As mulheres são maioria entre os leitores brasileiros. Segundo o estudo “Retratos da Leitura no Brasil”, feito pelo Instituto Pró-Livro em 2019, representamos 54% dos leitores do país. Mesmo assim, vemos que as grandes editoras ainda publicam mais obras literárias de autores homens, em sua maioria brancos e que escrevem sobre personagens literários também do gênero masculino. Esse panorama felizmente está mudando, pois segundo a Câmara Brasileira do Livro (CBL) a representatividade feminina no mercado editorial tem crescido, mas ainda assim temos evidências claras de que é preciso continuar se mobilizando em busca de equidade no setor. Temos que nos questionar o tempo todo: as mulheres enfrentam mais dificuldade para publicar suas obras? Quais seriam os obstáculos para que os talentos femininos sejam reconhecidos na literatura? O que podemos fazer para atrair mais autoras? Encontrar essas respostas pode ajudar a nortear a criação de mais ações afirmativas no setor para ampliar nossa visibilidade e, assim, ocupar mais espaço nas vitrines virtuais e físicas das livrarias, nas prateleiras de diferentes gêneros literários, nas divulgações, nas premiações e na imprensa. Clique no Leia mais para ler o artigo na íntegra.

De acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do IBGE, divulgada na semana passada, o volume de vendas do comércio varejista nacional mostrou alta de 3,8% frente à dezembro de 2022. O setor de Livros, jornais, revistas e papelaria apresentou alta de vendas de apenas 0,6% no mesmo período. Em comparação com janeiro do ano passado, o crescimento foi de 15,2% no volume. Essa é a maior taxa positiva do setor desde setembro de 2022, quando registrou crescimento de 31%. Em doze meses o setor acumula 13,9% de crescimento até janeiro de 2023, taxa abaixo do registrado até dezembro de 2022 (14,8%), indicando uma leve diminuição do ritmo de crescimento. A PMC produz indicadores que permitem acompanhar o comportamento conjuntural do comércio varejista no país, investigando a receita bruta de revenda nas empresas formalmente constituídas, com 20 ou mais pessoas ocupadas, e cuja atividade principal é o comércio varejista. Os resultados completos podem ser consultados no Sidra, sistema do IBGE.

O Brasil encerrou sua participação na 60ª Feira do Livro Infantil e Juvenil de Bolonha, que ocorreu entre os dias 6 e 9 de março, movimentando US$ 448 mil em negócios com a venda de livros físicos e de direitos autorais. A expectativa para os próximos 12 meses é de que as editoras fechem mais US$ 782 mil. O valor representa um aumento de 39% em relação à edição passada do evento, que voltou ao formato presencial após a pandemia. A participação do Brasil na edição deste ano foi promovida pelo Brazilian Publishers (BP) e pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), com o apoio do Ministério das Relações Exteriores. O Brasil teve destaque em diversos momentos do evento. A escritora e ilustradora Flávia Bomfim subiu ao palco para receber o troféu do BolognaRagazzi Award, prêmio anual concedido pela Feira do Livro Infantil e Juvenil de Bolonha. A autora recebeu menção honrosa na categoria Fotografia pela obra O adeus do marujo (Pallas). Karine Pansa, presidente da IPA, marcou presença em dois painéis. O primeiro foi sobre o Clube de Leitura ODS – iniciativa da ONU para incentivar crianças a se envolverem com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável por meio da leitura. O segundo, promovido pelo projeto PublisHer em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, discutiu o empoderamento feminino por meio da leitura.

A Janela Livraria inaugurou na segunda-feira (17) sua segunda unidade no Rio de Janeiro com a loja do Shopping da Gávea (Rua Marquês de São Vicente, 52, Terceiro piso, Loja 368 – Rio de Janeiro / RJ). O evento de inauguração teve a presença da escritora Carla Madeira. A loja tem poucos mais de 100m2, preservando as cores e a identidade visual da unidade do Jardim Botânico. O espaço infantil é um capítulo à parte e ganhou nome próprio: Janelinha. O ambiente foi orquestrado para proporcionar a experiência de um espaço participativo que propõe ampliar a experiência de leitura, expandindo o universo ficcional das histórias. As sócias e livreiras Leticia Bosisio e Martha Ribas se unem nesta nova etapa à Antonia Moura e Renata Maciel, clientes de primeira hora e frequentadoras assíduas da Janela. “O DNA da Janela desde o início é o presencial, é se permitir parar um minuto, ouvir, conhecer, refletir e se encantar. Foi isso que criamos nestes três anos da livraria. Reunimos pessoas, propomos conversas, nos permitimos deixar de lado a cultura do digital e do instantâneo para retomar o tempo humano. Por isso, optamos ter o café na entrada da livraria, assim como fizemos no Jardim Botânico, para que as pessoas possam se reunir, se desconectar e aproveitar o momento”, aponta Martha, em nota. Clique no Leia mais e confira a nota na íntegra.

