Do final da década de 1980 até 2013, Clarice Lispector ficou praticamente esquecida pelos leitores alemães. Foi daí que a Schöffling & Co publicou O lustre, que ganhou grande repercussão e foi eleito como um dos melhores livros do ano por um programa de rádio. Em poucos dias, a editora viu a tiragem de três mil exemplares se esgotarem nas livrarias alemãs. O sucesso fez a Schöffling investir na compra de outros dois títulos que saíram agora, em fevereiro: A hora da estrela, traduzida por Luis Rubi (que também traduziu O lustre), e Perto do coração selvagem, romance de estreia da autora, traduzido por Ray-Güde Mertin e Corinna Santa Cruz. A editora recebeu, na manhã desta segunda-feira (22), a visita de uma missão de editores independentes brasileiros que estão na Alemanha durante essa semana para uma série de encontros com o objetivo de estreitar as relações entre os dois países. O grupo de editores está no País a convite do governo alemão, ciceroneado pela Feira do Livro de Frankfurt e acompanhado pelo PublishNews. Clique no Leia Mais e saiba como foi o primeiro dia oficial da missão brasileira na Alemanha.

Em sua coluna dessa semana, Roney Cytrynowicz – autor de Guerra sem guerra (Edusp / Geração Editorial) e Memória da barbárie (Edusp), ambos sobre a Segunda Guerra – faz uma reflexão sobre um dos temas mais polêmicos de 2016: a publicação de Minha luta, livro escrito por Adolf Hitler que, no começo do ano, caiu em domínio público. O acirrado debate jurídico em torno de liberar ou proibir a edição de Minha luta é consequência dos terríveis significados que a presença deste livro e de seu autor têm na história do século 20. Ver Minha luta na vitrine de uma livraria, e o nome de A.H. como autor, é como voltar a 1933 e ver a propaganda nazista circulando livremente. Entendo que o livro deve ser transformado em documento histórico. Ou seja, não se trata de publicar o livro Minha luta, mas de publicar um livro que contém o documento histórico com este nome. Não é um jogo de palavras. É uma distinção fundamental. Minha luta deixa de ser o título e A.H. deixa de ser o autor do livro e a edição passa a ser a de um livro que apresenta o documento e a história em torno dele. Clique no Leia Mais e veja a íntegra da coluna dessa semana.

Marina Colasanti está de viagem marcada para a Alemanha, em março. Ela vai promover a sua autobiografia Minha guerra alheia, que ganhou tradução de Markus Sahr e será publicado pela editora Weidle, ainda em fevereiro. Na viagem, Marina deve passar por Frankfurt para uma noite de leitura que integra a programação do Centro Cultural Brasileiro em Frankfurt (CCBF). Nesta segunda-feira (22), os diretores do CCBF se encontraram com os editores brasileiros que estão na Alemanha a convite do governo de Angela Merkel. No encontro, que aconteceu na livraria TFM, especializada em língua portuguesa, Judith Schleyer, diretora de literatura do centro cultural, ressaltou a importância do trabalho que o CCBF tem realizado: "é uma gotinha de água na pedra dura para não deixar morrer o investimento que foi feito em 2013, quando o Brasil foi o país homenageado da Feira do Livro de Frankfurt". Nos últimos anos, a série de leituras do CCBF já recebeu autores como Luiz Ruffato, Eliane Brum, Ricardo Lísias e Fernando Bonassi.

Na edição passada da Feira do Livro de Frankfurt, o estande brasileiro ganhou uma novidade: um miniauditório no qual autores e editores se revezaram para falar um pouco sobre a realidade da indústria do livro no País. A experiência não será repetida em 2016. O estande brasileiro, que no ano passado tinha quase 250 m², perdeu novamente esse espaço e ficará menor. Algo entre 150 e 180 m², disse Luiz Alvaro Salles Aguiar Menezes, gestor do Brazilian Publishers (BP), projeto setorial resultado da parceria entre a Câmara Brasileira do Livro (CBL) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex). Clique no Leia Mais e saiba as razões.

Não era apenas a estreia de um novo profissional. Começava um tempo mais austero no mercado de livros. Carlos Andreazza participava de sua primeira Feira do Livro de Frankfurt como editor-executivo, em 2012, na área de títulos estrangeiros do Grupo Editorial Record, um dos maiores do país. "Fui recebido como um rei. Todos queriam me dar as boas-vindas." Naqueles dias, o Brasil parecia robusto em meio à crise mundial. Quando acabou o evento, o mais concorrido internacionalmente na área, ele havia comprado apenas três títulos. "Quebrei as expectativas. Antes, três títulos era o que se acertava a cada reunião. Entenderam que tudo tinha mudado." Seletivo nas escolhas para não desperdiçar em títulos de resultado incerto, o jovem editor intuía que o autor nacional ocuparia mais espaço - e daria para diminuir a contratação de estrangeiros. Com a alta do dólar, a decisão se revelou acertada financeiramente. Nas conversas com Sérgio Machado, presidente do grupo, Andreazza entendera que havia um cenário artificial, com adiantamentos altos. "Ele estava certo. Havia algo errado ali e em dólar. Aquilo era insustentável." O investimento em dólar decorre hoje de "longo exame". "Percebo que editores vão a Frankfurt para se explicar, para dizer que o sonho acabou, a fonte secou, para renegociar etc. Viajam para dar satisfação por terem pisado no chão. Seria desesperador ter minha programação dependente de lançamentos estrangeiros."

