Nielsen Bookscan aponta queda de 20.86% do faturamento em março
PublishNews, Carlo Carrenho & Leonardo Neto, 14/04/2014
Em março, foram vendidos apenas 2,92 milhões de exemplares no Brasil

A Nielsen Bookscan acaba de divulgar os números de vendas do varejo de livros referentes a março, fechando assim o primeiro trimestre de 2014. E os resultados apresentados, particularmente em março, não são nada animadores. As vendas agregadas dos varejistas de livros que fazem parte do Bookscan – cerca de 50 a 60% do volume de faturamento de livrarias físicas e virtuais – vem caindo em volume de unidades desde dezembro de 2013.

No último mês do ano passado, o Bookscan apontou a venda de 3,96 milhões de exemplares de livros. Em janeiro deste ano, o número caiu para 3,87 milhões. Em fevereiro, chegou a 3,37 milhões e março a apenas 2,92 milhões. A queda do volume de vendas em março em relação ao mês anterior foi de 13,40%, e em relação a janeiro a queda acumulada é de 24,65%. É natural que se venda menos livros em janeiro que em dezembro, quando ocorrem as compras de Natal. Também não é estranho que fevereiro seja um mês fraco. Mas uma venda tão inferior em março causa uma certa surpresa.

Em termos de faturamento, a situação é um pouco melhor, particularmente em janeiro, mês que teve um faturamento melhor que dezembro de 2013. Em janeiro, os varejistas pesquisados pela Nielsen faturaram R$ 167,52 milhões, um valor 20,94% superior ao faturamento de dezembro de 2013, que chegou a R$ 138,51 milhões. E como é possível que o volume de exemplares vendidos possa cair em janeiro, mas o faturamento crescer tanto? Simples: com o crescimento da venda de livros didáticos e dos chamados “Científicos, Técnicos e Profissionais” (CTP) que são adotados em universidades. O preço mais alto destas duas categorias de livros elevou o preço médio de R$ 34,97 em dezembro de 2013 para R$ 43,27 em janeiro de 2014, um aumento de 23,73%. E se no último mês do ano passado, os livros didáticos (incluindo infanto-juvenis) e de CTP responderam por 32,6% das vendas, no primeiro mês deste ano, as duas categorias chegaram a 45,1%. Ou seja, o início da volta às aulas fez diferença.

Mas a alegria acabou em janeiro. Afinal, o faturamento apurado em fevereiro foi 12,8% inferior que em janeiro, alcançando R$ 146,07 milhões. E a queda avançou em março, quando o faturamento não passou de R$ 115,6 milhões, representando uma queda de 20,86% em relação ao faturamento do mês anterior. Mais uma vez, as vendas em março parecem bastante baixas e só a presença excepcional do Carnaval neste mês não parecem ser capaz de explicar tal queda.

Para Marcos Teles, da mineira Leitura, o que aconteceu foi uma desaceleração geral e não só no livro. “Entendi que não houve uma desaceleração só no livro e sim em todas as áreas. Para nós aqui da Leitura, a queda foi ainda maior nas áreas de games, CDs e DVDs”, observa o livreiro. No critério mesmas lojas, excluindo da comparação as novas lojas da rede, a Leitura cresceu 7,5% em janeiro, nada em fevereiro e decresceu 3% e março, reforçando os dados da Nielsen. Ainda de acordo com Marcos, uma das possíveis explicações para o fenômeno é a antecipação do início das aulas por conta da Copa do Mundo. “Muitas escolas anteciparam o início das aulas para janeiro, puxando para cima a compra de didático em janeiro, que foi um mês bom, e enfraquecendo em fevereiro, período forte para esse tipo de vendas”, conta. Apesar disso, a Leitura manterá o seu plano de expansão e deverá abrir, ainda em 2014 outras nove lojas. Levando em conta as novas lojas, Teles conta que a rede teve crescimento de 17% em janeiro, 10% em fevereiro e 7% em março.

Outra que sentiu o abalo no mercado foi Íris Borges, da distribuidora Arco Íris, de Brasília. Para ela, as pessoas estão lendo menos e isso reflete no mercado. “Essa coisa de a gente estar sempre conectado rouba muito do tempo da leitura. Você vê isso em salas de esperas de consultório, por exemplo. As pessoas não leem mais, estão sempre conectadas ao celular”, aponta a livreira. “Há uma areia movediça na cadeia do livro, mas acredito que essa queda não é vertiginosa e nem aponta para o fim do livro”, pondera.

Infelizmente, ainda não são possíveis comparações com o ano passado, pois a Nielsen só iniciou o Bookscan no Brasil em julho de 2013.

(Mais informações sobre o Bookscan podem ser obtidas pelo telefone (11) 4613 7408 ou pelo e-mail bookscan_brasil@nielsen.com.)

[14/04/2014 00:00:00]
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