A palavra vender, para os escritores, é comumente evitada, porque vender livros é, naturalmente, uma ação comercial, e o termo comercial tira a literatura da esfera do sagrado, da ideia do escritor distante, um ser iluminado e numa torre de marfim. Mas não é isso que de fato precisamos?
Explico. Em Profanações, Giorgio Agamben fala que profanar significa tirar da espera do sagrado e trazer para o cotidiano, o uso comum. E isso não é maravilhoso? Por muito tempo, a escrita e a leitura foram consideradas elitistas, para poucas pessoas. Mas profanar, ou seja, naturalizar esses processos só contribui para a acessibilidade do livro e da formação leitora.
Eu, como escritora, também já evitei a palavra vender. Como eu poderia concordar em profanar algo sagrado como os (meus) livros? Algo que tanto valorizo? Mas foi Agamben que me abriu os olhos para entender que profanar é tornar acessível. E passei a perceber que vender livros não precisa ser visto com maus olhos. É uma ação fundamental, não só para mim como escritora, mas para toda a cadeia do livro: revisores, preparadores de texto, diagramadores, ilustradores, capistas, editoras, livrarias, livreiros.
Nao se trata apenas de números. Mas saber que por trás dos números existem pessoas lendo é incrível. Itamar Vieira Jr. vendeu mais de 400 mil exemplares do seu livro Torto Arado. Carla Madeira alcançou a marca de 100 mil livros vendidos. Por que então não deveria me orgulhar de esgotar a primeira edição em menos de 2 meses do meu romance A filha primitiva, vencedor do Prêmio Kindle de Literatura 2021, e do Prêmio Jacarandá 2022, na categoria Autora Revelação?
Embora eu comumente escute ou veja críticos revirando os olhos para autores bestsellers, vender livros não diminui a qualidade literária de um texto. Sei que nem todo livro que vende e tem sucesso de público necessariamente teve um trabalho cuidadoso com o texto. Mas fazer disso a regra é alimentar essa mentalidade que tem aversão à venda de livros e consolidar um elitismo que não leva a lugar nenhum.
Desejo (e trabalho fortemente para isto) que meu livro venda muito. Isso significa que pessoas estão lendo e, como Todorov dizia: a literatura é uma das artes que mais possibilita que o ser humano possa se colocar no lugar do outro. Como escrevi na coluna anterior, para mim, o escritor é também um agente de cultura, e se isso inclui vender e divulgar o meu livro dentro e fora das redes sociais, é exatamente isso que vou fazer.
Vanessa Passos é escritora, roteirista, professora de escrita criativa, doutora em Literatura (UFC) e pós-doutora em Escrita Criativa (PUCRS), sob orientação de Luiz Antonio de Assis Brasil. É idealizadora do Programa 321escreva, do Método Mais Vendidos e do Encontro Nacional de Escritoras. Lidera uma comunidade de escritoras que tem voz em mais de 9 países, orientando centenas de escritoras a escrever, publicar e divulgar seus livros. Autora do volume de contos A mulher mais amada do mundo (2020). Seu romance de estreia A filha primitiva foi vencedor do Prêmio Kindle de Literatura (2021), do Prêmio Jacarandá (2022), do Prêmio Mozart Pereira Soares de Literatura (2023) e vai ser adaptado para o cinema pela Modo Operante Produções, agora publicado pela José Olympio. É colunista do Jornal O POVO e do PublishNews. Nas redes sociais, a escritora pode ser encontrada no perfil: @vanessapassos.voz.
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