“Eu me importo em como a vida das pessoas é afetada. Esta é a história real da guerra”
PublishNews, Cássia Carrenho, 11/07/2011
Joe Sacco encanta plateia na Flip com sua tranquilidade

Joe Sacco subiu ao palco da Festa Literária Internacional de Paraty no começo da tarde de sábado para falar de seu trabalho como quadrinista e jornalista. Mas não foi só seu traço cheio de detalhes e realismo que surpreendeu a plateia, atenta também à sua visão humana das guerras, onde as pessoas são mais importantes do que os fins, e aos relatos delas.

Logo no princípio, mostrou alguns de seus trabalhos, explicando detalhes interessantes, como um desenho feito por ele baseado numa foto tirada há mais de 50 anos, e um recente do mesmo local onde ele visitou na Palestina. O campo de refugiados que existia ali há 50 anos hoje foi tomado por prédios. O que há em comum? “Um mesmo muro e as condições terríveis de vida para as pessoas ali”.

Para realizar seu trabalho Joe contou que vai até os lugares e conversa com as pessoas de lá para entender o passado e fazer uma ponte com o presente. Segundo o quadrinista, essa é uma das vantagens das histórias em quadrinhos. “Você pode apresentar ao leitor a passagem do tempo ao mesmo tempo. Uma fotografia, por exemplo, não conta toda a história de um lugar.”

Ele foi questionado se o humor que ele coloca nos seus quadrinhos não é uma contradição, já que os assuntos tratados são tão pesados. Ele disse que o humor negro está presente nesses locais até como uma forma de fugir da realidade cruel e da tensão diária.

Se HQ é coisa de adulto ou criança? “Acho que meu trabalho é mais adequado ao adulto. Mas de uma certa forma HQs despertam a criança que existe nos adulto", comentou.

Joe Sacco terminou falando sobre seu futuro: “Gostaria de fazer algo mais leve”. Mas emendou que tem muito interesse em estudar mais a questão da violência nas espécies. Parece que essa leveza não vem tão cedo.
[11/07/2011 00:00:00]