Livros vencedores do Prêmio Sesc de Literatura são lançados pela editora Record na Flip
PublishNews, Redação, 08/11/2023
'O ninho', de Bethânia Pires Amaro, e 'Outono de carne estranha', de Airton Souza, serão lançados na Casa Sesc durante a Festa Literária Internacional de Paraty

O ninho, de Bethânia Pires Amaro, e Outono de carne estranha, de Airton Souza – livros vencedores do Prêmio Sesc de Literatura 2023 – serão lançados na Casa Sesc durante a Flip, entre 22 e 26 de novembro. Os dois autores também vão participar de bate-papos na Casa Record em Paraty.

Vencedor do Prêmio na categoria Conto, O ninho, estreia de Bethânia Pires Amaro, mergulha em um mosaico de imperfeições e doenças familiares para desvelar esse ninho estranho, disforme, inseguro, destruindo as idealizações que pairam sobre as relações familiares, sobretudo quando se trata de maternidade. Além disso, aprofundam nas complexidades das relações familiares, explorando os recantos mais frágeis e perturbadores que podem habitar um lar. A autora convida o leitor a acompanhar personagens femininas que enfrentam mazelas diversas e, através de suas histórias, lembrar de que a casa, esse estranho ninho, não é tão sacra assim, nem tão segura. Seus quinze contos acompanham personagens femininas que habitam e produzem lares repletos de complexidade. O livro tem orelha assinada por Sérgio Rodrigues.

A miséria socioeconômica e a fragilidade das conexões íntimas são exploradas pela autora. Esses lares dessacralizados passam por vícios, suicídios, maternidades disfuncionais, abusos e violências devastadoramente reais. E, no entanto, a sensibilidade narrativa de Bethânia Pires Amaro nos ampara com as belezas imperfeitas, que decorrem da tragédia cotidiana, e com a compaixão, que corteja o desespero de vivermos, sempre, uns com os outros.

Uma história de amor LGBTQIA+ para o garimpo

Romance vencedor do Prêmio Sesc de Literatura 2023, Outono de carne estranha convida o leitor para as lamas de Serra Pelada, combinando as memórias do garimpo com a ficção. Com escrita sensível e 'perfurante', o paraense Airton Souza conta a história de amor entre os garimpeiros Zuza e Manel, em um território de embrutecimento dos homens e da terra. Referência consolidada nos meios literários da região norte do país, é autor de várias publicações e ganhador de diversos prêmios. O garimpo de Serra Pelada foi o maior garimpo a céu aberto do mundo, explorado por milhares de homens na década de 1980. Nessa terra fragmentada pelas enxadas, marcada pela ganância e pela violência, o romance mescla fatos históricos e ficção para contar a história de Zuza e Manel, dois garimpeiros que se apaixonam, e Zacarias, um padre angustiado diante da própria batina. Os três protagonistas tentam, a todo custo, bamburrar: encontrar uma grande quantidade de ouro e, assim, ganhar a vida.

A escrita de Airton fala as línguas do norte e do garimpo para adentrar um pedaço da história brasileira que, até hoje, pouco foi abordado pela literatura. A terra úmida, os desabamentos e o cheiro do garimpo são cenário de uma história em que talvez já não existam fronteiras entre o sagrado e o profano, entre a morte e o erotismo – constantes dualismos enfrentados pelos personagens. Apesar de a obsessão pelo ouro e a truculência dos que comandam o garimpo criarem uma atmosfera violenta, assassina e solitária, a ternura narrativa abraça seus personagens para que, de algum modo, escapem à asfixia da repressão, permitindo que amem e sejam amados.

Outono de carne estranha é o terceiro livro vencedor seguido do prêmio Sesc de Literatura de autoria de um escritor nascido e residente do Pará. Antes de Airton Souza, foram premiados Pedro Augusto Baía, no ano passado, na categoria conto, por Corpos benzidos em metal pesado, e Fábio Horácio-Castro, em 2021, pelo romance O réptil melancólico.

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[08/11/2023 09:00:00]