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PublishNews 24/08/2015
Estamos há 50 anos, distribuindo as melhores editoras, do mercado para as livrarias de todo o Brasil
Presente no mercado há mais de 35 anos, a Vitrola dedica-se à missão de propagar a cultura e o conhecimento através da edição e comercialização de livros.
A Catavento atua no mercado de distribuição de livros para todo o país.
PublishNews, Leonardo Neto, 24/08/2015

Não raro, os colunistas do PublishNews apontam que um dos maiores gargalos do mercado editorial brasileiro é, ainda, a gestão de metadados. Em 2011, por exemplo, Camila Cabete escreveu: “publicar um livro sem metadados é como ter um filho e não dar nome ao coitadinho”. Em 2012, ao participar do debate “Dilemas e conflitos do mercado editorial”, na Bienal de SP, Felipe Lindoso creditou à falha gestão dos metadados o problema da “descobertabilidade”: “o livro brasileiro não é achado, é patético descobrir algo que você não conhece em uma livraria”. Mais recentemente, o colunista voltou ao assunto ao escrever, em março passado: “o pior é que as editoras brasileiras simplesmente mal sabem o que são metadados, não têm ideia de como incluir tags significativos do conteúdo de seus livros”. O assunto, então, deixou de ser apenas a pauta das discussões e passou a fazer as engrenagens do mercado rodarem. Do início de 2014, para cá, o PublishNews noticiou a chegada da Bookwire, que, além da distribuição, faz também a otimização de metadados, e a mudança no modelo de negócios da Digitaliza Brasil que também passou a prestar o serviço. Em 2015, noticiamos a criação da Ubiqui, plataforma que promete reduzir custos com metadados em até 70%. Mais recentemente, a Bookpartners lançou o Portal do Editor, ferramenta pela qual editores podem revisar e atualizar produtos já cadastrados no sistema da holding. Agora, para os próximos dias, duas novidades prometem dar mais força a esse mercado. É que, ainda em agosto, Eduardo Blucher promete colocar no ar o Mercado Editorial e, no dia 2 de setembro, a CBL e a MVB (empresa coligada à Feira do Livro de Frankfurt) anunciam a chegada do serviço Books in Print Brasil. Clique no Leia Mais e conheça as duas novas ferramentas.

O Globo, Carlos Andreazza, 23/08/2015

Nos últimos cinco anos, tudo no Brasil ficou mais caro. O preço do livro, não. Ao contrário: todos os custos aumentando, os insumos inflacionados e, no entanto, as editoras ainda baixando os preços. O editor também é um educador. Tem, pois, a obrigação de tornar pública a complexa cadeia produtiva que resulta no livro. Diversamente do que manifestam livros a R$ 20 ou mesmo menos, o nosso produto não é fruto de milagre materializado nas livrarias. Que se derrube o preço de um ou outro livro, isso é estratégia comercial legítima. Mas que a “baratização” seja política indiscriminada, independentemente do caráter da obra editada, isso significa investir contra o processo editorial que deságua em produtos cada vez melhores. O indivíduo que consome livros precisa ser informado — e preço informa — do conjunto valioso de ofícios que se consolida naquele produto. Precisamos também pensar no livreiro. A cada ano, afinal, sobem-lhe o aluguel, os salários, a conta de luz. Para que seu negócio sobreviva, não há mágica: ou o preço do livro é corrigido ou ele terá de aumentar o número de exemplares vendidos. Como a base consumidora não cresce, as livrarias fecham. Quantas outras terão de quebrar até que se considere um equilíbrio entre preço de venda e custo da operação? Preço fixo não é a solução. Preço é instrumento do livre mercado.

Folha de S.Paulo, Chico Felitti, 24/08/2015

Leena Lehtolainen já vendeu mais de dois milhões de livros em todo o mundo, vem à América para conhecer as traduções de sua obra para a 26ª língua, o português. "Ela nunca achou que publicaria no Brasil", diz o finlandês Pasi Loman, o agente literário de Lehtolainen e de dezenas de outros autores nórdicos no Brasil. Um levantamento da Folha mostra que ao menos 50 livros escritos por autores de Dinamarca, Suécia, Islândia ou Finlândia foram publicados nos últimos 12 meses. Em 2010, foram 18. "Acho que tenho a ver com isso", diz ele. Saído da Lapônia, veio parar nos trópicos por questões "cardíacas". Jovem, foi morar na Inglaterra. Conheceu uma brasileira e, após o casamento, há nove anos, migraram. Chegou a São Paulo para dar aulas de inglês, no ápice do sucesso da trilogia Millennium, do sueco Stieg Larsson. Mas o historiador Loman não achava outros nas livrarias. Fundou uma empresa, a Vikings of Brasil, e fez uma lista de tradutores das quatro línguas nórdicas. Foi bater na porta de editoras.

