontrar cinco ensaios de cunho metaliterário retirados de Parerga e Paralipomena, clássico de Arthur Schopenhauer (1788-1860). Ou seja, são textos que tratam de vários aspectos do ofício do filósofo. Em "Sobre a erudição e os eruditos", Schopenhauer desfere as mais ferinas observações sobre a sua própria classe. Em "Pensar por si mesmo", mostra como aqueles que desempenham o ofício da escrita ou do pensamento muitas vezes caem na armadilha de repetir ladainhas em vez de pensar pela própria cabeça. Em "Sobre a escrita e o estilo", o filósofo denuncia um dos mais recorrentes subterfúgios de escritores e pensadores, que é rebuscar o texto para fazê-lo aparentar ter estilo e conteúdo. "Sobre a leitura e os livros", Schopenhauer reflete sobre as benesses e os limites da leitura, e, em "Sobre a linguagem e as palavras", tece considerações acerca de como os homens utilizam-se das suas línguas nativas e acerca do aprendizado de línguas estrangeiras. Apesar de merecerem o título de "textos filosóficos", pois incitam à reflexão, chamam atenção pela verve furiosa e sagaz bem como pelo humor - também marcas personalíssimas do autor, conhecido pelo seu estilo pulsante de vida e inteligência.
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