O poeta Bráulio Bessa está toda semana na TV. Ele integra o casting fixo do programa Encontro com Fátima Bernardes (TV Globo) onde trabalha como uma espécie de consultor de cultura nordestina. Seu livro Poesia que transforma (Sextante) acaba de estrear na lista com 1.624 cópias vendidas nessa semana. Isso lhe garantiu o posto de número cinco da Lista de Ficção e o 19º lugar da Lista Geral. Esse é o segundo livro de Bráulio na lista. Em agosto do ano passado, ele estreou com Poesia com rapadura (Cene). Bráulio não é o único a trazer novidades de peso para a lista dessa semana. Você e outros pensamentos que provocam arrepio (Sextante), de Fred Elboni, um velho conhecido desse ranking, estreia na lista em grande estilo, vendendo 1.936 exemplares o que lhe rendeu a posição de número 15 da Lista Geral. Clique no Leia Mais e confira outros destaques da lista dessa semana.

A Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) existe desde 2003 e nessa trajetória sofreu várias transformações. Acompanho as últimas oito edições da Flip e nesse tempo presenciei eventos com muitos recursos financeiros e programações concorridas. Mas também presenciei edições tendo de se adequar à crise financeira e falta de investimentos, encolhendo a programação e diminuindo as atividades. Vi curadores tentando agradar a gregos e troianos. Mudanças que mostram uma Flip antenada nas demandas e nas diferentes possibilidades de se debater o universo literário. Em 2017, vivenciei outra mudança na Flip. O olhar sensível e transgressor da curadora Josélia Aguiar levou outras vozes da literatura para o evento e apresentou uma Flip de muitas mulheres, uma Flip da voz negra, que ecoou na Igreja Matriz, nas pedras, nas ruas do centro histórico e nas casas parceiras. Mas, minha percepção está me dizendo que em 2018 vamos ver mais uma mudança dessa camaleônica Flip. Começo a desconfiar que a tão aclamada programação oficial da tenda principal, a qual se tem acesso pagando o valor de 55 reais, corre o risco de ficar um pouco esquecida pelo público. A curadoria fez um excelente trabalho e a programação é muito boa. Mas a minha leitura é que ao redor dessa tenda principal uma “nova aldeia” está se formando, com uma programação bastante consistente, diversificada, sedutora e ainda com a vantagem de ser grátis! Clique no Leia Mais para ter acesso à íntegra dessa coluna em que Volnei faz uma leitura da Flip 2018 e destaca ainda algumas casas literárias parceiras do evento e suas programações.

O recém-restaurado Cinema de Paraty será palco da estreia mundial de Hilda Hilst pede contato, longa-metragem dirigido por Gabriela Greeb e que reúne arquivos pessoais de som e de imagem, entrevistas, encontros e intervenções pessoais que buscam a memória e a presença de Hilda Hilst, a homenageada da Flip desse ano. A sessão inaugural acontece na quinta-feira (26), às 21h30. A entrada é gratuita e os ingressos serão distribuídos na porta do cinema, com uma hora de antecedência.

A Casa Fedrigoni estará de portas abertas durante a Flip (25 a 29/07). O espaço é inteiramente dedicado ao universo do papel e à cultura gráfica e está localizado na Av. Octávio Gama, 142 (Beira Rio) – a menos de 100 metros da Tenda dos Autores, principal palco do evento. Mais de três toneladas de papel serão transformadas em criatividade com a participação direta do público visitante, por meio de serigrafia, tipografia, gravura, caligrafia, corte e dobra, encadernação, engenharia de papel, colagem, estêncil, caricatura, pintura, desenho e outras linguagens. Sob curadoria de Ric Peruchi e Estela Vilela, oficinas, minicursos e interações; debates e reflexões sobre a materialidade do livro e o mundo gráfico; exposições de livros de artista, capas e telas; performances e apresentações musicais compõem mais de 90 horas de programação. O acesso a todas as atividades é inteiramente gratuito. A casa é uma iniciativa da Fedrigoni, maior fabricante global de papéis especiais, em parceria com a Associação Brasileira de Encadernação e Restauro (Aber) e o Instituto Europeu de Design (IED). Inscrições para cursos e oficinas podem ser feitos diretamente pelo site da casa.

