Nome de proa entre os maiores artistas brasileiros, Gilberto Gil criou álbuns que se tornaram clássicos. Entre eles, se destacam os que formam aquela que ficou conhecida como a trilogia “Re”: Refazenda, Refavela e Realce, com um quarto capítulo no meio deles: Refestança, parceria com Rita Lee. “O antes e o depois do exílio e o feito do Refazenda – de ter sido o primeiro trabalho a de fato lhe dar autonomia – transformaram a vida de Gil”, detalha Chris.
Sobre essa sua fase, Gil conta: “[A trilogia ‘Re’] foi uma ideia que veio depois. Quando eu fiz o Refazenda, me dedicando aos aspectos da renovação, da reconstituição de um universo etc, aquilo tudo me inspirou nesse sentido de revisita a certos recantos do meu território. Quando eu tive que pensar num movimento seguinte ao Refazenda, aí então esse sentido de revolvimento do terreno me veio à mente. Daí a ideia de revisitar o mundo negro [em Refavela]. A viagem à Nigéria foi extraordinariamente inspiradora, convidativa nesse sentido... E, lá, mais adiante, também teve o Realce, com o Refestança no meio, meu disco com a Rita... Todo esse mundo ‘Re’ foi forjado ali no Refazenda”.
O jornalista e crítico musical Lauro Lisboa Garcia, organizador da coleção Discos da Música Brasileira, e que assina o prefácio, destaca a pesquisa feita pela experiente autora: “Chris Fuscaldo, que já mergulhou nas searas discobiográficas dos Mutantes e da Legião Urbana, amarrou agora seu arado aos torrões estelares do sítio de Gil, com reverência e relevância. Seu relato traz entrevistas com ele e ‘falas de outros tempos’ para recontar a história de um dos discos mais representativos da música brasileira dos anos 1970, com canções que vão se refazendo sem perder o viço, na memória e nas vozes de outros intérpretes, mesmo sem tocar no rádio”.