O Estado de S. Paulo, Maria Fernanda Rodrigues, 21/08/2015

O Fórum das Letras de Ouro Preto (4 a 8/11) começa a tomar forma. A coluna Babel adiantou que, entre os convidados estão a moçambicana Paulina Chiziane, autora de Niketche – Uma história de poligamia e de As andorinhas; o americano John Dinges, de Os anos do condor, e o português José Luís Peixoto, de Morreste-me. O tema deste ano será Diversidade Cultural e Liberdade de Expressão.

Valor Econômico, Joselia Aguiar, 24/08/2015

Na vitrine da Livraria Cultura, em São Paulo, um anúncio mudou a trajetória de Samuel Leon. Era 1978 e o argentino instalado havia pouco mais de um ano no Brasil estava determinado a ter um emprego fixo. Na tarde em que voltava da seleção para uma vaga no Metrô, atravessou o Conjunto Nacional e, ao parar diante da loja de livros, viu que procuravam um balconista. Ganharia metade do previsto no Metrô, mas ainda assim compensava. Mais que trabalho, teria nova perspectiva: "Estando ali, me conectaria com o mundo que me interessava". O balconista culto logo foi conhecendo, em meio à clientela, alguns dos escritores, artistas e tradutores que se tornaram próximos e constituem hoje o catálogo que reúne literatura, filosofia e psicanálise em sua editora Iluminuras, fundada em 1987, com sede hoje numa casa de dois andares na Vila Madalena.

O Estado de S. Paulo, Maria Fernanda Rodrigues, 21/08/2015

Neste ano, foram inscritas 2.575 obras no Prêmio Jabuti, um recorde, apontou a coluna Babel do último sábado. Um levantamento inédito mostra que romance será a mais concorrida entre as 27 categorias, com 216 obras inscritas. Depois aparecem capa (208), Infantil (205), Poesia (190), Projeto Gráfico (169), Conto e Crônica (164) e por aí vai até chegar a Gastronomia, com 18 títulos. Na estreante Infantil Digital, foram 40 inscrições. Uma curiosidade: os associados da Câmara Brasileira do Livro inscreveram apenas 19 livros de poema, enquanto os membros de associações congêneres apresentaram 34 obras e as editoras independentes, nada menos do que 137.

Folha de S.Paulo, Marco Rodrigo Almeida, 22/08/2015

O pequeno príncipe caiu em domínio público em 2015 e tornou-se uma mina de ouro para o mercado. No primeiro semestre deste ano, 58 versões do livro, nacionais ou estrangeiras, fiéis ou não ao original, foram comercializadas nas livrarias do Brasil, apurou a coluna Painel das Letras. Juntas, venderam quase 159 mil exemplares (alta de 123% em relação ao primeiro semestre de 2014) e arrecadaram R$ 2,6 milhões (crescimento de 69%). Uma versão da editora Agir, com o texto integral do escritor Antoine de Saint-Exupéry e tradução de dom Marcos Barbosa, foi a campeã -63 mil cópias vendidas. Os dados são da empresa Nielsen BookScan.

O Estado de S. Paulo, Maria Fernanda Rodrigues, 21/08/2015

Fãs do cineasta Paolo Sorrentino podem esperar para o início do ano o lançamento de Juventude, pela Planeta. É o livro que ele escreveu para ajudar a organizar as ideias enquanto concebia seu filme mais recente, também Juventude, inédito aqui. A história acompanha um ex-maestro e um cineasta prestes a se aposentar num spa de luxo. As informações são da coluna Babel.

“Escrevendo, eu não me reinventei; eu me encontrei.”
Fernanda Torres
Atriz e escritora brasileira
1.
Não se iluda, não
2.
Philia
3.
Jardim secreto
4.
O pequeno príncipe
5.
Ansiedade - Como enfrentar o mal do século
6.
A mágica da arrumação
7.
Abilio
8.
Floresta encantada
9.
Não se apega, não
10.
Cidades de papel
 
O Globo, Luiza Gould, 21/08/2015

Clarice Lispector aparece criança entre os pais e como formanda. Já Paulo Mendes Campos sai numa foto abraçado com Tônia Carreiro, enquanto autografa um livro. Fragmentos da vida dos dois, assim como de outros sete escritores, podem agora ser conhecidos em imagens, cartas e certidões, entre outros materiais. O Instituto Moreira Salles (IMS) tornou público nesta sexta-feira a base de dados online do acervo de seu setor de literatura. Ao todo, são 21.564 documentos de nove autores: Ana Cristina Cesar, Carlos Drummond de Andrade, Carolina Maria de Jesus, Clarice Lispector, Mauricio Rosenblatt, Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos, Rachel de Queiroz e Roberto Piva. Já em fase de testes há dois meses, o link disponibilizado agora é resultado de um trabalho que começou há cinco anos e meio sob o comando de Elvia Bezerra, coordenadora de literatura do IMS.

