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Conheça os ilustradores alemães na Bienal
PublishNews, 19/08/2013
A Alemanha é o país homenageado no evento. Na coluna de hoje, um perfil de cada um dos ilustradores convidados.

Por Sabrina Gab

“Acho que é importante sentir a energia das mãos ao desenhar.” A frase é de Julia Friese, ilustradora alemã. Julia divide seu trabalho e a paixão pelo desenho com seus colegas Axel Scheffler, Ole Konnecke e Reinhard Kleist. O quarteto de ilustradores exibirá, de 29 de agosto a 8 de setembro suas obras no Rio, como parte do programa da participação da Alemanha como país convidado na Bienal do Livro, organizada pela Feira de Frankfurt e pelo Instituo Goethe, que convidou os ilustradores. Antes de fazerem as malas, eles responderam oito perguntas sobre o trabalho.

E, quem sabe, talvez, pelo menos um deles faça um livro sobre o Rio após a visita, já que ele busca inspiração em lugares urbanos e temas sociais nas suas histórias. Leia a entrevista e descubra quem é! Ou visite o estande da Alemanha (Pavilhão Azul, H09/G10), onde os ilustradores farão workshops para crianças e adolescentes.

Alex Scheffler,nasceu em 1957, em Hamburgo. Em 1982 mudou-se para a Inglaterra para estudar ilustração na Bach Academy of Art e finalmente se estabeleceu em Londres, onde vive e trabalha até hoje. Em 1993 ilustrou seu primeiro livro para Julia Donaldson, dando início a uma parceria de grande sucesso. O Trufalhão, seu best-seller premiado, foi traduzido para 50 idiomas e já vendeu 5 milhões de cópias em todo mundo. A versão em português de O Trufalhão foi publicada em 2008 pela Editora Verbo. Saiba mais sobre seu trabalho nos links abaixo:

http://www.grufallo.com

http://www.worldofpipandposy.com

http://www.theguardian.com/chilrens-books-site/video/2013/feb/13/julia-donaldson-axel-scheffler-squash-squeeze-video

Ole Könneche nasceu em 1961, em Göttingen, e trabalha como ilustrador em Hamburgo. Seu livro de ilustração premiado Wie ich Papa ie Angst vor Fremden nahm, baseado em um texto de Rafik Shami e nos livros de Anton foram publicados pela Hanser. Anton Sabe Fazer magia ganhou o prêmio de melhor livro ilustrado em 2008 na Holanda, e Das groBe Buch der Bilder und Worter, foi indicado, em 2011, para o German Youth Literature Prize (Prêmio de Literatura Jovem da Alemanha). Os livros alemães Vai, você consegue!, e O Segredo de Anton foram publicados respectivamente pela Brinque-Book em 2012 e pela WMF Martins Fontes em 2010.

http://www.hanser-literatureverlage.de/autoren/autor.htm?id=23375

Reinhard Kleist nasceu em 1970 em Hurth, e estudou desenho gráfico em Munster. Atualmente mora em Prenzlauer Berg, onde trabalha como ilustrador de livros, especialmente graphic Novels, CDs, publicidade e animação. Em 2006 o livro Cash – I see a darkness, sobre Jonny Cash, foi traduzido para o francês, espanhol, holandês, grego, italiano e português. Reinhard passou um mês em Cuba em 2008, o que resultou em um livro de viagem publicado no mesmo ano, já traduzido para o grego e coreano. Ele também usou esta viagem para fazer uma pesquisa de um livro sobre Fidel Castro, que em 2010 foi lançado na Alemanha e traduzido para inglês, espanhol, francês, português, esloveno, italiano e chinês. Em junho de 2010 seu livro Der Boxer foi publicado na Alemanha pela Carlsen. Na Bienal do Livro do Rio, Reinhard lançará a edição do livro em português pela editora 8inverso.

Julia Friese nasceu em Leipzig, em 1979. Estudou ilustração e desenho gráfico no National College of Art and Design de Dublin e na Faculdade de Belas Artes de Bilbao. Julia se formou na Academy of Visual Arts em Leipzig, 2006. Seu livro Alle seine Entlein (Bajazzo, 2004), do autor Christian Duda, foi publicado em nove idiomas e indicado para o German Youth Literature Prize em 2008. Julia foi convidada pelo Instituo Goethe para dar workshops em sete cidades do litoral brasileiro em 2011. Mas em agosto fará sua primeira visita ao Rio de Janeiro.

http://www.juliafriese.com

Qual seria sua profissão, se não fosse ilustrador?

