Em meio à crise que atinge de maneira muito severa o povo Yanomami, a indústria do livro e o mercado cultural têm criado ou destacado iniciativas de assistência, divulgado novos livros, dado demonstrações de solidariedade e também convidado autores indígenas e antropólogos especialistas para debater o tema e outras questões literárias e culturais. No início desta semana, a Editora Fiocruz, "comprometida com a visibilidade das questões dos povos originários e em sinal de solidariedade, respeito e preocupação", passou a oferecer acesso aberto os livros sobre saúde indígena de seu catálogo online. Os livros, em formato e-book, podem ser acessados por meio da Scielo Livros a partir desta página da editora. A Companhia das Letras e a Hutukara – associação presidida por Davi Kopenawa e que atua há mais de 18 anos na garantia de direitos do povo Yanomami – também se juntaram para uma campanha: na compra de O espírito da floresta, de Davi Kopenawa e Bruce Albert, todo o lucro obtido será direcionado ao fundo emergencial de apoio aos Yanomami. O livro é uma coletânea inédita de reflexões e diálogos. Ailton Krenak é um dos convidados da terceira edição da Festa Literária Internacional de São Sebastião (SP) (FLISS), que ocorre nesta semana – de 2 a 5 de fevereiro de 2023, mesclando encontros presenciais e virtuais, com curadoria da escritora indígena Trudruá Dorrico entre outros. Clique no Leia mais para ler a matéria na íntegra.

Você talvez tenha visto, em meio às “informações” que jorram aos borbotões em suas redes, a notícia de um livro infantil escrito e ilustrado por “inteligência artificial”. O fait divers dava conta do fim de semana em que um certo Ammaar Reshi usou um “gerador de textos” para compor um livro infantil e um “gerador de imagens” para ilustrá-lo. No domingo à noite, o livro já estava à venda na Amazon. Reshi seria talvez o primeiro “autor” de um livro que ninguém escreveu e que ninguém ilustrou. A tecnologia não é nova, mas parece que na virada do ano alcançou o patamar da HAL 9000 de Arthur Clarke: uma entidade algorítmica que se faz passar por humano — e o excede. O “gerador de texto” chama-se ChatGPT e é capaz de escrever instantaneamente desde receitas de bolo a tratados hagiográficos. E, sim!, pode escrever livros, no gênero e estilo que o freguês pedir. Eis um video com um passo-a-passo, do título aos capítulos ao texto; da orelha às avaliações de clientes. A capa e as ilustrações podem ser feitas do mesmo modo: um “comando” obedecido em menos de um minuto por um “robô”. Em outras palavras, o que importa agora é saber perguntar, não saber a resposta. Clique no Leia mais para conferir a íntegra desta coluna.

Depois de dois prêmios individuais em 2010 e 2015, o quadrinista francês de origem síria Riad Sattouf levou o Grand Prix do Festival Internacional de Quadrinhos de Angoulême de 2023 – a distinção é entregue a artistas em reconhimento à sua trajetória. Seu quadrinho O árabe do futuro é publicado no Brasil pela Intrínseca. O Festival ocorreu na última semana, entre 26 e 29 de janeiro, na França, e é considerado o Oscar dos quadrinhos globais. O júri ainda decidiu que o o Fauve d'Or de melhor álbum do ano em 2023 vai para La Couleur des Choses, de Martin Panchaud. "É um livro que foi concebido em Genebra há dez anos e finalizado em Zurique, onde moro. Zurique é uma espécie de encruzilhada de quadrinhos, com muitas influências", disse o autor. Apesar da forte participação na seleção de HQs alternativas, o Brasil não levou nenhum prêmio na categoria. Clique no Leia Mais para ler a nota na íntegra.

A HarperCollins EUA anunciou na segunda-feira (30) um lay-off de 5% de sua força de trabalho até junho deste ano. A decisão dá seguimento às diversas instabilidades na editora, com a greve de mais de 200 funcionários por melhores condições de trabalho, salários e diversidade na companhia. Segundo o PublishersWeekly, algumas vagas já foram eliminadas e trabalhadores já foram mandados embora. O CEO Brian Murray declarou em carta aos funcionários que “ainda continuamos em tempos de incertezas e desafios”, justificando as demissões. Além de indicar a pandemia como um dos motivos dos cortes na empresa, ele também citou menos vendas pela Amazon, problemas na cadeia de suprimentos e entregas, e os problemas inflacionários no país. Clique no Leia mais e confira a nota na íntegra.

