Livros de temática LGBT para crianças e adolescentes
PublishNews, Leonardo Neto, 20/02/2014
Brasil acompanha crescimento do gênero

Não é porque Bolsonaros, Felicianos e Copés (saiba quem é relendo matéria publicada ontem pelo PublishNews) existem que autores e editores não toquem em assuntos delicados como a sexualidade na infância e na adolescência. Fora do Brasil, exemplos não faltam. Além de Tous à poil!, de Mark Daniau e Claire Franek, o que escandalizou o francês Copé, livros que tratam de relacionamentos de casais homoafetivos, por exemplo, pipocam ali e acolá. O tema é – como deve ser – tratado como uma parte natural e normal dentro da ficção para esse público. E esse movimento vem crescendo.

Por aqui, a SM lançou, no ano passado o Chega de rosa! (SM, 36 pp., R$ 36) de Nathalie Hense. Voltado para crianças acima dos oito anos, o livro discute os estereótipos de gênero, sem levantar bandeiras e nem conceder ao didatismo. Outra editora que já tem títulos nesse sentido é a Escrita Fina que lançou, também em 2013, Emílio ou Quando se nasce com um vulcão ao lado (Escrita Fina, 110 pp., R$ 29,90), de Hugo Carvalho e prepara mais dois títulos: Três mocinhas elegantes: cobra, jacaré elefante, de Cristina Villaça e Um conto quadrado e redondo, de Laura Bergallo.

Ainda no primeiro semestre, a Terceiro Nome coloca na rua o delicado Dançando com o inimigo (título provisório), do brasileiro radicado na Argentina Vinicius Campos. No livro, Vinicius, que também é apresentador do Disney Channel, conta a relação inesperada entre dois meninos de universos completamente diferentes e se encontram no mundo da tolerância. Para o escritor, essa temática não é nova, mas, infelizmente continua atual. “Estamos em 2014, o mundo já deveria ter superado esse tipo de questão, mas os acontecimentos mostram que ainda é preciso falar de respeito e de tolerância ao outro, que ainda é necessário mostrar com mil exemplos que a violência só gera violência”, argumenta.

Vinicius espera que pais e professores recebam seu livro com naturalidade e como uma chance para o debate a respeito da tolerância. “Espero que eles vejam no livro uma oportunidade de introduzir aos filhos e alunos a discussão sobre o respeito e a tolerância aos outros”, explica.

Para a diretora editorial da Terceiro Nome, Mary Lou Paris, não é questão de levantar essa ou aquela bandeira. “Optamos por lançar o livro do Vinícius pela qualidade do texto. A aproximação dos dois personagens é tratada com muita beleza e delicadeza. É daqueles livros que você termina de ler e pensa: ‘eu preciso publicar isso!’”, conta. Mary Lou aponta ainda que não se trata de uma tendência de livros que tangenciem temas relacionados ao mundo LGBT, mas o movimento é falar de inclusão e tolerância. “Essas sim são bandeiras da Terceiro Nome”, afirmou.

[20/02/2014 00:00:00]