Axel Schefe:Não saberia fazer outra coisa – talvez gari?

Julia Friese: Às vezes, quando tenho que passar muito tempo sentada em frente a minha escrivaninha, fico imaginando que gostaria de trabalhar ao ar livre... Talvez jardineira, produtora de filmes sobre a vida selvagem ou guarda florestal, por exemplo.

Reinhard Kleist:Seria ótimo se eu fosse um arquiteto, porque constantemente fico chateado com a porcaria medíocre que aparece em cada esquina de Berlim. Ou quem sabe vendedor de produtos orgânicos.

Ole Könnecke: Quando eu era criança, queria ser um cowboy.

Descreva seu estilo e local de trabalho. Quais materiais você precisa para trabalhar?

A.S.: Primeiro, eu sempre faço croquis a lápis. Depois, coloco estes croquis na minha mesa de luze traço as imagens a lápis no papel de aquarela. Então, contorno os desenhos com tinta preta e em seguida pinto com aquarela. Por último, uso lápis de cor nas bordas para deixar as cores bem fortes. Tento dar um pouco de humor às minhas pinturas e usar um tipo de estilo natural.

J.F.: Acho que é importante sentir a energia das mãos ao desenhar, e gosto de deixar traços do processo de trabalho. Meus desenhos são sempre no papel, mesmo quando uso o computador para editar. Meu local de trabalho tem uma mesa branca bem grande, um armário enorme onde guardo materiais e trabalhos, uma impressora pequena, uma parede cheia de notas, croquis e recortes, potes cheios de pincéis e lápis, caixas com cores e pigmentos.

R.K.: Trabalho de modo realista. Meus desenhos devem arrastar o leitor para a história e não deixá-lo de lado, admirando as belas linhas. As reações mais bonitas que meus livros produzem são quando as pessoas me dizem que, para elas, os personagens são vivos. E, no final, como em Boxer, até corre uma lágrima. Meu local de trabalho é bem limpo. Para mim, limpar o escritório antes de começar a trabalhar funciona como uma terapia. Areja minha cabeça.

O.K.: Frequentemente ouço que meus desenhos se parecem com os de histórias em quadrinhos. Meu local de trabalho: duas mesas, uma para desenho, outra para o computador. Preciso de papéis, muitas canetas um scanner e photoshop.

O que acontece quando recebe um texto? Por onde começa o trabalho?

A.S.: Começo a desenvolver o personagem principal da história. Junto com o editor e diretor de arte nós determinamos o layout da pagina e o que deve aparecer nas ilustrações. E só então eu começo a desenhar.

J.F.: Ao abordar uma história, começo com muitos, muitos croquis pesquisando os personagens, o estilo e técnica. Então eu desenho, pinto ou imprimo, penso, corto e colo, jogo fora, desenho novamente, entro em desespero, desenho novamente, me alegro com um desenho bem feito, continuo a desenhar... Quando tudo fica pronto, eu escaneio e edito as imagens, pesquiso uma tipografia apropriada, e, bem no finalzinho, quando termino o livro, busco um editor adequado.

R.K.: Começo fazendo croquis dos personagens. E também eu decido, bem devagar, o estilo que vou usar. Para o The Boxer decidi usar um estilo mais tradicional, baseado em quadrinhos de jornais dos anos 40 ou 50. Então, eu começo com um layout da página, onde também eu anoto o local do texto, quantas imagens eu preciso em cada página e quantas páginas serão no total. Depois faço os croquis a lápis e passo tinto em tudo. Por último, mando escanear e processar as páginas no photoshop novamente e acrescento os balões da fala e o texto.

O.K.: Eu mesmo escrevo praticamente quase todo o texto e vou desenhando ao longo do processo. Para mim, é importante conhecer muito bem os personagens que você quer desenhar.

O que os personagens precisam ter para você gostar de trabalhar com eles?

A.S.: Na verdade eu prefiro os tipos levemente bizarros, como o “Stockman” ou “Rauber Ratte”

J.F.: É divertido inventar personagens que eu gostaria de encontrar na vida real.

R.K.: Eles devem ser refratários como Cash, Fidel Castro ou Hertzko. Elvis, por exemplo, foi mostrado no livro, e, infelizmente, como sendo muito educadinho.

O.K.: Eles têm que me surpreender e ser interessantes.

Como você lida com o processo criativo e as demandas de prazo e os pedidos dos editores?

