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O celular é o canivete suíço digital
PublishNews, André Palme, 07/05/2024
Em novo artigo, Palme fala sobre como os celulares são muito mais do que a nossa porta de entrada para o mundo digital, mas também um grande aliado na disseminação da leitura

Eu sou de uma geração (que coisa mais de tiozinho falar isso rs) em que um dos sonhos de infância era ter um canivete suíço. Por que? Porque como ele era possível fazer – quase – tudo. Se você fosse o MacGyver era possível desarmar uma bomba, construir um prédio e salvar uma senhora indefesa com ele, tudo ao mesmo tempo. No meu caso era mais para parafusar coisas da minha bicicleta e ter a certeza de sobreviver na selva, mesmo a floresta mais próxima sendo o gramado da casa da minha avó.

Canivete suíço Victorinox | © Amazon
Canivete suíço Victorinox | © Amazon
Mas é fato que o canivete suíço tinha essa aura de multi-função, de algo que representava em um mesmo objeto, um mundo de possibilidades. E aí fiquei pensando que o celular é o nosso canivete suíço do século XXI. Um objeto, um mundo de possibilidades.

Se o celular é isso mesmo – e você vai dizer: é claro que é – será que isso já se reflete em como vemos o celular nessa multi-função de plataforma de consumo de conteúdo? Porque o mundo digital chega pra nós de várias maneiras: o celular, o tablet, o notebook, os smartwatches, os devices de uso específico (como os e-readers por exemplo), mas convenhamos, é no celular que a maior parte da nossa vida de consumo digital acontece hoje.

E principalmente por duas razões óbvias, mas poderosas: acessibilidade e conveniência. É o device que tá sempre na mão, que tá sempre no bolso, que tá sempre perto… até com aquele papo (um pouco perigosamente exagerado) de "meu celular é uma extensão do meu corpo". Mas o celular é sem dúvida nenhuma a porta para o mundo digital que está sempre na nossa mão… e vou pedir licença pra gente não falar sobre a discussão do tempo de tela aqui, cada um sabe e procura – ou deveria procurar – uma relação saudável com isso.

Mas trazendo o celular pro mundo do livro, em um estudo publicado em dezembro de 2023, feito pela Câmara Brasileira do Livro e a Nielsen BookData, o celular aparece como a plataforma preferida dos leitores, independente da classe social: 50% dos livros digitais no Brasil são lidos pelo celular. O PublishNews fez uma matéria sobre o assunto em março deste ano.

E a razão na minha opinião é simples, são as duas palavrinhas que coloquei ali em cima: acessibilidade e conveniência. Pode ser que o celular não seja o aparelho projetado para a melhor leitura possível de livros? Pode e certamente não é, ele não foi criado especificamente para isso. Mas, é ele que está na mão de (quase) todo mundo. Não existe hoje, no ambiente digital um suporte de leitura mais democrático do que o celular, ponto final.

Você pode preferir um notebook porque a tela é gigante, um tablet porque usa também para assistir filmes no avião, um e-reader porque a tecnologia e-ink emite a luz de fora pra dentro e por isso não fadiga a visão para longas leituras e traz a mesma sensação de ler uma página de papel… mas quando você estiver em qualquer lugar durante o dia, qualquer um, a chance de estar com o seu celular na mão e poder ler mais um capítulo do seu livro do momento é infinitamente maior do que estar com qualquer um destes outros devices.

O celular tem que ser o nosso grande aliado na disseminação da leitura. É ele que chega em qualquer lugar, o tempo todo, mais do que qualquer outro suporte, gostando você ou não.

Não é sobre ignorar outros devices ou outros formatos, é sobre usar um aliado poderoso, que já está na mão da maioria das pessoas, para colocar ali um livro e usar o clichê dos clichês de qualquer plataforma de leitura digital "a qualquer hora, em qualquer lugar"... e estou aqui pra dizer que o clichê não é ruim, justamente por ser clichê tem chances gigantes – e nesse caso absolutamente verdadeiras – de que é isso mesmo!

Tudo isso pra dizer que o celular muitas vezes não é tão considerado na leitura como instrumento potencial de acesso, distribuição e consumo de livros, porque durante a última década se falou muito do tablet em alguns momentos (e seu voo da galinha), dos e-readers (já que foram criados especificamente para isso) e dos computadores (já que são o irmão mais velho que chegou primeiro e dominaram nosso imaginário por muitos anos), mas pouco se falou especificamente do celular como potencialmente o mais importante e maior instrumento de acesso à leitura dos tempos atuais.

E estou falando aqui da leitura, porque tudo relacionado a ouvir uma história ou assistir uma outra, já é parte do dia a dia de todo mundo que tem um celular.

Porque você até pode sair com um cinto de utilidades que tenha todos os seus devices pendurados na cintura, mas você nunca vai esquecer do seu canivete suíço, seu celular sempre vai estar com você.

Que a gente aproveite essa oportunidade sem paralelos da tecnologia para levar mais livros e mais conteúdos para ainda mais gente, sempre com o mantra clichê de "a qualquer hora, em qualquer lugar".

Palme é um executivo da cultura e do entretenimento com +10 anos de experiência na liderança de projetos que envolvem conteúdos multi formatos, tecnologia e streaming; além de empreendedor, professor, mentor e colunista. Nos últimos anos liderou projetos que somam mais de 10 mil horas de conteúdo em áudio, entre audiobooks, podcasts e audioseries.

Atualmente é CMCO (Chief Marketing & Content Officer) no Skeelo e atua também como empreendedor, consultor, professor e podcaster, além de colunista e palestrante.

** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews

Tags: Digital
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