A editora Girassol, que publica obras infantis, abriu duas vagas. A primeira é para o cargo de assistente de marketing para atuar na equipe da editora e auxiliar na operacionalização da área, relacionamento com cliente e pesquisa. É preciso cursar a partir do segundo ano de Marketing, Comunicação Social, Publicidade e Propaganda ou similar; ter conhecimento em ferramentas de automação de marketing e campanhas online; ser usuário de redes sociais e antenado em tendências sobre criação de conteúdo; ser organizado, com ótima gestão de tarefas e cumprimento de prazos. A editora considera como diferenciais os candidatos já terem produzido conteúdo em rede social com resultados comprovados; ter conhecimento no mercado editorial e ter feito cursos de extensão na área de marketing digital. As funções do cargo incluem realizar pesquisas de mercado, apoiar o time no desenvolvimento de estratégias diferentes e na gravação de conteúdo para redes sociais; fazer gestão dos perfis nas redes sociais, bem como postagens e relacionamento com o cliente; e cuidar da atualização de conteúdo no e-commerce e plataformas de venda da empresa. A contratação é PJ e o modelo é em home office. Já a segunda oportunidade é para freelancer de redação publicitária. A contratação é para um projeto de três meses para desenvolver novas resenhas com foco em vendas para 200 livros infantis e juvenis com otimização para SEO. É necessário ter formação em Jornalismo ou Comunicação Social, e experiência em redação publicitária, storytelling e copywriting. Interessados devem enviar o currículo para adrienne@girassolbrasil.com.br, informando pretensão salarial com o assunto Assistente de Marketing ou Freelancer redação publicitária.

A Publishers Association (PA) lançou nesta terça (31) um Plano de Ação e Inclusão para o mercado editorial mundial. A lista de editoras reúne – até o momento – 21 casas, entre elas grandes grupos como Penguin Random House, Hachette, HarperCollins, Pearson UK, Bloomsbury e Bonnier Book UK, que se comprometeram com o projeto. O plano tem um conjunto de dez compromissos para as empresas editoriais no período de 2023 a 2026 e se baseia no primeiro Plano de Ação e Inclusão lançado em 2017. Entre as etapas do plano estão o compromisso de desenvolver e incorporar uma política de inclusão definida e conduzida pela liderança sênior, que pode incluir a nomeação de uma pessoa que será responsável por reportar ao conselho ou comitê de gestão e coletar dados relevantes de todos os setores. Isso inclui o compromisso de preencher a pesquisa de força de trabalho da PA uma vez a cada dois anos e considerar a representação além dos funcionários diretos. Clique no Leia mais para conferir a íntegra desta nota.

No dia 18 de março de 2023, Brasília receberá o "Elas publicam – I Encontro de Mulheres do Mercado Editorial". O evento é uma imersão com produção e curadoria de Lella Malta (escritora, mentora de escrita e preparadora literária brasiliense) especialmente para mulheres que participam ativamente da cadeia produtiva do livro – seja como autora, editora, ilustradora, livreira, designer ou agente literária. A programação desta primeira edição abordará temáticas como projetos culturais e leis de incentivo à cultura, carreira literária, passo a passo para a escrita e publicação de um livro, encadernação manual, revisão decolonial e a importância das livrarias independentes como espaço de resistência. Entre os nomes confirmados estão Vanessa Passos, vencedora do Prêmio Kindle de Literatura e colunista do PublishNews, e Karina Lourenço, do comercial do PN. Clique no Leia mais, confira a nota na íntegra e o link para adquirir os ingressos.

Congressistas americanos do Partido Republicano apresentaram um projeto de lei para proibir o aplicativo TikTok de operar nos EUA. Os autores da lei são o deputado Ken Buck, do estado do Colorado, e o senador Josh Hawlye, do Missouri. Segundo os defensores da medida, a rede social chinesa é uma “ameaça à segurança nacional”. O projeto de lei pede que o setor de Inteligência Nacional entregue um relatório com as atividades do app e da empresa que o controla, a ByteDance, e ordena que o aplicativo seja proibido em território nacional. O TikTok declarou que todas as acusações são falsas e que não censura conteúdo ou fornece informações de seus usuários para o governo chinês. Nos EUA, o TikTok tem mais de 100 milhões de usuários. O aplicativo é atualmente uma das principais plataformas de marketing editorial dos livros de ficção e Young adult. Entre adolescentes e jovens, o #BookTok influencia muitas leituras e abarca os apaixonados por literatura. Clique no Leia mais e confira a nota na íntegra.

