Pela terceira vez, a Bienal do Livro Rio (1º a 10/09) teve em seus corredores o Boulevard Literário, espaço idealizado pela Catavento Distribuidora e pensado para dar mais visibilidade para os selos e editoras de todos os portes. Mesmo com projeções cautelosas por conta das especificidades da Bienal de 2021, o espaço teve recorde de vendas com crescimento de 13% e seu melhor resultado nos três anos de Bienal.

Este ano, o estante de 430 m² contou com 15 módulos e 19 editoras: Astral, Buzz, NewPop, Almedina, Panini, Ases da Literatura, Catapulta, Clube de Literatura Clássica, Coletivo 1 (Fósforo, Cobogó, Bazar Ubu), Coletivo 2 (Elevação e Bella Letra) e Coletivo 3 (Boitempo, Contracorrente, Hedra e Perspectiva). O Boulevard contou também com quatro espaços divididos em HQ/Geek, Infantil, Juvenil e Mais vendidos, que continham obras diversas de outras editoras.

Novidade desta edição, os módulos coletivos se tornaram uma alternativa e editoras maiores – como Boitempo e Perspectiva, por exemplo – puderam dividir o espaço com editoras menores.

Estreando na Bienal, a Fósforo também apostou no Boulevard Literário para levar seus livros aos leitores. E a Buzz repetiu a experiência de participar do espaço. Para a editora, estar no Boulevard Literário tem o objetivo de experiências imersivas capazes de estimular o hábito da leitura. "Ter um espaço voltado para esse contato direto com os leitores é a chance que temos de recebermos feedback das nossas obras e dos nossos fãs sobre nossas obras e a forma que temos nos conectado com eles", disse Anderson Cavalcante, escritor e fundador da editora.

Sobre os resultados, Claudia Machado, gerente de marketing da Catavento, contou que a projeção feita foi cautelosa, levando em conta a edição atípica da Bienal em 2021. “As grandes editoras não tinham estande próprio na Bienal, então a nossa leitura era de que nesse ano poderíamos apresentar estagnação ou até retração de faturamento, já que as editoras fazem descontos muito maiores nos seus estandes próprios e poderiam desviar parte do público que comprou no Boulevard em 2021”. No entanto, os números foram positivos mesmo assim.

“Participar da Bienal foi tão enriquecedor para os leitores quanto para nós, enquanto editora. Lá, nosso contato mais direto com eles nos permitiu perceber, de forma ainda mais clara, os temas latentes que estão buscando nos livros. Em resultado disso, já abrimos, por exemplo, uma nova seleção de autores de infantis que escrevam sobre assuntos como TDAH, Autismo e Transtornos mentais. Foi um grande aprendizado para nós, além de uma baita injeção de ânimo. Para os nossos autores, uma realização sem medida. Ver todo aquele movimento em torno dos livros em épocas em que as pessoas estão tão voltadas para o digital nos fez voltar animados para continuar oferecendo conteúdo relevante para o nosso público”, disse Lycia Barros, da Ases da Literatura.

Mais vendidos

No ranking das editoras no Boulevard, Panini, NewPop e Astral Cultural, Literatura Clássica Editora, Galera e Catapulta figuram no top5.

Já o livro mais vendido do Boulevard foi E foi assim que tudo mudou (Astral Cultural), de Thais Bergmann. “O livro já estava vendendo bem, mas a Thais chegou no estande e ficou por lá conversando com as pessoas e mostrando o livro dela. Isso fez toda a diferença”, contou Claudia Machado. “Um livro que não é tão conhecido, que não tem a força de uma Colleen Hoover, por exemplo, vendeu mais que os principais da Colleen”, acrescentou, destacando a importância do contato direto dos autores com os leitores e lembrando ainda que duas autoras da Novo Século também passaram para o espaço e alavancaram suas vendas.

1. E foi assim que tudo mudou (Astral), de Thais Bergmann
2. Melhores histórias turma da Mônica (Panini)
3. Biblioteca da meia-noite (Bertrand), de Matt Haig
4. É assim que acaba (Galera), de Colleen Hoover
5. É assim que começa (Galera), de Colleen Hoover
6. Da Silva: A grande fake news da esquerda (Edições 70), de Pavinatto
7. Luluca no mundo da moda (Astral), de Luluca
8. Garoto no alto da torre (Astral), de Vinicius Fernandes
9. Jujutsu Kaisen (Panini)
10. Demon Slayer 20 (Panini)

“Olhando o panorama geral, a Bienal se consolida, na sua maioria, com um público infantojuvenil e jovem adulto – que é o que mais vende – e também muito quadrinho”, destaca Claudia. Ela destaca ainda que analisando o relatório completo, é possível ver a força das editoras clássicas e de humanas. “Acho que interessante quando a gente olha não só para o ranking dos mais vendidos, mas olha com mais profundidade para o fundo de catálogo. É possível perceber que a diversidade vende tanto quanto os mais vendidos. Acho que isso foi uma coisa interessante para esse Boulevard, especificamente”.

Machado destaca ainda a diversidade das obras presentes no Boulevard e a diversidade do público que passou pelo espaço. “Tivemos chamarizes como Colleen Hoover e Panini, que chamam atenção, mas tivemos uma possibilidade de mundos a serem explorados como a Boitempo e Fósforo, por exemplo. A gente viu muito a família e as escolas entrando no Boulevard e as crianças indo para Galera e Panini e os pais e professores indo para as outras editoras, aumentando o ticket-médio".

Ainda segundo Claudia, a maioria das editoras que dividiram módulos se pagaram e em termos de faturamento o resultado foi "bem positivo".

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