É engraçado como, às vezes, me pego no meio de uma discussão sobre o futuro isso, futuro aquilo... E não me dou conta do quanto esse tipo de discussão filosófica é inútil (desculpe, acadêmicos, sou da produção... e desculpe a repetição, mas não me canso de bater nesta tecla). Até hoje nunca me deparei com um estudo sério sobre os hábitos de leitura e consumo de nativos digitais brasileiros (se alguém tiver ou souber de algo a respeito, me envia?!). Ninguém entende o que eles verdadeiramente querem e o que eles verdadeiramente vão usar na hora de consumir literatura. Vamos arriscar uns chutes?
Toda vez que vejo um grupo de adolescentes de classe média, eles estão com smartphones na mão. No metrô ficam mandando mensagens e vendo Facebook o tempo todo. Postam no Facebook tudo o que fazem e para onde vão, ligados ao GPS do aparelhinho bonitinho (ok, tenho um também!).
No Congresso do Livro Digital de Bogotá, ouvi de um palestrante (fico devendo a na próxima coluna) o termo “imigrante digital”. Nunca ouvi uma definição tão certa para tal realidade. Como faremos produtos digitais para essa geração mobile de nativos hi-techs, se somos imigrantes digitais?
Bom, Schwarzenegger era um imigrante e se encaixou tão bem na sociedade estadunidense que virou “Governator”. Viu? Então nós também temos chances: vamos estudar as necessidades dos nativos digitais, entender o que eles fazem e, a partir daí, desenvolver o que eles realmente vão consumir? #sugestao
Corremos um risco enorme de, quando voltarmos nossa atenção para isso (depois de muito falar e imaginar e escrever), já ser tarde demais... E vamos ter que encarar nossas crianças (já alfabetizadas em inglês) só consumindo produtos de fora do país... O que quero deixar claro não é a visão pessimista. Quero mostrar aos editores a chance de ouro que temos de produzir conteúdo autenticamente brasileiro e sair por aí, espalhando pelo mundo, em diversas línguas. Usando a internet no que ela tem de melhor: interconexão, globalização... Bem, deem o nome que julgarem melhor. O papel de desenvolvimento e direcionamento de bom conteúdo continua sendo do educador. E não tem jeito. Por enquanto, nada substitui (ufa!).
A questão a ser discutida não é mais se o e-Ink é melhor que a tela do tablet. A questão é como desenvolver conteúdo de qualidade, literário, para dispositivos móveis.
*Aguardando feedbacks via email! camila.cabete@gmail.com.
Camila Cabete (@camilacabete no Twitter e Instagram) tem formação clássica em História. Foi pioneira no mercado editorial digital no Brasil. É a nova Head de Conteúdo da Árvore e a podcaster e idealizadora do Disfarces Podcast.
camila.cabete@gmail.com (Cringe!)
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