“Eu não gosto de escrever, gosto de ter escrito”. Com essa frase, Zuenir Ventura fez rir e conquistou o público presente na primeira mesa do Correntes D´Escritas 2010, que começou no dia 24 em Póvoa de Varzim, Portugal, e segue até o dia 27. O tema era uma frase enigmática de Agustina Bessa-Luis, homenageada no evento: “Escrevo para desiludir com mérito”. Zuenir emendou: “E eu, para iludir com demérito”.
O escritor se desculpou por uma eventual lentidão, fruto, segundo ele, do choque térmico provocado por sair do Rio de Janeiro sob temperatura de mais de 40 graus e chegar em Póvoa, onde faz 12 graus. Em seguida, contou como se tornou jornalista: “Eu era arquivista e relutava em ir à redação. Quando Albert Camus morreu, por acaso, e eu estava passando perto dos jornalistas na hora em que recebiam a notícia e me ofereci para escrever o obituário, pois era fã do escritor. Acontece que o negócio deu certo”.
Já tornar-se escritor é outra história: “Escrevi meu primeiro livro porque a minha mulher mandou. Ela manda em mim”.
Sobre o livro Inveja – Mal secreto, lançado em Portugal pela Planeta durante o Correntes D´Escritas, Zuenir disse: “As editoras no Brasil fazem algo muito inteligente. Pagam aos escritores um adiantamento – a primeira coisa que fazemos é gastar todo o dinheiro – e depois, temos o compromisso de entregar o livro”.
Zuenir foi muito aplaudido e autografou muitos exemplares no café da Casa da Juventude, ao lado do Auditório Municipal onde se desenrola o evento.
Valéria Martins, jornalista e agente literária, é convidada do Correntes D´Escritas 2010