Há um conjunto de intelectuais cujas obras são fundamentais para entender o Brasil contemporâneo. É possível, mas quase impraticável, pensar o Brasil sem recorrer a Caio Prado Jr., Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Holanda. Ao lado de tais nomes consagrados e presentes de modo interrupto na vida acadêmica nacional, há Oliveira Vianna, figura marcante na vida intelectual e política do Brasil na primeira metade do século passado. Estigmatizado pelos projetos políticos de seu autor e a filiação ao pensamento autoritário, sua produção hoje está confinada a análises que pouco deixam espaço para indagações mais amplas. No entanto, como argumenta Maria Stella Martins Bresciani em O charme da ciência e a sedução da objetividade (Unesp, 501 pp., R$ 59), estes intérpretes do Brasil tinham diversos pontos em comum que merecem ser trabalhados em conjunto. Em essência, encontra-se em todos eles a necessidade de criar referenciais nacionais que fossem mais adequados às nossas condições sociais do que doutrinas importadas dos Estados Unidos ou da Europa. Estabelecendo um profícuo diálogo entre a obra de Vianna com a dos grandes intérpretes do Brasil, Maria Stella faz a reflexão crítica dos paradigmas estabelecidos por eles no pensamento nacional.