A abertura oficial do 14º Salão de Negócios da Associação Brasileira de Difusão do Livro (ABDL) aconteceu na última segunda-feira (22). Na cerimônia, Leandro Carvalho, presidente da entidade, destacou a coragem do setor em meio a crise. Mesmo num momento delicado o evento trouxe cerca de 160 participantes e 22 expositores para a cidade de Gramado. “Só quem carregou caixas de livros sabe da responsabilidade de quem vende livros”, disse Leandro. O presidente ainda destacou que o sucesso da feira resume-se a uma palavra: “doação”. Clique no Leia Mais e veja como foi o primeiro dia do evento.

Com duração de duas semanas, o International Publishing Summer School 2016 acontecerá de 4 a 15 de julho na Oxford Brookes University, na Inglaterra. O curso reúne editores de todo o mundo para desenvolver novas habilidades profissionais e discutir importantes questões da indústria do livro. As aulas serão ministradas por professores da Oxford International Centre for Publishing Studies, líder no ensino de editoração, além de personalidades da indústria do livro. O curso é voltado para o profissional que deseja conhecer as novidades e tendências do mercado editorial. Associados da CBL têm 15% de desconto. Para mais informações, clique aqui.

A Casa do Saber Rio O Globo (Av. Epitácio Pessoa, 1.164, Lagoa, Rio de Janeiro/RJ) realiza no dia 27 de abril o curso De Gutenberg ao e-book - Uma discussão contemporânea sobre a produção editorial. Desde que a imprensa de Gutenberg revolucionou a história da cultura ocidental no século XV a maneira como os livros são produzidos, reproduzidos e consumidos passou por diversas transformações até chegar aos formatos digitais. Durante o encontro, o colunista do PublishNews, Gustavo Martins, advogado com atuação nas áreas do direito autoral e do entretenimento, vai mostrar como as leis vêm acompanhando tais mudanças e quais os papéis, os direitos – e também as obrigações – de autores, editores e leitores nesse contexto. A atividade inicia às 20h e tem investimento de R$ 100. As inscrições podem ser feitas através do telefone (21) 2227-2237.

Todos os anos, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), a pedido da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), realiza a pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial. Para o estudo, o instituto de pesquisa aplica um questionário a editores brasileiros nos quais eles apresentam números e dados sobre a performance do setor editorial e de seus subsetores num determinado ano. Editores têm até o dia 11 de março para responderem ao questionário que pode ser respondido online acessando a página da pesquisa no site da Fipe. Na página, além do questionário, há explicações sobre a pesquisa, uma seção de perguntas e respostas e os resultados públicos de edições passadas. Todos os associados da CBL e do SNEL terão acesso ao relatório da pesquisa FIPE. Em caso de dúvidas, escreva para cbl-snel@fipe.org.br ou entre em contato pelo telefone (11) 3091-5823.

Seguem abertas até o dia 13 de março as inscrições para o 8º Prêmio VivaLeitura, direcionado para escolas, bibliotecas, entidades e pessoas físicas que desenvolvam projetos de formação de leitores em todo o Brasil. A ação busca reconhecer as melhores experiências de promoção da leitura no país. Este ano, a novidade é o interesse por projetos que tenham crianças e jovens como protagonistas. Além da possibilidade de fazer a inscrição individualmente, com autorização dos responsáveis, eles também podem aparecer no público-alvo das iniciativas. Cada iniciativa vencedora receberá R$ 25 mil. As inscrições devem ser feitas na página do Prêmio VivaLeitura de 2016 na internet.

A organização da 24ª Bienal do Livro de São Paulo, que acontece entre os dias 26 de agosto e 4 de setembro, está cadastrando os interessados em obterem informações sobre o início da venda de ingressos para o evento. O evento, que tem como tema "Diversão, cultura e interatividade. Tudo junto e misturado", acontece no Anhembi. Para receber informações faça o seu cadastro aqui.

