A herança cultural é um tema bastante presente na obra das escritoras Adriana Armony e Tatiana Salem Levy, que já exploraram bem suas raízes judaicas nos romances Judite no país do futuro, de Adriana, e A chave de casa, de Tatiana, este vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura 2008 na categoria autor estreante. Para mostrar a riqueza e a diversidade da herança cultural, essas duas autoras conceberam Primos (Record, 320 pp., R$ 44,90), uma coletânea de contos de escritores brasileiros descendentes de árabes e judeus.
São 20 textos em que esses primos de origem dão seus depoimentos sobre sua ascendência. Entre os autores, Adriana Armony, Alberto Mussa, Alexandre Plosk, Arnaldo Bloch, Bernardo Ajzenberg, Carlos Nejar, Cíntia Moscovich, Eliane Ganem, Fabrício Carpinejar, Flávio Izhaki, Georges Bourdoukan, Julián Fuks, Leandro Sarmatz, Luiz Antonio Aguiar, Márcia Bechara, Moacyr Scliar, Salim Miguel, Samir Yazbek, Tatiana Salem Levy e Whisner Fraga. Os contos abordam história, memória, alegoria, tradição e ruptura, provando que as duas culturas têm mais afinidades que diferenças.
“A idéia de juntar num livro escritores brasileiros descendentes de árabes e de judeus surgiu quase como uma necessidade”, explicam as escritoras Tatiana Salem Levy e Adriana Armony, organizadoras desta coletânea. Primos de origem, árabes e judeus têm mais afinidades do que diferenças, embora a situação política no Oriente Médio termine por dar ao mundo a impressão de que o ódio entre esses dois povos está na base de suas culturas. Por que brigam tanto, nos perguntamos, se são tão parecidos? E por que exaltar suas desavenças, se os pontos de encontro são tão mais profundos, tão mais antigos?
O objetivo deste trabalho, segundo as organizadoras, é que os leitores conheçam um pouco melhor cada cultura específica, assim como os pontos de convergência entre árabes e judeus. Primos encerra com textos saborosos em primeira pessoa em que os autores revelam a relação com sua ascendência judaica ou árabe, que pode passar pelo real ou pelo imaginário, pela memória ou pela literatura, pode ser resgatada ou construída.