O Rio2C vem se consolidando como o maior evento de criatividade e inovação do país, nos moldes do americano South By Southwest. Neste ano, o evento introduziu direcionamentos mais específicos para profissionais do mercado do livro, com os primeiros pitchings editoriais. O PublishNews esteve na Cidade das Artes, no Rio de Janeiro, para acompanhar as apresentações, falar com os profissionais envolvidos e verificar se o intuito do evento, de incluir players do mercado editorial, começou a dar certo. Nesta edição do Podcast do PN, falamos sobre como foram realizados os pitchings editoriais no evento e qual foi a repercussão entre escritores, editores, produtores e outros profissionais presentes. Você confere a cobertura completa do Rio2C aqui. O Podcast do PublishNews é um oferecimento da MVB, a empresa que torna os seus livros visíveis com serviços como Metabooks e Pubnet, e da UmLivro, novo modelo de negócios para o mercado editorial: mais livros e mais vendas. Você também pode ouvir o programa pelo Spotify, iTunes; Google Podcasts, Overcast e YouTube.

A França tomou uma iniciativa para proteger pequenas livrarias e o comércio local. O governo francês aprovou o decreto que propõe uma taxa de €3 (R$ 16) para entregas de livros provenientes de compras on-line para pedidos de até € 35 (R$ 190). Em matéria da Folha, as grandes varejistas argumentam que os consumidores serão levados a desistir de algumas compras de livros pelo aumento dos preços. Outro destaque internacional foi publicado no Estadão e no jornal Metrópoles: O novo livro de contos do autor Haruki Murakami, que já estreou em japonês, chega para os leitores estrangeiros em julho. No Brasil, a editora que publicará a obra será a Alfaguara. Uma matéria na VC S/A, do Grupo Abril, contou a história e os planos do futuro da TAG, um dos maiores clubes de assinatura de livros. Segundo a nota, a empresa faturou R$ 35 milhões em 2022. O Globo publicou um artigo sobre a reedição da obra Viola de bolso, de Carlos Drummond de Andrade. O livro reúne uma coleção originalmente publicada pelo então Ministério da Educação e Saúde, com mais de 90 poemas do autor. Ontem também estreou o novo quadro sobre literatura no Fantástico, programa da rede Globo. O Bookfant será um “espaço para falar de livros e escritores que estão fazendo sucesso”. Neste primeiro episódio, a entrevistada da vez foi a autora de Mentirosos, Emily Lockhart, grande sucesso nas literaturas Young adult e no TikTok. Clique no Leia mais e confira a nota na íntegra.

A editora HarperCollins Brasil está em busca de um estagiário CRM, para atuação no Rio de Janeiro. O estagiário ficará responsável por configurar templates de e-mail; auxiliar na operação da plataforma de envio dos e-mails; organizar o calendário de disparos e na gestão do funil de marketing; contribuir na criação e otimização de automações e réguas de funil; e auxiliar nas demandas de redes sociais. É necessário que o candidato esteja cursando Publicidade, Marketing, Comunicação ou Administração, seja bom leitor e tenha paixão pela leitura, além de organizado e analítico. Também é desejável conhecimento do pacote Office e inglês intermediário. Interessados podem se inscrever clicando aqui. vagas.com.br/v2509211

A editora Contexto abriu uma vaga de estágio em produção editorial. É preciso estar no 2º ou 3º ano da graduação de Letras ou Editoração / Produção Editorial; e ter ótimos conhecimentos em língua portuguesa. É desejável também experiência prévia em revisão de textos; morar próximo à região do Alto da Lapa (São Paulo); e ter experiência em estágio em outras editoras. As funções do cargo incluem auxiliar em todas as etapas de produção (principalmente checagem de miolo, batida de emendas, conferência de e-books e revisões). Interessados devem enviar currículo para editorial@editoracontexto.com.br, contando por que gostaria de estagiar na Editora Contexto. A bolsa-auxílio é compatível com a vaga e será combinada posteriormente.

