Um documento de um ano sombrio
PublishNews, Redação, 02/10/2024
Livro rememora a vivência militante de Sergio Faraco

Em 1963, Sergio Faraco, então jovem membro do Partido Comunista Brasileiro, viajou a Moscou às expensas do Partido Comunista da União Soviética para estudar. Acabou se indispondo com o autoritarismo e preso em isolamento no Hospital do Kremlin (espécie de gulag urbano), para ser “reeducado”. Retornou em 1965 a um Brasil onde ocorrera um golpe e se iniciara a ditadura militar – que, é claro, não deixaria impune um jovem militante recém-chegado do berço do comunismo. Ainda alquebrado pela experiência soviética, Faraco foi preso pela Interpol em Porto Alegre, num sobrado da rua Duque de Caxias, e dali não saiu incólume. Digno é o cordeiro (L&PM, 120 pp, R$ 59,90) serve como obra documental que rememora e revive os anos de horror de 1964 a 1985 no Brasil. Vigia então o Estado repressor, em que todas as garantias e liberdades individuais estavam suspensas, em que imperava o denuncismo, com vizinhos, conhecidos e até amigos desconfiando uns dos outros, e no qual mesmo uma delação sem fundamento podia significar um caminho até a tortura e a morte.

[02/10/2024 07:00:00]