O Estado de S. Paulo, Redação, 21/08/2015

O serviço secreto do Reino Unido investigou durante 20 anos a escritora britânica Doris Lessing (1919-2013), prêmio Nobel de Literatura de 2007, por seu “anticolonialismo” e sua “afinidade comunista”, segundo revelam documentos tornados públicos nesta sexta-feira, 21. O MI5, serviço de contraespionagem que atua no território do Reino Unido, com a ajuda da Polícia Metropolitana de Londres, gravou conversas telefônicas, vistoriou correspondência e vigiou Lessing entre o início da década de 1940 até aproximadamente 1962. A escritora e seus amigos foram investigados por sua “forte oposição ao colonialismo” desde 1940, quando se casou na Rodésia do Sul (hoje Zimbabue) com Gottfried Lessing, ativista comunista e líder do Left Book Club, espécie de clube do livro dedicado à literatura esquerdista.

Folha de S.Paulo, Marco Rodrigo Almeida, 22/08/2015

A coluna Painel das Letras noticiou que quatro escritores do Café Amsterdã, evento holandês que começa na quarta (26) em São Paulo, visitarão a Escola Municipal de Ensino Fundamental Campos Salles, na favela de Heliópolis,na quinta (27), às 14h. Falando de holandeses, a coluna contou ainda que a Hedra lança até o fim do ano dois romances clássicos do país: Sobre pessoas velhas e coisas que passam... (1906), de Louis Couperus, e Uma confissão póstuma (1894), de Marcellus Emants. Ambos traduzidos por Daniel Dago.

O GLOBO, REDAÇÃO, 22/08/2015

O Festival Internacional de Artes de Tiradentes — Artes Vertentes, que acontecerá entre os dias 10 e 20 de setembro, e tem a literatura como um dos eixos da extensa programação cultural, trará ao Brasil oito autores estrangeiros. Entre eles estão o romancista esloveno Drago Jancar, que lançará na cidade mineira seu primeiro livro traduzido por aqui, “Desejo debochado”, feito através de um programa de tradução do governo esloveno. Entre os poetas convidados estão ainda Tomas Venclova (foto), da Lituânia, sem obra traduzida no país, e a portuguesa Matilde Campilho, um dos destaques da Flip, em julho. Os poemas dos autores convidados, entre os quais os brasileiros William Zeytounlian e Ricardo Domeneck, serão reunidos numa antologia a ser lançada durante o Festival. As informações são da coluna No Prelo.

O Globo, redação, 22/08/2015

Romance, humor, mistérios, lembranças, distopias, toques surrealistas. Foram muitas e muito diversas as histórias contadas pelos participantes do concurso Brasil em Prosa, promovido pel’O Globo e pela Amazon, com o apoio da Samsung — ao longo de um mês e meio, foram quase 6,5 mil contos inscritos. Desses, saíram os 20 finalistas que, já nessa fase, também são premiados: cada selecionado ganhará uma assinatura digital de O Globo por três meses, um Kindle e assinatura de um ano do programa Kindle Unlimited. Agora, os 20 textos serão avaliados pelo júri final do concurso, formado pela escritora Carola Saavedra, pelo crítico José Castello, pelo repórter Guilherme Freitas e por Mànya Millen, editora do caderno. Do conjunto sairão os três vencedores, que serão conhecidos na próxima edição do Prosa, dia 29.

O GLOBO, NO Prelo, 22/08/2015

O poeta Claufe Rodrigues estreia terça, às 21h30m, na Casa da Gávea, um talk show mensal com participação de escritores, críticos, cantores e atores, informou a coluna No Prelo do último sábado. No Palavrão Literatura inaugural estarão presentes Mônica Montone, João Cezar de Castro Rocha, Dado Villa-Lobos, Maria Sampaio, Chico Diaz, Pedro Bial e Luiz Petry.

