O catalão Quim Monzó, agraciado em 2000 com o Prêmio Nacional de Literatura Catalã, chega ao Brasil com O porquê de todas as coisas (Globo, 164 pp., R$ 28), obra que é considerada uma de suas melhores coleções de contos. Lançado em 1993 em seu país de origem, o livro obteve tanto êxito que um ano depois ganhou versão para o cinema, dirigida e produzida por Ventura Pons. Além disso, até 1998 ele teve 24 reimpressões e ganhou traduções para idiomas como alemão, francês, holandês e basco. É a primeira vez que alguma obra de Quim Monzó é publicada em português. A popularidade de O porquê de todas as coisas deve-se à habilidade do autor em retratar situações e personagens comuns, cotidianos, mas ao mesmo tempo insólitos, inseridos em histórias repletas de senso lógico - daí também seu título. Explorando as mais diversas possibilidades combinatórias do amor e do desejo entre homens e mulheres, ele abusa intencionalmente dos clichês para dar forma à sua crítica do ridículo do ser humano. Outro fator que contribui para sua aceitação está no não-dito, já que algumas passagens e alguns finais ficam implícitos, aguçando a imaginação do leitor. Apesar de não obedecer a uma seqüência rígida, o livro se divide basicamente em três partes. A primeira é dedicada às peripécias sexuais e afetivas dos homens. A segunda parte parodia os contos de fadas. A terceira e última parte explora os aspectos da comunicação e do ofício da escrita.