A Faro Editorial comprou os direitos de mais um livro da série “Técnicas Mortais” do autor de fantasia Rob J. Hayes. Recentemente a editora publicou seu primeiro livro no Brasil, Morrer jamais, que foi o ganhador do Booknest 2019 Award como melhor Fantasia de autor independente. Neste novo livro, chamado PAWN’S GAMBIT (ainda sem título em português), os leitores conhecerão mais uma saga épica oriental cheia de heróis, deuses, espíritos e magia. A guerreira Yuu, que quer esquecer os erros de seu passado, mas como sempre, os deuses têm outros planos. Yuu foi uma renomada estrategista e general, mas há cinco anos Yuu cometeu um erro que lhe custou tudo. Agora ela está fugindo de caçadores de recompensas que querem prende-la. Mas e se houvesse uma maneira de recuperar o que ela perdeu, uma maneira de trazer de volta um príncipe assassinado? PAWN’S GAMBIT será lançado pela Faro no Brasil em abril de 2023.

Há mais de 15 anos trabalhando com edição e revisão na literatura, Rodrigo Rosp – um dos fundadores da editora Dublinense – percebeu que, com frequência, alguém escreve um texto subversivo e inovador do ponto de vista literário – sem se ater às convenções ou à tradição –, mas mantém a preocupação de não cometer “erros” na regência verbal ou na colocação pronominal, por exemplo. Pensando nisso, ele se pôs a perguntar por que motivo o escritor se curva à gramática normativa em vez de abraçar as mudanças que acontecem naturalmente na língua falada. Essa inquietação se transformou em projeto de doutorado, e Rosp resolveu, então, fazer uma pesquisa para mostrar que há mais “desvios” da norma-padrão na literatura contemporânea do que podemos imaginar. É consenso entre gramáticos que a literatura é matéria-prima para a gramática normativa, porém o mais comum é que sejam observados apenas os autores chamados de clássicos, em vez de se verificar os textos de quem está escrevendo no século 21. No perfil do Instagram A língua muda (@alinguamuda), Rosp mostra trechos de livros dos principais nomes da atualidade – como Andrea del Fuego, Aline Bei, Jeferson Tenório, José Falero, Paulo Scott, Eliane Alvez Cruz, Carla Madeira, entre tantos outros – que contêm algum tipo de divergência em relação ao que prega a dita norma culta. Clique no Leia mais para conferir a íntegra desta nota.

Para difundir o conceito “turismo de animes”, a Japan House São Paulo (Av. Paulista, 52 – São Paulo / SP) realiza duas palestras que aproximam os seguintes universos: a cultura dos animes japoneses e as atrações turísticas nipônicas que servem de cenário para essas estórias. Em formato híbrido, a primeira palestra, Turismo de animes no Japão, ocorre logo mais, às 19h, presencialmente na Japan House ou ao vivo no canal da instituição no YouTube com tradução simultânea (Português / Japonês). O evento terá presença online de Jin Nakamura, professor associado da Faculdade de Turismo e Estudos Comunitários da Universidade ATOMI, que participa diretamente do Japão. Na ocasião, ele aprofunda o conceito "peregrinação de animes" e compartilha exemplos de atrações locais. O seminário conta com a mediação de Marcelo Del Greco, jornalista e especialista em animes e mangás e com a participação da produtora de conteúdo Mikannn, que compartilha seu conhecimento sobre o tema. Já a segunda palestra está marcada para 8 de fevereiro, também às 19h. Ao vivo do Japão, o professor Jin Nakamura se junta novamente ao Marcelo Del Greco para o seminário A cultura dos animes nas rotas turísticas. Clique no Leia mais para conferir a íntegra desta nota e saber como se inscrever gratuitamente.

