Publicidade
Animalidade na escrita
PublishNews, Redação, 16/05/2023
Nesta análise de obras clássicas e contemporâneas, nacionais e estrangeiras, Maria Esther Maciel retoma a relação entre literatura e animalidade

Na literatura ocidental, não foram poucos os escritores que atribuíram emoções e pensamentos aos animais. O registro mais antigo remonta à Odisseia de Homero, em que o cão Argos reconhece Ulisses após vinte anos e só então morre diante do herói. Alguns contemporâneos foram mais além: conferiram voz particular e espaço narrativo a seres não humanos. Um exemplo recente é Yoko Tawada, que buscou ocupar a interioridade de ursos-polares para depois “traduzi-la” em linguagem humana. No extenso intervalo entre esses dois autores, outros escritores ousaram dar protagonismo a animais a fim de abordar questões não humanas num mundo dominado por humanos, como Virginia Woolf e Franz Kafka. E, na literatura brasileira, temos Graciliano Ramos, com a cachorra Baleia, de Vidas secas, e Machado de Assis, cujo personagem canino Quincas Borba se confunde com o humano homônimo no romance de mesmo nome, além de Guimarães Rosa, Drummond e Clarice, com suas obras que trazem bois, cavalos, búfalos e baratas como personagens. Maria Esther Maciel, uma das maiores autoridades no tema, além de escritora que transita entre ficção e não ficção, retoma a relação entre literatura e animalidade em Animalidades (Instante, 176 pp, R$ 69,90). Nesta abrangente análise de obras clássicas e contemporâneas, nacionais e estrangeiras, ela amplia as reflexões sobre a questão dos animais e lançar luz sobre nossa interação com eles, sem deixar de enfatizar poéticas e políticas da natureza do século XXI.

[16/05/2023 07:00:00]
Matérias relacionadas
Ariana Harwicz investiga, nesta obra de não ficção, os padrões duplos e a natureza enganosa que por vezes circundam a criação artística na atualidade
Virginia Woolf conjuga reflexão filosófica e alta carga dramática ao tratar de um acontecimento tão singelo quanto a morte de um inseto
O objeto de estudo deste livro de Alice de Araújo Nascimento Pereira é o romance distópico de Margaret Atwood
Leia também
Nova publicação da Editora Nacional traz provocações do filósofo Luiz Felipe Pondé em relação a dilemas atuais como religião, progresso da espécie humana e crise de confiança
'A dívida impagável' implode o edifício da filosofia ocidental e oferece não apenas um instrumental teórico, mas também uma metodologia expositiva para examinar a modernidade e o capitalismo
Hadjadj convida o leitor a refletir sobre a divindade não como um tema central imposto, mas algo que transcende a linguagem