O Ministério da Federação Valônia-Bruxelas (Bélgica francófona) está com inscrições abertas para a segunda chamada do ano do seu programa de apoio à tradução. O programa apoia a tradução de obras literárias escritas por autores belgas de língua francesa nos gêneros romances, contos, poesia, teatro, livros infantojuvenis, quadrinhos e ensaios literários. Os editores brasileiros podem solicitar assistência financeira para cobrir 75% dos custos de tradução até 25 de abril. Em relação aos autores clássicos falecidos que fazem parte do patrimônio literário, a assistência financeira é de 50% dos custos de tradução. Interessados podem baixar o formulário de inscrição na página da Federação e para mais informações, é só entrar em contato com Elodie Meunier, adida de relações acadêmicas e culturais da Valônia-Bruxelas Internacional no Brasil, pelo e-mail e.meunier@delwalbru.be.

Em meio à crescente onda de censura de livros nos EUA, a Fundação Lambda Literary anunciou que recebeu uma doação de US$ 250 mil do autor e filantropo Chuck Forester, em apoio à missão da fundação de apoiar a causa de escritores e livros LGBTQIA+. Em um comunicado divulgado pelo Publishers Weekly, a Lambda reconheceu Forester como um amigo próximo e uma liderança no assunto. Forester credita à literatura queer importante papel na sua autoaceitação como homem gay. "É a forma como contamos uns aos outros quem somos. É a forma com que passamos nossa cultura às gerações futuras, e isso salva vidas, como salvou a minha", disse Forester, que é filantropo e autor de quatro livros, entre eles I throw like a girl (Querelle Press, 2022). Após dois anos de programação virtual, o prêmio anual Lambda Literary Awards (conhecido como Lammys) será realizado novamente de maneira presencial no dia 9 de junho, no Edison Ballroom, em Nova York. Os finalistas – que incluem um livro de João Gilberto Noll – podem ser encontrados aqui. Clique no Leia mais para ler a nota na íntegra.

A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, vai realizar seis audiências públicas para discutir a alocação dos recursos da Lei Paulo Gustavo. As reuniões serão realizadas semanalmente, nas terças-feiras, às 19h30, entre abril e maio. A primeira audiência ocorre nesta terça (18), no Centro Cultural Penha (Largo do Rosário, 20 – Penha de França, São Paulo / SP), seguida pela do dia 25, no Teatro Alfredo Mesquita (Av. Santos Dumont, 1770 – Santana). Já em maio, são realizadas mais quatro delas: no dia 02, no Centro Cultural Jabaquara; no dia 09, no Centro Cultural Butantã; no dia 16, no Centro Cultural São Paulo; e no dia 23, virtual. A Lei dispõe sobre ações emergenciais destinadas ao setor cultural a serem adotadas em decorrência dos efeitos econômicos e sociais da pandemia da covid-19. Para a efetivação da iniciativa, foram reservados R＄ 3,8 bilhões, destinados a quatro categorias: Apoio a produções audiovisuais; Apoio a salas de cinema; Capacitação, formação e qualificação no audiovisual e apoio a cineclubes e a festivais e mostras; e, por fim, apoio às demais áreas da cultura que não o audiovisual – categoria da qual iniciativas e eventos literários podem participar.

Um romance de ficção contemporânea em que os capítulos-caminhos levam à formação de uma família que mescla imigrantes judeus e negros alforriados. A condição de desigualdade das mulheres, o período de colonização no Brasil são contexto para a história de uma mulher e, poderia ser a de muitas mulheres, a jovem Iolanda Oliveira que gerações depois busca o sentido da existência e se depara com as consequências das escolhas feitas por seus ancestrais. No livro Tempo de manga (Mondru, 144 pp, R$ 44,90), Andrea Cavinato estreia na ficção, tecendo uma história sobre a arte da possibilidade de conhecer a si mesma. O enredo caminha entre fatos históricos, memórias, metáforas, crescimento, dificuldades e as consequências de não conhecer a si. Tempo de manga tem um desenho para os capítulos inspirado na Árvore da Vida da Cabala, são 10 sephirots que representam o caminho da existência dos seres humanos.

