A importância do voto
PublishNews, 14/12/2005
O voto direto e universal, que celebra a igualdade política dos homens, foi concebido pela primeira vez na França em 1848. Considerado hoje um símbolo da democracia, é surpreendente constatar a indiferença que cercou seu aniversário de 150 anos e a frágil atenção que se dá às formas de apropriação de suas práticas e às condições que as tornaram (e tornam) possíveis. Esquece-se de que, antes de se tornar emblema da democracia, o sufrágio foi objeto de todo um trabalho social e político para lhe dar forma, simbólica e material, bem como condições de ação. Com o objetivo de analisar as informações perdidas e banalizadas da história do sufrágio, O sufrágio universal e a invenção democrática (Estação Liberdade, 512 pp., R$ 59), esta coletânea de ensaios organizada por Letícia Bicalho Canêdo discute a natureza do recurso ao voto e apresenta pesquisas sobre o processo de produção das normas e instrumentos eleitorais e do seu ajustamento às práticas sociais de alguns países como, por exemplo, a Grã-Bretanha, onde o sufrágio serviu à promoção de uma nova aristocracia. Enquanto na Itália as regras eleitorais foram burladas desde cedo em benefício de outros interesses, nos Estados Unidos a população iniciou uma longa batalha em torno do voto aberto ou secreto. Já no Brasil, não há como não atentarmos para a questão do voto regionalizado, praticado como adesão a segmentos da sociedade e não como uma escolha individual.
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