Apenas com alguns meses de vida, mas com muita experiência na bagagem, a agência literária Authoria, de Alessandra Ruiz já chega na Flip com dois eventos. Na primeira mesa, O autor nacional no mercado editorial de hoje, que acontece no dia 26 de julho, às 16h45, Alessandra conversa com André Fonseca (Editor da Planeta), Pedro Almeida (publisher da Faro Editorial), Sintia Mattar (diretora executiva da Trevisan Mattar) e Mariana Rolier (gerente editorial HarperCollins Brasil) sobre os desafios que os autores enfrentam no nosso mercado. Já na sexta (27), às 12h15, o papo é na cozinha, na companhia de Leonardo Neto e Fred Elboni, no Panela de Histórias. O editor do PublishNews recebe o autor e a agente para falar sobre carreira, escrita e fazer um aperitivo delicioso para todos degustarem. Além, claro, de uma cerveja geladinha. Os dois eventos acontecem na Casa Santa Rita da Cassia (Rua Dr. Pereira, 396).

A Índia será o país homenageado pela Feira Internacional do Livro de Guadalajara (FIL) em 2019. O anúncio foi feito nesta quinta-feira em uma coletiva de imprensa realizada na embaixada da Índia na Cidade do México. Raúl Padilha López, presidente da FIL destacou a importância da participação da Índia no evento: “Para a FIL é um motivo de orgulho e celebração que a Índia tenha aceitado ser o nosso homenageado no ano que vem. Será uma ocasião perfeita para o encontro cultural e para que nossas indústrias editoriais construam pontes e se enriqueçam”. Segundo levantamento da Feira, que reúne normalmente mais de 20 mil profissionais de mais de 40 países, a indústria editorial indiana colocou no mercado mais de 120 mil títulos no ano passado, publicados em 24 línguas e exportados a 120 países. A National Book Trust of India (NBT) será a agência que coordenará a presença da Índia em Guadalajara. Em 2019, a FIL acontece de 30 de novembro a 8 de dezembro.

Parceria entre o Plano Municipal do Livro, da Leitura e da Biblioteca (PMLLB) de Salvador com a Secretaria Municipal de Educação, a terceira edição do Prêmio Jorge Amado de Literatura 2018 está com as inscrições abertas. A ação tem como objetivo estimular a leitura e a produção literária dos alunos matriculados no Ensino Fundamental I e II e Educação de Jovens e Adultos (EJA) na rede municipal de ensino de Salvador. Os estudantes concorrem nas categorias poesia, conto, romance, história em quadrinhos e videoclipe. Serão premiados três alunos por categoria, sendo que o primeiro lugar ganhará R$ 4 mil, o segundo R$ 3 mil e o terceiro R$ 2 mil. O resultado final do concurso será publicado no Diário Oficial do Município até o dia 31 de outubro e para conferir o edital completo, clique aqui.

O carismático filhote de Tiranossauro Rex, considerado uma espécie de alter ego de Mauricio de Sousa, é a estrela da nova graphic novel Horácio – Mãe (Graphic MSP / Panini, 96 pp, R$ 31,90), assinada por Fabio Coala. Na história, Horácio está sozinho no mundo, mas não se conforma de não conhecer a mãe. Então decide procurá-la em uma aventura cheia de percalços, afeto e descobertas. Do jeito que a vida realmente é. Com um traço encantador, o autor destaca as principais características do personagem: a ternura, a obstinação e a esperança. Uma reinterpretação tão quanto ousada e emocionante. A obra é o 19º álbum lançado pelo selo Graphic MSP, no qual autores brasileiros são convidados a reimaginar os clássicos personagens de Mauricio de Sousa, em seus próprios estilos. Nos dias 4 e 12 de agosto, às 15h, o autor Fabio Coala autografará a obra na 25ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo.

