Um dever de memória
PublishNews, Redação, 14/06/2021
Um dos romances mais impactantes sobre o genocídio de Ruanda, 'Murambi, o livro das ossadas' marca a estreia de Boubacar Boris Diop no Brasil

Durante cem dias, entre abril e julho de 1994, um genocídio deixou 800 mil mortos em Ruanda. Quatro anos depois, o escritor senegalês Boubacar Boris Diop viajou ao país da África central para colher informações sobre esse período e escrever um livro. O resultado foi Murambi, o livro das ossadas (Carambaia, 224 pp, R$ 69,90), traduzido do original em francês por Monica Stahel. Na obra, Cornelius Uvimana, professor de história, filho de mãe tútsi e pai hútu, volta a Ruanda depois de anos trabalhando no Djibouti, nordeste da África. É a primeira vez que retorna ao país natal depois do genocídio. Recebido por amigos de infância, Cornelius quer tentar entender exatamente o que aconteceu com sua família, da qual só restou um sobrevivente, o tio Siméon Habineza. Para isso, vai visitá-lo em sua cidade, Murambi, local onde ocorreu o massacre de cerca de 50 mil tutsis. Murambi, o livro das ossadas reúne personagens que ora falam em primeira pessoa, ora são referidos em terceira. Muitos estiveram envolvidos direta ou indiretamente nos acontecimentos de 1994 e são distribuídos estrategicamente no espaço ficcional para dar uma visão complexa do genocídio, da história de Ruanda e da África, e da crueldade sem limites a que os seres humanos podem chegar.

[14/06/2021 07:00:00]