O Espaço Geek & Quadrinhos é uma das atrações mais esperadas da 5ª Bienal do Livro de Minas, que acontece no Expominas (Avenida Amazonas, 6.030, Gameleira, Belo Horizonte/MG). O espaço, que chega nesta edição, inova ao incorporar o universo dos livros de ficção científica, jogos de tabuleiro, RPG, mangás, fantasias e sagas, entre outros. Afonso Andrade e Eduardo Damasceno serão os curadores da atração e prometem trazer uma programação dinâmica para os 10 dias da Bienal. A programação do espaço contará com sessões de encontros e bate-papos com criadores, cartunistas, autores e gamers, oficinas e lançamento de livros, além da presença de personagens e super-heróis. Realizada pela Fagga GL events Exhibitions em parceria com a Câmara Mineira do Livro (CML), a 5ª edição da Bienal do Livro de Minas acontece de 15 a 24 de abril, com uma vasta programação cultural.

Misto de reportagem, crônica, biografia e crítica literária, Viagem ao redor da garrafa (Anfiteatro / Rocco; 320 pp.; R$ 44,50; e-book: R$ 29 – Trad. Hugo Langone) destrincha a relação – física, química, psicológica e social – entre a humanidade e o álcool por meio das conturbadas trajetórias de gênios das letras norte-americanas: F. Scott Fitzgerald, Ernest Hemingway, Tennessee Williams, John Berryman, John Cheever e Raymond Carver. A britânica Olivia Laing se lança em uma jornada pelos Estados Unidos e por suas próprias memórias familiares para buscar uma conexão entre alcoolismo, comportamento autodestrutivo e criatividade. Ao detalhar a maneira pela qual o álcool age no cérebro, o livro traça um “mapa topográfico do vício” e delineia desde os prazeres da embriaguez até as duras realidades do processo de reabilitação. O título une-se aos recém-lançados A comuna de Paris e Cubiculados no Anfiteatro, o selo de debates e ideias da Rocco.

Em Trindade (Record; 420 pp; R$ 45 – Trad. Beatriz Medina), segundo volume da série Guerra das Rosas, uma guerra civil é travada entre nobres poderosos da Inglaterra que clamam por justiça e paz para o país. Agora, Ricardo Plantageneta, duque de York, está no poder e, como protetor e defensor do reino, ele é capaz de aumentar sua influência na Inglaterra. Diante da ameaça ao trono, Margarida de Anjou, a rainha da Inglaterra, precisa assumir o legado no lugar de seu marido, que está doente. Porém, quando as dinastias mais poderosas da Inglaterra estão em confronto, a vitória pode ser uma incerteza. O livro assinado pelo inglês Conn Iggulden aborda um mundo épico, onde a história e a ficção estão interligadas.

Siem Sigerius é o adorado reitor de uma universidade holandesa, conhecido como intelectual carismático, professor genial, marido amoroso e pai dedicado. Por trás desta impecável imagem pública, no entanto, ele esconde não só um passado duvidoso, como uma personalidade instável. Ávido consumidor de pornografia on-line, Siem subitamente se dá conta de que sua porn star preferida é muito parecida com Joni, sua enteada. Assim começa uma série de incidentes e revelações que aos poucos corroem seu cotidiano. Vencedor de quatro prêmios literários na Holanda, Bonita Avenue (Alfaguara, 534 pp; R$ 64,90 – Trad. Cassio de Arantes Leite), escrito por Peter Buwalda, mostra como as menores mudanças do destino podem alterar a vida de cada um de nós.

Se em livro de estreia, Eu sou um gato (1905), Natsume Soseki satirizou a condição humana pelo olhar de um bichano sagaz. Agora, em Botchan (Estação Liberdade; 184 pp; R$ 38 – Trad. Jefferson José Teixeira), o autor japonês reafirma o estilo com outra trama sobre diferenças: o choque cultural que opõe a cidade grande e o interior. Na história, o personagem que dá título ao romance é um jovem professor de matemática de Tóquio que, aos 23 anos, aceita partir para uma localidade inóspita nos rincões do Japão, na ilha de Shikoku, a fim de lecionar para aquela que será sua primeira turma de alunos ginasiais. Habilidade social não é o forte do protagonista. Até aceitar o emprego, Botchan tinha passado os últimos três anos vivendo recluso em um cubículo “de quatro tatames e meio”. Seus modos são ríspidos, sua paciência com os outros é limitada, sua impetuosidade vive lhe causando problemas, sua fome é insaciável. No olhar ferino de Natsume Soseki quem se torna alvo da chacota e da maldade dos colegas não é o estudante desengonçado, mas o professor cujo sotaque cosmopolita agride os ouvidos dos alunos da província.

O jornalista Roger Lombardi está lançando sua estreia na literatura, o romance O serviço (Patuá; 120 pp., R$ 38). A obra retrata a história de Dario Noronha, que em uma casa distante da civilização, chega para realizar um serviço, mas acaba se perdendo em meio a situações surreais e personagens bizarros que o impedem de encontrar a saída. “Cada segundo dentro da casa indica mais dificuldades em sair. Uma viagem sem volta ao âmago das noções de identidade, medo e libertação”, relata Lombardi. O romance está em pré-venda pela Patuá através do site da editora.