Uma das novidades do ano foi que pesquisadores da engenharia da Unifei sintetizaram as vozes de Carlos Drummond de Andrade e de Candido Portinari – as vozes lerão, na abertura do evento, cartas trocadas pelos dois artistas. O PublishNews adianta com exclusividade como ficou o experimento:
O Flitabira inaugura na cidade um “circuito cultural”, que começa abaixo da Rua Tiradentes e termina na Casa de Drummond, na Praça do Centenário. A montagem inclui estabelecimentos de gastronomia e artesanato, palco onde se apresentarão os músicos de viola caipira, descendo para a livraria com espaço para crianças e terminando no auditório, todos edificados no meio da Rua Major Lage, lugar em que se localiza a casa onde o poeta morou.
O ponto alto do Festival acontecerá no dia 4 de novembro, sábado, às 21h, quando a escritora Conceição Evaristo receberá o Prêmio Juca Pato de Intelectual do Ano, outorgado pela UBE – União Brasileira de Escritores –, seguido de mesa de debate com a Ministra Cármen Lúcia.
O Festival começa no dia 31 de outubro, aniversário de 121 anos de Carlos Drummond de Andrade, com exibição no YouTube do Flitabira da sessão de leituras de cartas do poeta feitas por atores, atrizes e escritores. Paralelamente, no Twitter, acontecerá o Concurso Nacional de Palíndromos CDA, o #desafiopalindromoCDA121, sob a curadoria de Leo Cunha e Ricardo Cambraia, experts no assunto. Tudo porque 121 é um palíndromo. O professor Pasquale Cipro Neto foi convidado para ser jurado.
A abertura oficial será no dia 1.º de novembro, às 18h, com falas dos curadores Afonso Borges e Sérgio Abranches e de Fabiano Piúba, Secretário de Formação, Livro, Leitura, representando a Ministra da Cultura, Margareth Menezes. Em seguida, haverá leitura de cartas de Drummond e Portinari feitas por Pedro Drummond e João Candido Portinari, culminando com o início do I Festival Literário de Viola Caipira, com o músico Ivan Vilela, em aula-espetáculo.
Nos demais dias, entre 2 e 5/11, cerca de 100 escritores e escritoras participarão de palestras, debates, aulas-espetáculos e sessões de autógrafos para todas as idades: infantil, infantojuvenil e adulto. Para compor as mesas, entre os autores confirmados estão Aílton Krenak, Alexandre Amaro, Andréa Pachá, Ministra Cármen Lúcia, Conceição Evaristo, Eliana Alves Cruz, Estevão Ribeiro, Eugênio Sávio, Fabrício Carpinejar, Fabrício Conde, Flávia Rocha, Ivan Vilela, Jamil Chade, Jefferson Tenório, João Carrascoza, João Candido Portinari, José-Manuel Diogo, Leo Cunha, Kakay, Lívia Sant’Anna Vaz, Márcia Kambeba, Márcia Tiburi, Marco Lobo, Marcello Dantas, Marcos Assunção, Maria Ribeiro, Mariana Paz, Paloma Jorge Amado, Pasquale Cipro Neto, Paula Pimenta, Pedro Drummond, Raquel Cané, Rejane Dias, Ricardo Prado, Ricardo Ramos Filho, Roberto Corrêa, Rodrigo Lacerda, Rogério Robalinho, Rosa Freire d’Aguiar, Sérgio Abranches, Silvana Gontijo, Simone Paulino, Tino Freitas, Trudruá Dorrico e Wagner Schwartz.
Em um palco montado na área de Gastronomia, acontece o I Festival Literário de Viola Caipira, com alguns dos mais destacados violeiros do País – todos eles escritores: Roberto Corrêa, Marcos Assunção, Ivan Vilela e Fabrício Conde –, em shows e aulas-espetáculos.
Outras atrações compõem o Festival, como a exposição “Portinari Negro”, já instalada na Praça do Areião, com 42 reproduções de telas de Candido Portinari, expostas em painéis de 3 metros de altura. A seleção e curadoria são do Projeto Portinari, fundado em 1979 por João Candido Portinari, fundador e diretor-geral da instituição, que estará no festival. A exposição esteve em cartaz, com sucesso de público de crítica na cidade de Paracatu. A entrada é gratuita.
O tradicional Concurso de Redação já mobiliza toda a comunidade estudantil da cidade, desta vez, com o tema “Escreva para o Poeta”, em que os concorrentes, de idades que variam entre 8 e 18 anos, vão redigir carta endereçada a Drummond depois de lerem um poema do escritor mineiro.
O encerramento do Flitabira, no domingo, dia 5/11, será dedicado à programação infantil e infantojuvenil, com debates, recreação, lançamentos de livros e muita brincadeira na Praça do Centenário, tendo como estrela principal a escritora Paula Pimenta.
Uma obra epistolar
Carlos Drummond de Andrade escreveu cartas durante toda a sua vida. As correspondências com seus amigos são verdadeiras obras-primas da literatura epistolar brasileira, segundo o festival. O poeta mineiro tinha o hábito de trocar cartas com diversos amigos ao longo de sua vida, e essas correspondências revelam muito sobre sua personalidade, seus pensamentos e suas relações pessoais.
Entre os amigos mais frequentes de Drummond, estavam Mário de Andrade, Pedro Nava, Alceu de Amoroso Lima, Silviano Santiago, Fernando Sabino, Tristão de Athayde, Cyro dos Anjos, Abgar Renault, entre tantos outros. Com esses e outros amigos, Drummond trocava ideias sobre literatura, política, filosofia e assuntos cotidianos, sempre com muita inteligência e humor.
Nas cartas, é possível perceber a sensibilidade do Poeta e sua capacidade de se colocar no lugar do outro. Ele demonstra empatia pelos problemas e preocupações dos amigos, oferecendo conselhos e palavras de conforto quando necessário. Além disso, as correspondências de Drummond também são registro histórico importante, abordando acontecimentos da vida do nosso País.
Mas sua rotina diária de escrever cartas não se limitava aos amigos. Ele nunca deixou de responder a nenhuma correspondência que um autor, conhecido ou inédito, lhe enviasse. Mesmo que fossem palavras breves, eram sempre estímulo ao exercício da escrita, à leitura e ao amor às palavras. No fim da vida, abandonou a letra cursiva e passou a utilizar a máquina de escrever. Mas, seguramente, centenas de pessoas anônimas trocaram correspondências com o autor de “A máquina do mundo”.
O Flitabira
Criado pelo jornalista Afonso Borges – que é também o idealizador do sempreumpapo.com.br, há 37 anos em atividade, do Fliaraxá, há 11 anos, e do recém-inaugurado Fliparacatu – , o Flitabira realizará sua terceira edição entre os dias 31 outubro e 5 de novembro de 2023, celebrando 121 anos de nascimento do poeta Carlos Drummond de Andrade.
As atividades acontecem tanto de forma presencial, na Praça do Centenário, quanto on-line, pelo canal no YouTube do Festival. O Flitabira tem o patrocínio do Instituto Cultural Vale, via Lei de Incentivo à Cultura, a Lei Rouanet, do Ministério da Cultura, com o apoio da Prefeitura de Itabira e da UBE – União Brasileira de Escritores.