Folha de S.Paulo, Marco Rodrigo Almeida, 22/08/2015

Marcos Peres já estava conformado a ser um escritor sem leitores, como existem aos montes. A gaveta vivia entupida de romances e contos que dificilmente sairiam de lá. Tudo mudou quando a sorte de um conterrâneo lhe deu um novo ânimo. Em 2011, o maringaense Oscar Nakasato venceu o prêmio Benvirá, teve seu romance Nihonjin publicado e venceu o prêmio Jabuti. Peres então desengavetou O Evangelho segundo Hitler, romance que venceu o prêmio Sesc de Literatura em 2013, foi publicado pela Record e faturou ainda o prêmio São Paulo de Literatura. Ele retorna agora com seu segundo romance, Que fim levou Juliana Klein? (Record, 352 pp, R$ 40). A trama se passa em Curitiba, protagonizada por um personagem de Maringá, o delegado Irineu. Cabe a ele elucidar uma trama envolvendo mortes e a rixa entre duas famílias que dividem o meio acadêmico curitibano. A inspiração veio de aforismo de Nietzsche sobre a circularidade do tempo. A referência a outros autores, como Eco e Borges, é uma das marcas da ficção de Peres.

Folha de S.Paulo, EURÍDICE FIGUEIREDO, 22/08/2015

Que fim levou Juliana Klein? (Record, 352 pp, R$ 40), de Marcos Peres, é um romance policial que tem como protagonista Irineu, um delegado que apura uma série de crimes ocorridos em 2005, 2008 e 2011 em Curitiba. Os capítulos se alternam com os respectivos anos em que se passam. Como acontece nos romances policiais, o foco reside no detetive que investiga e, ao final, o autor tira da cartola um criminoso insuspeito, o que pode parecer inverossímil. Entretanto, isso não importa, o prazer reside na curiosidade que leva o leitor a querer descobrir as causas do crime. Aqui não é muito diferente, apesar de as motivações serem complexas demais para o intelecto do delegado: o princípio do eterno retorno de Nietzsche. Peres tece seus romances a partir de uma intrincada rede de leituras e teorias. Seu primeiro livro, O Evangelho segundo Hitler, cujo personagem era o escritor argentino Jorge Luis Borges, tinha também uma trama complexa, quiçá um pouco estapafúrdia. Mas há de se reconhecer que o jovem autor de Maringá (PR) tem uma escrita primorosa e uma construção narrativa de grande habilidade.

Folha de S.Paulo, Marco Rodrigo Almeida, 22/08/2015

Um livro raríssimo, praticamente desconhecido, de João Cabral de Melo Neto voltará a circular. Aniki Bobó foi lançado em 1958, com apenas 30 exemplares, pela editora artesanal O Gráfico Amador, e nunca mais foi reproduzido ou coligido em coletâneas do escritor pernambucano (1920-1999). A obra de apenas 12 páginas trazia um poema de João Cabral e ilustrações do designer gráfico Aloisio Magalhães (1927-1982), um dos fundadores do Gráfico Amador. Quase 60 anos depois, a Verso Brasil relançará a obra em dois formatos, informou a coluna Painel das Letras do último sábado. A versão para colecionador irá reproduzir as características artesanais da edição original (papel canson, técnicas como serigrafia), numa edição limitada de 150 exemplares. O outro formato é uma edição comercial de grande tiragem (por volta de 2 mil exemplares), com análises de especialistas como Eucanaã Ferraz, entre outros. Os livros serão publicados em abril de 2016, marcando a inauguração do selo Aniki, voltado para poesia e artes gráficas. O selo também lançará no ano que vem Há um mar no fundo de cada sonho, inédito do poeta Ramon Nunes Mello.

O Globo, Carlos Albuquerque, 23/08/2015

Depois de surgir fitando Fabiano “com um objeto esquisito na mão”, Baleia recebe um close nos olhos, enquanto ocorre um estrondo — bam! — e uma espécie de bola de fogo, avermelhada, surge em sua direção. Em seguida, a silhueta da cachorra se afasta em direção à mata, “sem distinguir as pernas”, uma sede horrível queimando-lhe a garganta. Late, sente o morro se distanciar e reflete, assustada, sobre sua própria impotência, ao mesmo tempo em que a escuridão vai tomando a tela, até que reste apenas um borrão preto, enquanto ela delira com um mundo cheio de preás, “gordos, enormes”. “A cena da Baleia é muito triste e impactante”, conta Arnaldo Branco, roteirista da recém-lançada versão em quadrinhos de Vidas secas (Galera Record), de Graciliano Ramos, com ilustrações de Eloar Guazzelli. — Quando ela voltou para mim, já com o desenho do Guazzelli, eu chorei.

