Filba mistura brasilidade e prêmios Nobel
PublishNews, Marcelo Barbão, especial para o PublishNews, 20/09/2011
O Brasil não conseguiu conquistas grandes plateias, mas o nível do debate foi bom

Terminou ontem a 3ª Festa Literária de Buenos Aires com a entrevista pública do ganhador do Prêmio Nobel J. M. Coetzee. Foram apenas 45 minutos que terminou com uma leitura e era o fim da festa. Apesar de ser o país convidado, o Brasil não conseguiu conquistar grandes plateias, a não ser em momentos chave como a discussão sobre Clarice Lispector, que pode ser considerada a única “best-seller” brasileira na Argentina. Com a participação da professora Vilma Aréas, do escritor brasileiro Luiz Ruffatto e da escritora argentina Florencia Abbate, mediada por Mario Cámara, o debate lotou o auditório do Malba com fãs de Clarice. Entre as notícias que foram divulgadas está a preparação de um filme norte-americano baseado na vida de Clarice com Meryl Streep fazendo papel principal. Incrível!

No debate anterior, às 16h, uma importante discussão sobre a língua portuguesa, envolvendo Ruffatto, Joca Reiners Terron e Adriana Lisboa. Uma coisa que ficou bastante evidente para mim, que convivo um pouco com as duas realidades literárias é que nós brasileiros somos menos afeitos a tradições e temos uma formação muito mais caótica em termos de leituras e teorias do que os argentinos. Aqui na Argentina, a maioria dos escritores sai da Faculdade de Letras e maneja a Teoria Literária, além de ler os clássicos argentinos e mundiais ainda durante os estudos universitários.

No Brasil, a maioria dos escritores não é formada em Letras e chega aos clássicos brasileiros e universais de uma forma muito menos sistematizada. Minha conclusão no final foi que nós brasileiros terminamos sendo mais iconoclastas. De nenhuma forma esta minha análise conclui que uma ou outra literatura é melhor ou que um método é mais correto que o outro. São somente conclusões a partir de vivências.

Entre as frases interessantes está a de “ilha monumental” que Joca usou para falar do Brasil e o problema do português que não é falado em nenhum outro país (nem mesmo em Portugal).

Apesar das plateias pequenas, ficou evidente que existe um interesse pelo menos entre as editoras na produção atual brasileira, com a publicação de quatro livros de Noll (inclusive alguns que estão fora de catálogo no Brasil), o segundo romance de Ruffatto e a publicação de diversos volumes de romances e contos de Lispector.

Que a Argentina seja um ponto de escapatória para nosso isolamento linguístico!
[20/09/2011 00:00:00]