Quando fumar é politicamente correto
PublishNews, 31/07/2003
Quando os navegantes espanhóis descobriram a América, uma imagem imediatamente os surpreendeu: a de indígenas aspirando, de uma forma que prenunciava o charuto e o cigarro, a folha de uma planta mais tarde batizada como tabaco. Ao longo desses 500 anos, cercado de controvérsias, foi alvo de execrações, restrições, proibições. Mas, ao mesmo tempo, de diversos modos e em escala crescente, foi usado como instrumento de prazer e sedução, como indicador de status e, em ocasiões cruciais, como símbolo de vontade e determinação: quem pode separar Churchill de seu charuto? É essa conturbada mas fascinante viagem do tabaco através dos séculos e dos continentes que nos conta o escritor cubano Guillermo Cabrera Infante em Fumaça Pura (Bertrand Brasil, 420 pp., R$ 49). Exilado, Infante já vive há vários anos na Inglaterra e escreveu Fumaça Pura originalmente em inglês, em 1985. Mais tarde, depois do livro publicado, o próprio autor o traduziu para o espanhol. Infante assim define sua obra: "Fumaça Pura é vários livros ao mesmo tempo: uma história do tabaco que começa com o seu descobrimento, em 1492, por um marinheiro da nau capitânia de Colombo, Rodrigo de Jerez; é também uma celebração do tabaco e do hábito de fumar essa estranha folha; e, finalmente, uma rapsódia tendo como centro o charuto, mas com espaço garantido para o cigarro, o cachimbo e o rapé."
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