Cavaleiro moderno
PublishNews, 01/12/2005
Os depoimentos parecem comprová-lo como uma espécie de protetor. Uma aparição brilhante, uma entidade fantasmagórica, surgindo inesperadamente nos becos, na periferia, ou num elegante shopping center. Ele vagueia ileso pelos caminhos subterrâneos de uma grande metrópole, enfrentando perigos em nome de um estranho senso de justiça. Apenas mais um desses malucos que habitam as ruas? Um sorriso de anjo, sim, mas - e aquele olhar? Em meio a travestis, prostitutas e pivetes, na imaginação de toda uma marginália repudiada pela sociedade, vive uma espécie de herói. Um herói humanista, que se identifica como Quixote nas mensagens enviadas de uma lan house ou de um cibercafé. Este herói pós-moderno de Paula Mastroberti em Heroísmo de Quixote (Rocco, 136 pp., R$ 34) ama platonicamente uma top-model cujo apelido, não por mera coincidência, é Dulci e busca igualmente o apoio e a amizade de um fiel escudeiro, Sancho, aqui transfigurado em jornalista - obcecado por qualquer coisa ou fato que não saiba definir ou explicar - que escreve reportagens sobre o dia-a-dia da sociedade marginal para o Virtual, um site jornalístico. Heroísmo de Quixote dá prosseguimento à série Reversões, de Paula Mastroberti, que envolve as narrativas tradicionais com a capa das sociedades pós-modernas e as contorna com novos traços enredos já consagrados no universo literário.
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