Os números são de arregalar os olhos - pelos valores em si e porque se trata de conteúdo digital num país em que o mercado de publicações eletrônicas ainda é incipiente. Só em 2011, a Capes informa ter comprado R$ 133,2 milhões em conteúdo eletrônico – essencialmente periódicos científicos e e-books em versão integral – para alimentar o seu Portal de Periódicos, que, segundo o órgão, é uma das maiores bibliotecas virtuais do mundo.
A plataforma inclui conteúdo em diferentes idiomas e áreas de conhecimento. Criada em 2000, ela reunia 1.881 títulos no seu primeiro ano de operação. Atualmente, mais de uma década depois, concentra 31 mil títulos de periódicos e 150 mil e-books. O portal oferece ainda 130 bases referenciais com informações bibliográficas, dez bases de patentes, estatísticas, normas técnicas e um banco de teses e dissertações. Hoje, o acesso ao portal está disponível gratuitamente à comunidade acadêmica de 326 instituições. A Capes não faz aquisições de publicações impressas.
Em 2010, os investimentos da Capes na portal de periódicos foram de cerca de R$ 100 milhões. No mercado editorial brasileiro, onde muito se olha para as relevantes aquisições por parte do governo, vale ressaltar que o valor referente a 2010 equivale a quase 10% de tudo que o governo federal gastou em compras de livros nesse ano – ou R$ 1,145 bilhão, segundo dados da pesquisa Fipe/CBL sobre produção e vendar do setor editorial no país.
A pesquisa da Fipe de 2010 mostra como o investimento bilionário do governo é dividido entre os programas federais de compra de livros como o PNLD, PNBE e PNLD EJA. Constam ainda os gastos de “Outros órgãos de Governo” no total de R$ 164,9 milhões – não está claro se os investimentos da Capes estão incluídos nesse valor.
A Capes é a principal cliente da Wiley no Brasil e um dos motivos pelos quais a editora americana decidiu ter uma operação própria no país. O órgão é um importante cliente de outras empresas como a Elsevier, a maior editora do mundo de publicações CTP, que também está presente no país. Procurada pelo PublishNews, a Capes enviou dados por e-mail, mas não forneceu entrevista. Ela não informou quanto dos investimentos no portal é destinado à compra de e-books e quanto vai para a compra de periódicos.
