Repensar o ato de narrar
PublishNews, Redação, 18/03/2024
O narrador suspende o curso das ações para refletir sobre as decisões que toma, até mesmo aquelas em relação ao próprio ato de narrar

O narrador de Uma oportunidade (DBA, 168 pp, R$ 64,90 – Trad.: Bruno Cobalchini Mattos) tem certeza de que está enfeitiçado e de que isso o impede de tomar certas decisões contundentes e resolutivas. Na carteira, ele carrega um papel com o contato de três bruxas, recomendadas a ele por sua amiga Luz, que podem ajudá-lo a desfazer o feitiço que o ronda: “Uma é como as de antigamente, outra é moderna e a outra tem seus próprios métodos”. Antes mesmo de decidir se consultar com uma delas, deve escolher para qual das três ligar primeiro. Ainda que para qualquer outro isso não seja motivo para inquietações, para o enfeitiçado, cada decisão é acompanhada de reflexões em espiral: como fazer uma escolha se pode ser o feitiço quem está decidindo? Se uma opção pode ser melhor do que a outra? Se só descobrimos qual é a melhor depois de já ter escolhido? O narrador suspende o curso das ações para refletir sobre as decisões que toma, até mesmo aquelas em relação ao próprio ato de narrar. Busca uma maneira de escrever sobre o feitiço sem que este saiba que ele escreve, trazendo pontos de vistas diferentes para os mesmos problemas.

Tags: DBA, romance
[18/03/2024 07:00:00]