Taxista e detetive nas horas vagas
PublishNews, 26/01/2006
No ano em que O silêncio da chuva - primeiro romance de Luiz Alfredo Garcia-Roza e estréia de seu personagem Espinosa - completa nove anos e ganha edição de bolso, surge a taxista Berenice, novo personagem-detetive, impelida a solucionar um crime por razões que nem ela entende. Em Berenice procura (Companhia das Letras, 184 pp., R$ 29), um menino de dois anos, filho de diplomata, brinca na praia de Copacabana sob os olhos vigilantes da babá. Ele tem uma das mãos ocupada com uma pá, que carrega com orgulho, e a outra entretida em recolher objetos do chão. Quando avista um morrote de areia, resolve pôr o utensílio de plástico em ação e começa a cavar, até que encontra um corpo. Esse seria mais um caso para o inspetor Espinosa - se Luiz Alfredo Garcia-Roza não tivesse decidido dar um descanso ao personagem de seus cinco romances anteriores. No lugar dele, o autor apresenta Berenice, uma taxista de 34 anos, também carioca, que corre todas as manhãs para agüentar o tranco de mais de dez horas diárias de trabalho. E é através dela que Garcia-Roza nos apresenta um submundo inóspito da Cidade Maravilhosa, povoado por habitantes de galerias de águas pluviais e esgotos, órfãos criados por travestis, e delinqüentes que vivem de furtar turistas.
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