A.S.: De fato, eu tenho que entrar em acordo com meus editores ingleses desde o princípio dos meus projetos de ilustração, porque eles geralmente têm ideias bem claras sobre o que querem de mim. Mas o acordo não é ruim, já que é voluntário, e talvez até contribua para o sucesso dos livros.

J.F.: Isso depende muito do contexto e do trabalho. O mercado editorial gosta de rotular os livros em diferentes categorias – definindo a idade do público, decidindo se a obra será um livro com ou sem ilustração, etc. Se a historia não se encaixar em uma categoria, talvez demore um pouco para encontrar um editor. Mas, durante o processo de trabalho, não fico preocupada com isso. Quero contar uma história e encontrar imagens e palavras que transmitam melhor esta história.

R.K.: Mesmo com essa onda de Graphic Novels, eu sei que edições complexas são difíceis de vender. Muitos livros são comprados como presentes. Um livro como The Boxer nunca venderá muito. Quem gostaria de dar um livro como O Holocausto de presente? Então tenho que encontrar outra maneira de distribuição e de pré-financiamento. A publicação no “FAZ” foi uma grande ajuda. Espero que o mesmo ocorra para a história de Samia Yusuf Omar.

O.K.: Eu não me identifico muito com isso. Mas isso também porque sou o meu próprio autor.

Quem são os seus modelos?

A.S.: Na verdade eu não tenho modelos reais, mas existem, é claro, muitos ilustradores que admiro muito. Tom Ungerer talvez seja o mais importante para mim, cujo trabalho eu descobri na adolescência. Gosto dos livros de Edward Gorey, Sempé, Willian Steig.

J.F.: Atualmente estou apaixonada pelos desenhos de Isidro Ferrer, os livros de Dervla Murphy, as ilustrações de Javier Zabala. Recentemente estive na Feira do Livro da Nicarágua onde comecei a ler a biografia de Giconda Belli – muito interessante e tocante.

R.K.: Gostava mais de artistas visuais como Dave Mckean e Kent Willieans, hoje em dia eu gosto de bons contadores de histórias como Will Eisner ou Baru.

O.K.: Muitos me influenciaram de uma maneira ou de outra. Admiro Tomi Ungerer, Sempé e Crockett Johnson.

Como você se desenharia e o que não poderia faltar?

A.S.: Tenho uma versão de mim mesmo que na verdade não se parece comigo. O que não poderia faltar? Infelizmente, provavelmente minha barriga que cresce a cada dia.

J.F.: Não faço esse exercício há muito tempo. Provavelmente eu teria um corte de cabelo todo desajeitado. E uma roupa bem colorida.

R.K.: Eu odeio uma descrição realista de ilustradores sentados em frente a sua mesa de trabalho. Isso é chato demais, nunca teria a ideia brilhante de ilustrar um gibi autobiográfico! Minha vida não é tão interessante assim. Então acho que, provavelmente, eu me desenharia sentado em frente do meu studio num café em Prenszlauer, em Berlim, falando mal dos hipsters com meus colegas.

O.K.: Comprido e com óculos.

Teria alguma coisa para nos dizer sobre o seu projeto atual?

A.S.: Acabei de começar a trabalhar num texto novo de Julia Donaldson: a história de casamento de um espantalho.

J.F.: Acabei de preparar o material para a impressão de um novo livro, que foi criado junto com o autor Christian Duda e será publicado no início do próximo ano. E agora estou empacada no meio de um novo livro de poemas do autor Jorge Lujan que mora no México.

R.K.: No momento estou trabalhando na história de Samia Yusuf Omar, a atleta que representou a Somália nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. Também tenho uma série na Revista de Berlim, “Zitty”, que é chamada o Mito de Berlim.

O.K.: Estou trabalhando num livro ilustrado em formato grande, se chamará “O Grande Livro do Mundo Inteiro”.

Veja galeria de fotos e ilustrações.

O negócio do livro na Alemanha vai bem – e é muito produtivo: cerca de 80 mil novos títulos são publicados todo ano, e as vendas geram um faturamento anual de 9,52 bilhões de euros. Mas quem são os atores no cenário do livro e do mercado editorial na Alemanha? Quais regras específicas se aplicam ao mercado alemão – do preço do livro ao Börsenverein? Em virtude da participação da Alemanha em 2013 como país convidado de honra na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, e do Brasil como país convidado de honra na Feira do Livro de Frankfurt no mesmo ano, a Feira de Frankfurt preparou uma série de artigos sobre o mercado editorial na Alemanha.

** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.

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