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Diário de Bolonha. Dia 3: Bologna senza Vergogna
PublishNews, Julio Silveira, 09/03/2023
Em seu último relato sobre sua primeira participação na Feira de Bolonha, Julio Silveira conta o que viu, o que não viu e o que aprendeu com o evento

Hoje tirei a manhã para organizar as ideias e para (tentar) zerar as pendências da editora lá longe no Brasil e aqui perto em Portugal. Achei que com mais dois dias de Feira do Livro de Bolonha pela frente não precisaria ter pressa…

Engano meu. Ao chegar, de tarde, senti a feira mais silenciosa e com mais espaço para circular. Aprendi que os dois primeiros dias são em allegro, o terceiro é andante e o ultimo é ponto facultativo. Algumas editoras já estavam mesmo a encaixotar os livros. Segui para os últimos dois agendamentos, onde encontrei agentes cansados mas felizes. Já as reuniões que tentei fazer, impromptu e in loco, já não consegui: as editores já lá não estavam.

Logo dei-me conta de que estava na xêpa da feira, e que se eu voltasse no dia seguinte, arriscava não encontrar quase ninguém (suspeita confirmada por alguns colegas mais experientes). Resolvi palmilhar os quatro pavilhões à caça das últimas descobertas e não encontrei nada sensacional. Corri para reencontrar aqueles livros lindos da minha primeira hora da feira, que, anotei mentalmente, voltaria para ver com calma. É claro que não achei, nem livro, nem agente. Tudo bem, se eu publicar tudo o que me empolgou na feira, terei livros para os próximos cinco anos.

Ao fim da tarde, quando muitos estandes já não tinham nem livros nem gente, resolvi dar a última volta como quem diz arrivederci a Bolonha. Acabei encontrando o único estande cheio. Abarrotado, por sinal. Era justamente o do Brasil, com gente do mundo todo festejando o (virtual) fim da feira com goles de “caipirigna”. Um belo encerramento, para mim, junto a alguns editores e agentes estrangeiros que lá conheci e, para minha surpresa, junto a muitos colegas brasileiros que só descobri por lá, o que só confirma a minha condição de recém-chegado a um segmento vibrante do mercado editorial — mercado o qual eu achava que conhecia tão bem.

Essa foi minha impressão geral de Bolonha: aprendi que preciso aprender. Por mais que eu estivesse habituado a feiras e eventos literários — Frankfurt, LER, Feira de Lisboa — há todo um outro lado do mercado que preciso desbravar, com toda a humildade. Andando pelos corredores bolonheses, escutava na rádio-cabeça Prince cantando “partying like it’s 1999” e pensava que no ano da canção esse velho guerreiro aqui estava descobrindo o que é ser editor, sem noção porém com empolgação. Vinte e cinco anos depois, começar a trabalhar um novo (para mim) segmento editorial, o dos livros infantojuvenis, pode ser como uma segunda adolescência profissional, na qual terei um pouco mais de noção, um pouco menos de energia, mas festejando como se fosse 1999.

A placa diz
A placa diz

Julio Silveira é editor, escritor e curador. Fundou a Casa da Palavra em 1996, dirigiu a Nova Fronteira/Agir e hoje dedica-se à Ímã Editorial, no Brasil, e à Motor Editorial, em Portugal. É atual curador do LER, Festival do Leitor.

** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.

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