Mimi e Bird são um casal indígena: ela Blackfoot, ele Cherokee. Os dois viajam pela Europa seguindo a rota dos cartões-postais enviados por Leroy Bull Shield, tio de Mimi, depois dele ter sido retirado de sua reserva indígena para se tornar atração em um show de faroeste. Ao partir, Leroy havia levado a bolsa Crow, um importante artefato da família, e é com o argumento de recuperá-la e descobrir o paradeiro do antepassado que Mimi e Bird justificam suas andanças pelo mundo. Descria como uma aventura tão insólita quanto profunda Indígenas de férias (Dublinense, 320 pp, R$ 89,90 – Trad.: Davi Boaventura), do autor norte-americano radicado no Canadá Thomas King, apresenta uma história em que íntimo e político se encontram, e que faz o leitor pensar não apenas sobre o envelhecimento, o companheirismo e o amor, mas também sobre a violência física e simbólica cometida contra indígenas e refugiados. A revisão de termos e conceitos indígenas foi feita por Trudruá Dorrico.

Seja em cidades vazias, seja nas profundezas do oceano ou à hora crepuscular em um apartamento, a roda narrativa destes minicontos passa da terceira à primeira pessoa enquanto as formas dos enredos se avolumam. Os personagens — um homem, você e eu — são sujeitos de outros tempos, desde o passado longínquo ao futuro incerto. As histórias estão repletas de tentáculos e novelos que se desenrolam ao infinito, tentando capturar a frequência limítrofe entre a realidade e o sonho. Formas feitas no escuro (Fósforo, 88 pp, R$ 64,90) é um livro quase tátil, que desafia o leitor a flutuar, mergulhar ou voar por mitologias e sabedorias ancestrais. Mas também trata do cotidiano presente, do tédio que invade um quarto, do tempo que corre quando procrastinamos uma tarefa simples. Nele, Leda Cartum propõe uma poética cheia de texturas — da terra úmida, das cascas de folhas secas, da madeira do chão de taco —, num trabalho exíguo com imagens que de outro modo não se fixariam, e seriam sombras opacas perdidas no longo caminho da visão à fala, da ideia à escrita. É impossível descrever os contos sem enumerar as feras, os gatos noturnos, os detalhes, a elasticidade do tempo, a escuridão vibrante da natureza. Isso porque de modo lúdico, Cartum propõe que se preste atenção aos segredos do móvel mais estático no canto de um cômodo qualquer. Entre a fábula, a crônica e a poesia, Formas feitas no escuro transita entre gêneros e surpreende por sua leveza, clareza e despretensão. Mas, como afirma Angélica Freitas na orelha que assina para o livro, “talvez essa questão do gênero (é poesia? É prosa?) nem nos interesse. Importa aqui o trabalho da imaginação, o trânsito do escuro para o claro, e vice-versa”.

A artista plástica Penny morou no mesmo apartamento por décadas, cercada dos artefatos e recordações de sua longa vida. É resignada aos rituais comuns da velhice, até que as coisas começam a lhe escapar. Antes do falecimento de seu parceiro de muitos anos, foram tomadas providências — sem conhecimento de Penny — para a obtenção de um quarto em uma casa de repouso para idosos, onde ela se vê depois de um entre muitos ''incidentes''. No início, bem-acolhida por seus pares, conversando, comendo, dormindo, olhando a linda floresta que margeia a casa, tudo parece ótimo. Ela até volta a pintar. Mas, à medida que os dias passam a se confundir em um borrão, Penny — com uma inquietude e uma desconfiança crescentes — começa a perder controle da passagem do tempo e de seu lugar no mundo. Será que está sucumbindo aos efeitos sutis e destrutivos do envelhecimento, ou é uma participante involuntária de algo mais perturbador? Em uma história ao mesmo tempo tocante e inquietante, contada numa prosa hipnótica que desafia limites de gênero, o terceiro romance de Iain Reid, Nós nos espalhamos (Rocco, 288 pp, R$ 69,90 – Trad.: Maira Parula), explora questões de conformidade, arte, produtividade, relacionamentos e do que, em última análise, significa envelhecer.