Em 1967, dois editores brasileiros – Ênio Matheus Guazzelli, da Editora e Livraria Pioneira, de São Paulo, e Reynaldo Bluhm, da Ao Livro Técnico, do Rio de Janeiro – perceberam que tinham uma oportunidade nas mãos: criar uma distribuidora de livros. Nessa altura da história do livro no Brasil, poucos se aventuravam a empreender uma iniciativa como essa. Foi aí o início da história da Disal que, em 2017, completa 50 anos. “Ênio e Reinaldo entraram com livros e Carlos Cohn, da livraria Palácio do Livro, que ficava na Praça da República, entrou com prateleiras, algumas máquinas Remington e calculadoras Olivetti, uma kombi velha e três funcionários que trabalharam conosco até quase o fim de suas vidas”, lembra Francisco Canato, hoje diretor da empresa.
Oito anos mais tarde, em 1975, a distribuidora vivia o seu primeiro turning point. “A Disal já distribuía livros de algumas editoras e percebemos que havia uma necessidade de trazer livros de idiomas, principalmente em inglês, para atender escolas”, recorda Francisco, que foi conduzido ao cargo de diretor comercial da empresa justamente nesse ano. A decisão refletiu na história da Disal, que hoje é um dos principais importadores e distribuidores de livros e materiais didáticos para o ensino de idiomas no Brasil. Conta com mais de 300 editoras e 300 mil títulos comercializados.
Francisco se orgulha em dizer que, nos 50 anos de história da Disal, a companhia teve prejuízo uma única vez, em meados da década de 1980. “Foi um prejuízo pequeno. Nesses anos todos, nunca tivemos dívidas em banco, nunca descontamos um título sequer”, disse. Mas, o diretor – que enfrentou os anos duros da ditadura militar e viveu todos os planos econômicos pós-redemocratização – observa que esses tempos atuais não estão sendo fáceis. “Com toda honestidade, não vi uma crise como essa que estamos vivendo agora. Não é só a crise na economia. É uma crise de valores”, observa.
“Mas a Disal não para. Nos últimos três anos, apesar desse momento de crise, investimos e estamos prontos para quando a economia voltar a crescer. Melhoramos nossos processos, conseguimos enxugar a nossa estrutura e estamos abrindo novas filiais [de livrarias próprias] o que nos possibilita conquistar novos mercados”, observou. Em janeiro, Francisco adiantou ao PublishNews que abrirá duas novas unidades: em Campinas, no interior paulista, e em São Caetano, na Grande São Paulo.
Além disso, o distribuidor defende que algumas práticas precisam mudar. “A consignação, por exemplo, se tornou uma prática corrente. O que poucos percebem é que quando o livreiro compra, ele vai ter um esforço maior para vender. O esforço de uma mercadoria em consignação é diferente. O setor vai ter que se redescobrir e livreiros e editores precisam ser mais parceiros”, decretou.
Veja algumas fotos históricas da Disal