Tudo começou com o projeto "Escreva Comigo", na qual Mirna Pinsky (foto), premiada autora infanto-juvenil de mais de 30 livros, freqüentava escolas públicas paulistas e, literalmente, escrevia com alunos de quarta-série de recuperação de ciclo. Logo ela percebeu que em meio à festa da novidade e à excitação de produzir uma história, sempre havia um grupinho na classe que não tinha a mínima intimidade com as letras. Simplesmente eles não sabiam ler, não tinham idéia de como escrever e, assim, não conseguiam participar das atividades em sala de aula. O problema está longe de ser exceção. "O país inteiro dá sinais de estar se mobilizando para estimular a Leitura", diz Mirna, "mas a questão é muito maior do que 'não gostar de ler'. A questão é 'não saber ler'. Vejam esse dado: só no Estado de São Paulo, segundo o Saeb/2003, nada menos do que 379.062 alunos de 4ª série são considerados analfabetos funcionais". Chocada com a situação, Mirna criou, junto com a pedagoga Lena Bartman, pedagoga com 25 anos de experiência em alfabetização e formação de alfabetizadores, o "Ler com prazer - um projeto de alfabetização". A idéia era formar pequenos grupos de alunos que, estimulados de forma adequada, pudessem acompanhar devidamente a sua série. Eles seriam, enfim, alfabetizados. Os resultados do projeto piloto, levado a doze escolas paulistas da rede estadual em quatro meses do primeiro semestre deste ano foi excelente: dos 448 alunos avaliados 83% apresentaram progresso. Em grupos de 10 crianças (separadas por séries), esses estudantes receberam 60 horas/aula. O projeto piloto de um semestre foi financiado por uma ONG em parceria com uma associação filantrópica. A continuidade do projeto, essencial no atual quadro da educação, depende de novos parceiros. E o custo para oito meses de atendimento é de apenas 1½ cesta básica por aluno. Empresas, fundações e institutos sensíveis à responsabilidade social podem entrar em contato pelo e-mail lercomprazer@uol.com.br ou pelo telefone 11-3168-8922.