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Primeiro Flipetrópolis conquista a cidade e recebe mais de 37 mil visitantes
PublishNews, Redação, 08/05/2024
Festival trouxe para o debate temas como luta antirracista, violência contra a mulher, liberdade de expressão, censura e democracia, sempre tendo o livro e a literatura como ponto de partida para as conversas

Flipetropolis: mesa com Carla Madeira, Eliana Alvez Cruz e Paulo Scott | © @alnereis
Flipetropolis: mesa com Carla Madeira, Eliana Alvez Cruz e Paulo Scott | © @alnereis

O 1º Festival Literário Internacional de Petrópolis (Flipetrópolis), realizado entre os dias 1º e 5 de maio no Palácio de Cristal, reuniu cerca de 37 mil pessoas. Os leitores foram ao encontro dos seus escritores favoritos e descobriram tantos outros e os próprios autores prestigiaram as mesas uns dos outros demonstrando laços de amizade e admiração mútua.

"O Flipetrópolis foi uma grande celebração da cultura, da diversidade e, sobretudo, da literatura. O Festival deixou uma marca importante em nossa cidade e em nossa cultura. Estamos comprometidos em fazer do Flipetrópolis um evento anual de destaque no calendário cultural da cidade, onde a pluralidade de vozes e a riqueza da literatura possam ecoar pelos próximos anos", disse o prefeito Rubens Bomtempo, em nota.

A primeira edição do Flipetrópolis teve o patrocínio do Grupo Águas do Brasil, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura, com apoio cultural do Itaú e da GE Aerospace e parceria da Prefeitura de Petrópolis. Todas as atividades realizadas dentro do Flipetrópolis foram gratuitas.

Ailton Krenak | © @bleia
Ailton Krenak | © @bleia
O Flipetrópolis nasce do encontro de gigantes da literatura mundial, na conversa histórica entre Conceição Evaristo e Scholastique Mukasonga; na entrevista de Ailton Krenak à jornalista Míriam Leitão; na reafirmação da escrita de mulheres das imortais Ana Maria Machado e Rosiska Darcy de Oliveira; na fala cheia de carisma dos ministros do Supremo Tribunal Federal Cármen Lúcia Antunes Rocha e Luís Roberto Barroso; nas reflexões dos autores mais vendidos em todo País, Itamar Vieira Junior e Carla Madeira; nas interações entre os romancistas Eliana Alves Cruz, Jeferson Tenório e Paulo Scott; no testemunho de vida de ícones como Leonardo Boff e Frei Beto e na escrevivência de Bianca Santana e Lívia Sant’Anna Vaz.

A memória leva à Justiça

A defesa da democracia, em tempos de avanço de discursos de ódio, facilitado pelas tecnologias da informação; a luta antirracista; o combate à violência contra a mulher e a liberdade de expressão foram temas transversais que guiaram as conversas em diversas mesas, bem como a liberdade e o poder da literatura e o combate a todo o tipo de censura.

A urgência da reforma agrária no Brasil, a valorização do trabalhador do campo e uma maior conexão entre o campo e as cidades foram pontos apresentados por Itamar Vieira Junior e o cientista político Sérgio Abranches em uma das mesas mais esperadas do Festival. A mesa também contou com a presença de Eliana Alves Cruz, uma das mais promissoras autoras de sua geração, que trouxe referências do abolicionista André Rebouças para pensar esse tema central para o Brasil: o acesso à terra.

O enfrentamento às estruturas racistas da sociedade brasileira, seja na justiça, seja na política, no cotidiano ou na história, foi pontuado por Ynaê Lopes dos Santos, Bianca Santana e Lívia Sant’Anna Vaz. A reparação de países africanos e de pessoas negras escravizadas foi defendida por Conceição Evaristo e Scholastique Mukasonga, que se abraçaram de forma fraternal como irmãs separadas pelo Atlântico.

Conceição Evaristo e Scholastique Mukasonga | © @bleia
Conceição Evaristo e Scholastique Mukasonga | © @bleia
Literatura é liberdade

As mesas, sem que tivesse sido estabelecido um tema prévio, possibilitaram conversas surpreendentes entre os autores que também se revezaram nas funções de palestrantes e debatedores. O formato se ampliou de modo que cada conversa se tornou uma surpresa.

Os encontros entregaram ao público momentos de reflexões de temas urgentes, como reparação da escravidão, reforma agrária edesconstrução do projeto de país gestado na ditadura militar; como também serviram de descontração, com casos divertidos contados pelos autores.

A variedade de temas e encontros nada convencionais fizeram com que o público não arredasse o pé dos auditórios por um instante, embora as mesas tenham sido realizadas de hora em hora.

O formato definido pelos curadores – Afonso Borges, Sérgio Abranches, Tom Farias, Gustavo Grandinetti, Leandro Garcia e Leo Cunha – permitiu também o contato direto dos autores no momento dos autógrafos, mas não só. Entre uma palestra e outra, foram dezenas de fotos, selfies, abraços, num movimento que retira a literatura dos castelos. Aliás, o público se mostrou uma atração à parte e foi, de maneira muito justa, celebrada pelo jornalista Jamil Chade na mediação da mesa entre as homenageadas, Conceição Evaristo e Ana Maria Machado. Jamil lembrou que quem faz um festival literário são os leitores, pedindo uma salva de palmas para o público que lotava o auditório.

Toda essa programação foi transmitida ao vivo pelo YouTube do Flipetrópolis e agora, está disponível para os interessados em assistir ou rever cada encontro.

[08/05/2024 08:00:00]
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