Folha de S.Paulo, SYLVIA COLOMBO, 22/08/2015

É impossível descolar O caminho estreito para os confins do Norte (Biblioteca Azul, 430 pp, R$ 44,90 – Trad.: Celso Mauro Paciornik e Augusto Pacheco Calil) da experiência que deu origem ao romance. Ao ver seu pai aproximando-se da morte, Richard Flanagan viu-se na obrigação de vencer mais de uma década de hesitação e finalmente escrever uma ficção baseada nas histórias que ouvia desde garoto. Flanagan pai havia sido um dos cerca de 300 mil prisioneiros de guerra do Japão que foram obrigados a trabalhar na construção da chamada "ferrovia da morte", em 1943, entre a Tailândia e Mianmar. Foi um dos poucos a sobreviver. Como Flanagan reforça, houve mais mortos nesse terrível episódio do que no bombardeio a Hiroshima e do que a quantidade de palavras que escreveu em seu livro. Após longa pesquisa, que incluiu viagens ao Japão para entrevistar algozes do pai, Flanagan voltou com rico material, escreveu seu romance e viu o pai morrer no dia em que pôs, nele, o ponto final. Seu esforço foi reconhecido ao receber o Man Booker Prize no ano passado. Do ponto de vista literário, porém, "O Caminho Estreito..." deixa a desejar.

Folha de S.Paulo, JOÃO CEZAR DE CASTRO ROCHA, 22/08/2015

Exercícios de desesperança alinhavam os contos reunidos em Jeito de matar lagartas (Companhia das Letras, 152 pp, R$ 34,90). O escritor sergipano Antonio Carlos Viana elabora a imagem de um desencontro permanente –e isso num arco temporal que abarca desde a perda da inocência na infância ao divórcio crescente entre sexo e corpo na velhice. Roteiro da Solidão destaca-se nessa galeria de ilusões perdidas. Dona Ineide coloca seu casarão à venda apenas para driblar o isolamento, recebendo possíveis compradores. Na frase perfeita, incisiva pela ambiguidade: "Às vezes cantava só para sentir que ainda tinha voz". Eis a força da prosa: ela cantava somente para escutar-se porque vivia sempre sozinha. Um dia, Dona Ineide recebe a visita de Luís Rabelo, um amor platônico de sua adolescência. Os dois principiam uma tímida relação, interrompida bruscamente: "As semanas se passaram e seu Rabelo sumiu de vez". Para sempre, conclui o leitor. E por um motivo propriamente irremediável. Afinal, se os contos lidam com "a vida e seus descaminhos", pelo menos uma via se mantém firme: a finitude.

Folha de S.Paulo, SYLVIA COLOMBO, 22/08/2015

Quatro integrantes de famílias destroçadas se encontram numa oficina mecânica, no meio do campo, no Chaco, no norte da Argentina. Um pastor evangélico e sua filha adolescente param em busca de reparo para o carro em que viajam. No local, encontram o mecânico e um rapaz, que trata como filho. Num espaço de tempo que corresponde a um dia e meio, vão interagir num cenário de desolação e poucas certezas, além de confrontar seus medos e crenças. Lembranças e flashbacks dão as chaves para entender que cada um tem um passado que contradiz um pouco quem são no presente. Essa é a trama de O vento que arrasa (Cosac Naify, 122 pp, R$ 29,90 – Trad.: Samuel Titan Jr.), romance da argentina Selva Almada. "Quis construir uma história sem mães. E com famílias quebradas, mais parecidas às que de fato existem nessa região. Há mulheres que têm de partir para buscar trabalho e sustentar os filhos, outras que são abandonadas e cujos filhos jamais sabem delas", diz Almada.

Folha de S.Paulo, GABRIELA SÁ PESSOA, 22/08/2015

Nathaniel P. é um cara que pode soar bem familiar nestes tempos de amores fugazes: é aquele que conhece uma garota e se encanta, mas, quando as coisas ficam sérias demais, se assusta e desaparece sem explicações. Nate é só um personagem de ficção, mas acabou virando adjetivo usado por jovens americanas para definir esse tipo de homem após Os Casos de Amor de Nathaniel P. (Casa da Palavra, 256 pp, R$ 39,90 – Trad.: Marcia Blasques), da estreante Adelle Waldman, chegar às livrarias dos EUA em 2013. O título, que acaba de ganhar versão brasileira, acabou eleito um dos melhores daquele ano pela revista The New Yorker. Pouco depois, um artigo do jornal The Observer analisava o esforço da agente de Adelle em fazer o livro emplacar e citava garotas que passaram a usar o nome do personagem para falar dos homens com quem se relacionavam.

 
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