Por uma leitura compartilhada
PublishNews, Maria Fernanda Rodrigues, 26/07/2011
Bob Stein, diretor do Institute for the Future of the Book, fez a primeira conferência do 2º Congresso Internacional do Livro Digital

“Gosto de visitar livrarias quando viajo e a Cultura [da Av. Paulista] é a melhor livraria que já vi no mundo. Não digo isso só pela seleção de títulos, mas pela energia de todas as pessoas na loja, olhando os livros. Mas isso não continuará sendo assim”, comentou Bob Stein na primeira conferência do 2º Congresso Internacional do Livro Digital. E começou a falar e a mostrar imagens da Borders de 10 anos atrás e de hoje, com todos os cartazes que confirmam o fechamento das lojas. Apoiado em uma apresentação em Powepoint em Comic Sans, o fundador do Institute for the Future of the Book acredita que pelo fato de a Amazon, Apple e Google ainda não terem chegado ao Brasil, e porque o país ainda está atrasado em relação aos outros que já vendem, e com sucesso, livros digitais, este seja um bom momento para o mercado editorial brasileiro. “Amazon, Apple e Google construíram um modelo de loja on-line baseado no modelo tradicional e isso não é o que vai funcionar. “O Brasil e alguns outros países têm a oportunidade de passar por cima dessas empresas e criar novos modelos e plataformas”.

Em sua palestra “A hora da geração digital”, Stein contou que editores aprenderam que o valor do conteúdo se encaminha para zero, que as pessoas vão pagar pelo contexto e pela comunidade e que a ideia não é apenas mudar a forma de trabalho, ou seja, só fazer o livro eletrônico, por exemplo, mas o que se deve, neste momento, é repensar todo o ecossistema.

Ele aproveitou para explicar como vai funcionar o SocialBooks, sua editora de livro digital (ou melhor, social) que está em formação. Segundo ele, a equipe não está reinventando a forma, mas criando uma plataforma de livro social, onde será possível comentar a obra que está lendo e ler comentários deixados pelos outros leitores. Assim, a experiência não ficará mais restrita apenas aos membros de um grupo de leitura. Durante a leitura, ele também poderá sair do livro e ir para a página da pessoa que deixou ali um comentário e convidá-la para participar do seu grupo.

Essa nova proposta de edição também diz respeito a ter acesso à opinião de experts e dos autores “dentro do livro”. Tudo cobrado, claro. Stein disse que as editoras terão mais visibilidade, já que será possível imprimir sua marca nas páginas. Ficará a cargo das próprias editoras o gerenciamento dos conteúdos e das comunidades de leitores e autores em torno de seus livros. Ele também quer socializar a venda de livros, otimizando compras por grupo (dentro ou fora da sala de aula).

Quanto à tecnologia e aparelhos de leitura, o diretor do Institute for the Future of the Book disse que o futuro está no browser, e não em apps.

[26/07/2011 00:00:00]