
O PublishNews, portanto, quer deixar claro seu posicionamento contra o candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL) e grande parte de suas ideias, que podem facilmente ser qualificadas de fascistas. O PublishNews é #EleNão.
Poderíamos estender este texto criticando Bolsonaro pelas posturas que acabamos de citar. Mas seria chover no molhado. Seu posicionamento de desrespeito às minorias, aos Direitos Humanos e à própria humanidade está claro, e quem ainda assim preferir votar nele estará exercendo um voto de apoio, conivência ou no mínimo de uma indiferença perigosa a tais ideias. Isto já foi tão explicitado e debatido que não vemos mais razão para insistir neste ponto.
No entanto, há algo que cremos que ainda tem de ser dito e lembrado. Está bastante claro nas manifestações tanto do candidato quanto de seu pleiteante à vice-presidência, Hamilton Mourão, o desprezo pelas instituições democráticas. Comentários sobre não aceitar o resultado das urnas, sobre mudar a constituição sem consulta popular ou ao congresso, sobre aumentar o número de juízes na Suprema Corte e sobre “organizar” o País explicitam que o Estado de Direito, a liberdade e a democracia são conceitos pouco valorizados – para dizer o mínimo – ou completamente desprezíveis – para dizer o máximo – na visão da dupla. E é nisso que a eleição de Bolsonaro pode ser um entrave para nós do mercado editorial.
O mercado de livros só pode crescer e se desenvolver dentro de um ambiente livre e democrático. Isto vale para todas as indústrias culturais. Sem liberdade e democracia, o mercado editorial tende a definhar e a praticamente desaparecer. Sob censura e pensamento únicos, as áreas de Cultura e Educação são as primeiras que sofrem, e um governo totalitário vai fazer ao máximo para controlá-las, o que passa por controlar os livros.
Tal controle pode ser leve ou radical, mas existindo sempre afetará negativamente a economia do livro. O Chile é um bom exemplo disto. Durante a ditadura de Pinochet, o país sul-americano cresceu economicamente – o que jamais justificará o assassinato e tortura de tantos chilenos –, mas a indústria cultural e artística no país sofreu absurdamente e vem até hoje se recuperando. E se, por um lado, estados totalitários até provocam o surgimento de talentos artísticos e criativos, o mercado cultural em si sofre e até corre riscos de desaparecer.
É também por isso que o PublishNews é #EleNão. Porque queremos um mercado editorial livre, pujante e dinâmico no Brasil, não podemos aceitar um candidato tão manchado por ideias totalitaristas. “Ah, mas o Capitão não é nada disso. Ele jamais censuraria livros ou interferiria no mercado”, diriam alguns. Mas o fato é que ele já fez isso na frente de todo o Brasil quando mostrou o livro Aparelho sexual & cia. O candidato deixou claro seu menosprezo à existência da obra. E a verdade é que o livro nunca fez parte de nenhum grande projeto educacional ou de compras governamentais relevantes. Ali, ficou claro o caráter censor do candidato. Mais do que isso. Em entrevista recente ao UOL o general da reserva Aléssio Ribeiro Souto, escolhido por Bolsonaro para contribuir com diretrizes básicas para políticas de Educação, ameaçou banir livros sem “a verdade” sobre 1964.
A chapa flerta com o totalitarismo e aí está o grande perigo. O totalitarismo, com ou sem Bolsonaro e Mourão, de direita ou de esquerda, vermelho ou azul, é um veneno fatal para a economia do livro.
Diante disso, o PublishNews se sente obrigado a se posicionar como #EleNão. Há ainda inúmeras outras razões para se evitar a opção do PSL e se escolher um dos candidatos concorrentes que representam as mais diversas correntes de pensamento. Mas, outra vez, apontar estas razões seria chover no molhado.
Pelo livro, contra a censura e pela liberdade total de publicação, somos todos #EleNão no PublishNews.
Normalmente, um editorial como este não é assinado. Mas este aqui leva a assinatura de toda a equipe do PublishNews, com as mulheres na frente.
Luciana, Maju, Talita, Leonardo e Carlo