Oito dicas para monetizar o catálogo (mas não chame assim)
PublishNews, Rachel Aydt**, 07/05/2014
Todo livro é uma oportunidade para o catálogo. Vejas as dias de como melhor aproveita-las

No final de abril, Publishing Perspectives realizou uma conferência em Scholastic, patrocinada por Publishing Technology, chamada Monetizando o Catálogo. Empreendedores intrépidos subiram ao palco junto com veteranos autoproclamados “o lado antigo da edição” [quer dizer, Ira Silverberg para uma série de debates animados, conversas e apresentações. O propósito da manhã era claro (monetizar o catálogo, aquela velha “pilha de ouro”), mas a forma como fazer isso não é algo tão claro. É um tópico complicado e há muitas formas de tratá-lo.

O que as editoras estão fazendo com seu vasto catálogo? Primeiro de tudo, risque a palavra “catálogo”. Alternativamente, deveríamos começar a considerar, no lugar, o abrangente ciclo da vida do livro. Livros que antes estavam juntando pó em depósitos com aluguéis caros agora são repositórios de conteúdo que pode ser reempacotado, unido, juntado e dividido. Acrescente um velho capítulo a um título novo para levar os leitores a procurar as coisas antigas... afinal, os escritores são marcas.

Silverberg passou algum tempo de sua apresentação dividindo as personalidades dos leitores, o que levou ao vasto assunto de compreender os hábitos deles: os que leem mistério adoram encher seus aparelhos; poetas, não (para desapontamento de Copper Canyon que, ficamos sabendo, tinha fracassado segundo a descrição de Silverberg em “monetizar” seu catálogo poético).

Jacob Lewis, VP e Diretor Editorial da Crown Publishing na Random House, explicou que, antes de tudo, você precisa saber o que possui. Neil Baptista, CEO e fundador da Riffle, comparou ao ouro.

Aqui estão algumas dicas curtas que surgiram naquele dia:

1. Todo livro é uma oportunidade para o catálogo

Seu catálogo deveria trabalhar junto com sua lista de frente. É uma parceria saudável. As pessoas querem voltar aos livros. E, como diz o clichê, para alguém que ainda não leu um livro, ele é novo. Use capítulos de livros de catálogo como "trailers" em livros de lançamento. “Todo lançamento é uma nova oportunidade para o catálogo”, disse Lori Benton, VP e Publisher da Scholastic Trade.

2. Trate as capas dos e-books de forma séria

Além de capas bonitas, considere as dicas visuais que podem ligar os livros como uma série. Autores são marcas e o visual do livro deveria refletir uma marca contínua.

3. Melhorias digitais podem remoçar o velho

Uma história de sucesso nesta área é Beneath the Ink. Sua cofundadora e CEOSherisse Hawkins estava ali para explicar como sua empresa está usandoBinks” — que se parecem a hyperlinks dentro das páginas. Leitores são levados a conteúdos extras que estão embutidos nas páginas, por exemplo, definições enciclopédicas, notas, fotos e muito mais. Não é preciso estar online para clicar no Bink.

4. Considere o Vertical

Olhe para seu catálogo como categorias. Por exemplo, se estiver chegando o aniversário de uma guerra, qual livro de história de guerra você tem nos seus arquivos? Desta forma, editoras tradicionais podem conseguir uma nota em revistas. Randy Petway, COO de Publishing Technology, fez esta observação inteligente de que as revistas, depois de sofrer duros golpes, entenderam suas audiências e foram capazes de organizá-las em categorias quando migravam para online. As comunidades delas estão organizadas por hobbies: jardineiros, historiadores, o que você quiser. Estas comunidades existem online. Estão em grupos de e-mail e juntam conteúdo. Dê o que eles querem.

5. Metadados

Conheça. Entenda. Use. E depois volte a usar. Você será muito mais feliz no longo prazo se adotar bons hábitos de metadados desde o começo da trajetória de um livro. Em outras palavras, seja proativo e pense como um bibliotecário. Lembra-se da Lógica Booleana, gente? Use estes termos de busca e palavras-chave com desenvoltura!

6. Reavive seu romance com as bibliotecas

Editores precisam voltar a ter amizade com os bibliotecários. Bibliotecários são os gurus do boca-a-boca. Não são o inimigo; são seus amigos. O trabalho deles é colocar seus livros nas mãos dos usuários, e é difícil navegar nas novas águas do licenciamento digital. Você consegue pensar formas de facilitar a vida para eles?

7. Pingos nos Is

Julie Trelstad, diretora de Direitos Digitais na Writers House, discutiu a natureza atual e volátil dos direitos e contratos digitais. Ela precisa saber bem tudo isso: sob o guarda-chuva da Writer's House há vinte agentes trabalhando como entidades independentes, que precisam ser bem-versados em aproveitar ao máximo a parte digital dos contratos. Um dos ajustes mais óbvios nos contratos seria para apps, mas Trelstad diz que dos vários desenvolvedores de apps que passam por seu escritório, a vasta maioria tem problemas para mostrar valor naquele investimento.

8. Trabalhe com marcas... ou não

Às vezes, simplesmente uma marca trabalha a seu favor. Matt Dellinger, um estrategista digital que ajudou a digitalizar os arquivos da The New Yorker e daVogue para Condé Nast, teve sorte. Vender o valor dos arquivos da The New Yorker não foi uma tarefa difícil (apesar de que a imagem de Matt alugando uma van e levando todo o inventário da revista para o interior dos EUA para que se tornasse um conjunto agora obsoleto de 8 CD ROMS foi cômica). A confiança na marca é algo evidente. Da mesma forma, para a publicação Vogueda mesma empresa, as oportunidades para readaptar o conteúdo se tornaram uma tarefa complicada com um resultado enciclopédico. Voguepedia, uma coleção de todos os itens mostrados na página. Procure “Blue Scarf” e veja o que acontece.

HarperCollins lançou seu próprio reader, que eles acreditam que vai criar um link direto a seus consumidores, permitindo que continuem a aprender novos hábitos de leitura e compra a partir deste relacionamento interativo. Mas o problema com isso, diz Adam Silverman, Desenvolvedor de Negócios Digitais Sênior da Harper Collins, é que os consumidores não entendem a HarperCollins como uma marca da mesma forma que fazem com The New Yorker ou Vogue. Como as editoras nem sempre estão voltadas para nichos, com uma mistura de um pouco de tudo, de graphic novel a saúde feminina e ficção militar, torna-se impossível estabelecer uma marca.

As riquezas de seu catálogo estão em suas mãos, mas é preciso usar com sabedoria.

Artigo originalmente publicado no Publishing Perspectives. Tradução de Marcelo Barbão

[07/05/2014 00:00:00]