Depois de 22 anos no departamento editorial da Globo Livros, Sandra Espilotro deixa a editora com a sensação de dever cumprido. A ideia de ver Oswald de Andrade ser o escritor homenageado da Festa Literária Internacional de Paraty, uma de suas maiores lutas nos últimos seis anos, finalmente vingou. Na quarta, quando a festa começar, Sandra estará na primeira fila e de convidada, já que sexta-feira foi seu último dia na Globo. A exposição que o Museu da Língua Portuguesa fará este ano sobre ele, resultado de outra batalha dela, também deixa sua saída, ensaiada há um ano, mais tranquila. Entre as outras conquistas que lembra com mais carinho está o direito de reeditar, projeto ainda em fase de preparação, os 17 volumes de A comédia humana, de Balzac, negociado por ela com os herdeiros de Paulo Rónai, um dos maiores especialistas em Balzac e responsável pelas notas da edição. Os livros de Jamie Oliver também são uma herança da ex-diretora editorial a seu sucessor, bem como a obra de Carlos Guilherme Mota, recém-premiado com o Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, e Vida, de Keith Richards, que a Globo só conseguiu comprar porque a venda de 4 milhões de exemplares de Ágape permitiu a editora chegar ao leilão com mais força. O limite de idade para trabalhar na Globo é de 60 anos. Por isso Sandra saiu. “Estou avaliando algumas propostas e estou aberta a outras. Tenho 23 feiras de Frankfurt na bagagem e uma carreira muito bacana e bem construída. Quero férias, mas quero voltar a trabalhar logo”, comentou.