Com homenagem a Ana Cristina Cesar, Flip coloca foco na poesia marginal
PublishNews, Redação, 16/11/2015
A poeta carioca será a homenageada na edição de 2016, marcada para acontecer entre os dias 29/06 e 03/07

Ana Cristina César será a homenageada da Flip 2016 | © Divulgação/IMS
Ana Cristina César será a homenageada da Flip 2016 | © Divulgação/IMS
Paraty já se prepara para a Flip de 2016. A festa, marcada para acontecer entre os dias 29 de junho e 3 de julho, terá uma mulher como homenageada. A autora escolhida foi a poeta carioca Ana Cristina Cesar (1952-1983). Expoente da geração da Poesia Marginal, que nos anos 1970 se firmou distribuindo edições caseiras no Rio de Janeiro, ao largo do mercado editorial e sob o peso da ditadura militar, Ana fundou uma vertente marcante na poesia brasileira contemporânea.

Em comunicado, o diretor-presidente da Associação Casa Azul, realizadora da Flip, Mauro Munhoz observou que “a geração de Ana Cristina ajudou a redescobrir Paraty e a despertar a vocação literária da cidade. Vai inspirar uma Flip com o sabor dos anos 1970 e 80, um momento chave para compreender o Brasil e Paraty de hoje”. Paulo Werneck, curador da Flip, afirmou que “a obra de Ana C. é densa, pulsante, e conquista leitores em todas as partes do mundo. A homenagem vai poder iluminar áreas menos conhecidas de sua obra e desfazer alguns lugares-comuns a respeito de sua vida”. A Poesia Marginal, segundo o curador, também estará no foco da Flip.

Ana Cristina teve poemas incluídos na importante antologia 26 poetas hoje (1976), organizada por Heloísa Buarque de Holanda, sua ex-professora. Ali estavam alguns dos autores da Poesia Marginal, como Cacaso (Antonio Carlos de Brito), Chacal, Francisco Alvim, Charles Peixoto, Geraldo Carneiro, Waly Salomão, Eudoro Augusto. Muitos outros poetas e grupos, reunidos em torno de selos editoriais e revistas artesanais, além de grupos performáticos como a Nuvem Cigana, se integrariam ao movimento, também conhecido como geração Mimeógrafo.

Além da poesia, Ana Cristina Cesar dedicou-se à crítica e à tradução literária, tendo traduzido Emily Dickinson e Katherine Mansfield. Sua dissertação de mestrado, Literatura não é documento, foi publicada em 1980. Uma temporada de estudos no exterior resultaria no volume de ensaios póstumo Escritos da Inglaterra (1988).

Ana Cristina Cesar morreu no Rio, em 1983. O poeta Armando Freitas Filho, indicado pela família como curador da obra, passou a organizar edições póstumas, como Inéditos e dispersos (1985). Mesmo nos períodos em que seus livros estiveram fora de catálogo, sua poesia ganhou interesse crescente nas universidades do Brasil e do exterior.

Em 2008, o Instituto Moreira Salles, responsável pela conservação de seu acervo literário, lançou o volume Antigos & soltos, como poemas inéditos em edição fac-similar, com organização de Viviana Bosi. Sua poesia foi reunida no volume Poética (Companhia das Letras, 2013), organizado por Armando Freitas Filho.

[16/11/2015 09:19:11]