Muitos descrevem os quadrinhos como uma arte narrativa onde palavras e ilustrações são combinadas para contar histórias. No entanto, é possível fazer histórias em quadrinhos sem nenhuma palavra escrita. Bully Bully (DarkSide, 224 pp, R$ 69,90), com roteiro de Yuri Moraes, criador do podcast BEN-YUR ao lado de Bento Ribeiro, e ilustrações do quadrinista Bruno Guma, é um mergulho na construção da identidade de um menino através de seus sonhos, pesadelos e desilusões acumulados em três épocas diferentes de sua vida. Os leitores são conduzidos por uma tríade de histórias interligadas em que o silêncio ecoa em nós a cada página, os dramas sensoriais narrados com um toque ácido de realismo fantástico. Experiências de vida que não representam um território e sua cultura, mas que se manifestam de forma errática e universal. Nessa obra peculiar construída por Moraes e Guma encontraremos todas as faces da solidão, as farpas do amor e as cicatrizes da violência. Um silêncio que marca na pele e nos define para sempre. Com influência de quadrinistas como Charles Burns e Daniel Clowes, autores como Neil Gaiman e cineastas como Hayao Miyazaki e Wes Anderson, Bully Bully é um quadrinho imperdível, silencioso, sobre uma infância que ainda grita.

Um grupo de amigos derrota a Morte, e as pessoas param de morrer. Agora, todos podem curtir a vida como quiser… Pular de um avião sem paraquedas, mergulhar no oceano sem equipamentos de mergulho, cair de um penhasco com a galera e ficar só com alguns arranhões. Tudo sem medo de morrer… Até que o tédio bate à porta. Como viver sem um propósito? Como continuar sabendo que não existe um fim? Afinal, por que continuar a viver, mesmo? Na HQ Morte (Conrad, 144 pp, R$ 74,90), de Carlos Ruas (Um sábado qualquer) e Guilherme Bon, primeira graphic novel conjunta dos irmãos, os autores brincam com o ciclo natural da vida e resgatam um “e se” primário: e se a morte não existisse? E se ninguém, nunca mais, fosse morrer? O resultado desses questionamentos dá origem a uma história cheia de humor, amizade e heróis da terceira idade que conquistam o leitor de imediato.

Buenos Aires, 1953. O jovem Ernesto Guevara acaba de se formar em medicina e decide empreender uma viagem por diversos países da América Latina em busca de algo que possa dar sentido a seu incipiente desejo revolucionário. Aos poucos, vamos às entranhas da Revolução Cubana e assistimos ao nascimento do comandante Che Guevara, que, após a vitória em Cuba, decidirá levar sua luta a outras terras até a morte na Bolívia, encerrando assim uma trajetória de sacrifícios e sonho que se confunde com a própria história do continente. Inspirada na obra de Jon Lee Anderson, autor de uma biografia sobre Ernesto Che Guevara, e com arte de José Hernández, este romance gráfico intitulado Che: uma vida revolucionária (Quadrinhos na Cia, 440 pp, R$ 109,90 - Trad.: Julia Codo) revive com assombrosa precisão e dramaticidade a vida de uma figura central da história do século XX. As três partes que compõem a série – "O doutor Guevara", "Os anos de Cuba" e "O sacrifício necessário" –, reunidas aqui num só volume, são um trabalho que faz jus às virtudes e contradições deste personagem que mudaria para sempre o rosto da América.

O premiado romance gráfico Estamos todas bem (Palavras Projetos Editoriais, 116 pp, R$ 61 – Trad.: Ivan Rodrigues Martin), da escritora espanhola Ana Penyas, apresenta de forma intimista a vida de duas mulheres sob a ditadura Franco e as primeiras décadas da democracia espanhola pós 2ª Guerra, explorando a vivência de uma geração cujas vidas raramente são lembradas. Misturando passado e presente, a partir da memória das avós da autora, o romance mostra, por meio de fotografias, ilustrações e colagens, o dia a dia dessas mulheres sob um ponto de vista feminista. “As mulheres da geração delas, de quem não costumamos cuidar como elas cuidaram de nós, sempre foram personagens secundárias de outras vidas: ‘a esposa de’, ‘a mãe de’ ou ‘a avó de’. Suas anedotas, suas ideias e seu mundo estão aqui neste livro, uma pequena homenagem que quer transformá-las em protagonistas”, destaca Ana Penyas no material de divulgação do livro.