Desenhados um para o outro (Quadrinhos na Cia, 272 pp, R$ 69,90) é um retrato hilariante dos Crumb, um casal singular na sua excentricidade e adoravelmente infame. O livro documenta a saga do relacionamento boêmio dos dois, retratando a confusão, a violência e a constante sordidez que é o dia a dia da chez Crumb: colapsos nervosos, neuroses, desastres na educação dos filhos, conjunções carnais repletas de fluidos e muito mais. As histórias começam nos morros do norte californiano, com singelos passeios pela Haight-Ashbury, e vão até uma louca e malfadada aventura pelo deserto do Arizona. Os hippies dos anos 1970, os yuppies dos anos 1980, o nascimento da filha Sophie, o êxodo do casal para a França, está tudo aqui. Este volume mostra como essas duas almas profundamente cativantes, neuróticas e atormentadas encontraram a redenção ao se autodesenhar.

Uma irmã (Nemo / Autêntica, 216 pp, R$ 47,90), graphic novel escrita por Bastien Vivès, retrata a chegada da adolescência inspirada em sua própria experiência, unindo ficção e lembranças para apresentar Antoine, o personagem principal. Antoine, de 13 anos, tem suas férias transformadas por Hélène, uma garota três anos mais velha que lhe desperta os desejos mais genuínos e encantados do primeiro amor. Antoine vive os dias mais intensos de sua vida, repletos de emoção e incertezas. Por meio de um traço quase minimalista, Vivès transporta o leitor para um verão europeu cheio de descobertas e primeiras vezes, numa narrativa cinematográfica em duas cores. Por meio de uma atmosfera de tensão dramática que vai além do erotismo, a obra possui a fisionomia e uma família muito parecidas com as de Vivès, fazendo com que a história semeie a confusão entre ficção, autobiografia e autoficção para explorar um campo narrativo já característico do autor.

Mondo Sama (Noir, 160 pp, R$ 49,90) reúne quadrinhos autorais e confessionais sem qualquer tipo de auto-censura escritos por Eduardo Filipe Sama. Nesta obra há o que se pode chamar de arte da militância, onde nada é gratuito ou descartável. Sama vive em Portugal há anos, onde, aliás, milita por esse país mais que muitos de seus compatriotas. Essa curiosidade tem a ver com as 20 histórias que fazem parte do álbum em que ele mistura vivência do cotidiano, pensamentos inconformistas e uma espécie de filosofia adquirida vida afora – das decepções, frustrações, tristezas, alegrias, prazeres e orgasmos. Ele não esconde referências a autores hoje cultuados, vindos do underground e do submundo de uma cultura genuína, porém rotulada de maldita, condenada e combatida. Do brasileiro Carlos Zéfiro aos filmes de pornochanchada da Boca do Lixo paulistana, do americano Robert Crumb ao italiano Guido Grepax.

Num cenário que parece pertencer a outra realidade, duas criaturas caminham rumo a um lugar. Durante essa jornada, encontram outras criaturas, envolvidas em seus afazeres e dúvidas. A partir deste esqueleto enganosamente simples, Bianca Pinheiro e Greg Stella criaram um dos mais assombrosos quadrinhos brasileiros dos últimos anos. Jogando para o ar as convenções do gênero, os autores construíram uma comédia que é dramática, um mistério que não pede resposta, um cenário que não tem lugar. Eles estão por aí (Todavia, 216 pp, R$ 54,90) é um convite para uma viagem insólita, sem rumo definido e nem regras claras. Uma obra de arte do universo dos quadrinhos do Brasil. Bianca Pinheiro é autora da série Bear, do álbum Alho-poró e do livro Mônica: força. Já Greg Stella é autor de Meu pai é um homem da montanha e do fanzine Nas dobras do mundo.