Um romance antiescravagista
PublishNews, Redação, 22/10/2021
Carambaia lança 'A família Medeiros', livro de Júlia Lopes de Almeida, uma feminista e abolicionista apagada pela história. Escrito há 130 anos, romance estava há décadas fora de catálogo.

Abolicionista, feminista e republicana já nas duas últimas décadas do século XIX, Júlia Lopes de Almeida (1862-1934) foi uma das escritoras mais ativas e mais lidas de seu tempo, mas, como muitas outras, passou por um processo de apagamento histórico que ainda não foi de todo reparado. O romance A família Medeiros (256 pp, R$ 92,90), que completa 130 anos agora e é relançado pela Carambaia, foi a obra que a tornou conhecida em seu tempo. O enredo começa com a chegada de Otávio Medeiros, depois de uma temporada de estudos na Europa, à fazenda de seu pai, o comendador Medeiros, no interior de São Paulo. Otávio vem para o Brasil com ideias avançadas contra a escravidão e a favor da modernização da agricultura, em oposição às convicções de seu pai. Na casa da fazenda Santa Genoveva mora agora uma prima, Eva, uma jovem altiva que não só nutre ideias abolicionistas como intervém contra os maus tratos aos escravos e contribui financeiramente para fundos de alforria. Em torno de Eva há um segredo que faz tremer o comendador. Na figura do chefe da família Medeiros, Júlia Lopes de Almeida constrói uma crítica severa ao patriarcado. Além de perverso com os escravos, o comendador é uma pessoa retrógrada, machista e intransigente. Em A família Medeiros, a convicção abolicionista vem lastreada por um painel do período de transição que transcorria, com fugas e rebeliões de escravos frequentes, acompanhadas do protagonismo das vozes antiescravagistas e chegada dos primeiros imigrantes europeus. O projeto gráfico evoca a camélia, flor que se tornou um símbolo do abolicionismo.

[22/10/2021 07:00:00]